Garimpeiros
intensificam invasão na Terra Yanomami
Líderes
yanomami denunciam a invasão de suas terras, a disseminação
de doenças e o incitamento dos índios contra as equipes
de saúde. A presença militar na região não
inibe a ação dos garimpeiros.
Desde
agosto último, os garimpeiros intensificaram a invasão
à Terra Indígena Yanomami. A cada dois ou três
dias, um avião chega à área com uma nova leva
de invasores, sem esbarrar em qualquer obstáculo oficial, em
defesa dos direitos indígena e do patrimônio da União.
O número de intrusos vem aumentando nas regiões do Paapiú,
Ericó, Parafuri, Yawarata, Alto Catrimani e Waiká.
A existência das bases militares na Terra Indígena Yanomami
(Maturacá, Surucucus, Auaris) não inibem a ação
dos invasores, que chegam a estimular conflitos entre os próprios
Yanomami ao lhes darem espingardas e munição. Nos últimos
quatro meses, seis índios foram mortos e outros quatro feridos
gravemente por disparos dessas armas.
Os líderes da aldeia de Paapiú começaram a fazer
um controle diário dos horários em que os invasores
chegam à Terra Indígena Yanomami por uma pista clandestina
(a pista “do Rangel”) na região. No dia 9 de dezembro,
esses líderes denunciaram (carta abaixo) a ocupação
de suas terras à Fundação Nacional do Índio
(FUNAI). A iniciativa ainda não resultou em qualquer providência
para conter a ação dos invasores.
O professor yanomami Márcio Hesina da aldeia de Haxiú
também enviou correspondência (abaixo) à FUNAI,
solicitando a presença da Polícia Federal na região
do Yawarata enfatizando o fato de os garimpeiros promoverem o acirramento
dos conflitos. “O povo Parafuri também tem espingarda
e cartucho. Se tirar os cartuchos e as espingardas dessas regiões,
a guerra vai acabar”, apela o professor, recordando que, nos
ocasionais conflitos intercomunitários em que só se
usavam flechas, arma tradicional do povo Yanomami, o número
de vítimas era sempre muito menor.
Relato da equipe local de saúde da ONG URIHI- Saúde
Yanomami do último dia 15 revela que, para facilitar sua presença
ilegal nas áreas de mineração, os garimpeiros
têm aliciado os Yanomami com presentes de comida e armas. Além
disso, têm sido vetores da disseminação de doenças,
principalmente doenças sexualmente transmissíveis, ao
se envolverem com as mulheres indígenas. Para cooptar os índios,
os garimpeiros oferecem também panelas, gravadores e outros
utensílios. Os índios são incitados a agir com
violência contra os agentes de saúde da URIHI que atuam
nas aldeias. Uma funcionária chegou a ter sua cabeça
sob a mira de uma espingarda, empunhada por um índio depois
que ela se recusou a pagar-lhe por uma atividade que não havia
realizado.
A influência dos garimpeiros sobre esses Yanomami tem feito
com que os jovens exijam pagamentos exorbitantes por qualquer atividade
ou auxílio que tenham prestado aos agentes de saúde
que assistem as suas comunidades. Insuflados pelos garimpeiros, ameaçam
quem lhes nega o que exigem, criando um ambiente de tensão
que compromete as ações de saúde.
Esse tipo de manipulação dos Yanomami contra as equipe
de saúde, muito comum durante a corrida do ouro em Roraima
nos anos 1980, tem por objetivo afastar observadores que possam testemunhar
contra a invasão da Terra Indígena Yanomami, minar o
trabalho de assistência à saúde indígena
e incentivar conflitos intercomunitários, como forma de, aos
poucos, expulsar os índios das áreas de garimpo.
Segundo um outro relatório da URIHI, do total de mortes registradas
nos últimos três anos em nove regiões da Terra
Yanomami, 19% foram provocadas por conflitos entre aldeias. Deste
percentual, a maioria foi ocasionada por ferimento com arma de fogo
nas regiões onde há garimpos ativos (Surucucu e Parafuri/Arathaú).
Abaixo,
a íntegra dos documentos elaborados nas aldeias de Paapiú
e Haxiú (Surucucu)
De
Paapiú
“Palavras
sobre os garimpeiros
Comunidade dos Xokotha thëri pë
No
local onde nós, da Maloca Papiu, moramos ainda há garimpeiros,
eles não se acabaram, por isso nós Yanomami estamos
muito tristes. Por isso nós fizemos este jornal. Nós,
Yanomami, de diversas comunidades, mandamos este “jornal”,
pois queremos que vocês falem com a Funai. “Sim, lá
na Maloca Papiu há garimpeiros, expulsem-nos”, assim
nós queremos incentivar que vocês façam. Nós
também somos Yanomami, também somos índios, quando
todos nos ajudamos, isso é bom. “Não, nós
não alertaremos a Funai”, assim vocês não
devem pensar. Na Maloca Papiu os garimpeiros são muitos, se
espalharam, por isso estamos preocupados, pois há muito tempo
eles se espalharam. Nós pensamos muito sobre isso. Há
tempos que os aviões dos garimpeiros pousaram em nossas terras,
por isso eles se multiplicaram. Em outros locais eles também
já devem estar há muito tempo. Assim nós pensamos,
não queremos que os garimpeiros degradem nossa floresta. Em
agosto os aviões dos garimpeiros pousaram aqui, já se
passou muito tempo desde então, por isso o número de
garimpeiros cresceu.
Sim, a situação é essa, por isso vocês
devem chamar pela Funai para que, rapidamente, expulsem os garimpeiros.
Quando nós e outros Yanomami nos ajudarmos, ficaremos felizes.
Hoje, não queremos voltar a morrer. Vocês não
devem pensar assim: “Os Yanomami todos irão morrer”.
Não queremos morrer. Por quais motivos deveríamos querer
morrer? Não queremos voltar a morrer por isso não queremos
garimpeiros em nossas terras. Quando vocês brancos que entendem
nossa língua nos ajudam, ficamos felizes. Acabaram-se nossas
palavras.”
“Maloca
Paapiu, dia 9 de dezembro de 2002.
No
dia 1 de agosto de 2002 um avião de garimpeiros desceu, as
7 horas da manha. No dia 2 outro avião desceu, as 8 horas.
No dia 4, outro avião desceu, as 10 horas. No dia 5, outro
avião, as 9 horas. No dia 11, outro avião, as 6 horas.
No dia 12, outro avião, as 12 horas. No dia 14 o avião
desceu as 9 horas. No dia 15 as 8 horas. No dia 16 desceu as 4 horas
da tarde. No dia 18 as 3 horas. No dia 19 desceu as 8 horas.
No dia 22 de setembro o avião de garimpeiros desceu também.
No dia 10 de outubro de 2002 um avião desceu as 7 horas. No
dia 12 outro avião desceu, as 10 horas.
Dia 20 outro avião, as 8 horas. No dia 23, as 11 horas.
Em dezembro de 2002, no dia 7 um avião desceu as 8 horas.
Os aviões desceram na Pista do Rangel.
Foram nestas luas que os aviões dos garimpeiros desceram.
Por isso, nós Yanomama mandamos este documento novo a vocês
da FUNAI. Mandem com rapidez a polícia para expulsar os garimpeiros.
Nós, Yanomama, não gostamos dos garimpeiros, pois eles
carregam muitas doenças. Por isso, nós chamamos vocês
e a polícia. Quando vocês da polícia chegarem
expulsem os garimpeiros. Assim vocês nos disseram mas vocês
demoraram em vir, por isso nós, Yanomama, estamos muito tristes.
Quando vocês da polícia vierem nós mandaremos
outro documento. Venham rapidamente. Quando nós Yanomama chamamos
vocês, venham rapidamente. Não tenham preguiça.
Quando vocês tiverem preguiça de vir nós Yanomama
ficaremos muito tristes.
Assim pensam as lideranças”.
“Maloca
Papiu, janeiro de 2003
Sim,
lá onde moram os outros Yanomami que brigam entre si (região
do Surucucus) um garimpeiro dá a eles espingardas. Ele faz
com que os Yanomami atirem uns nos outros, por isso ele está
acabando com muitos Yanomami. Este garimpeiro casou-se com uma mulher
Yanomami. Depois que ele consegue o ouro ele pede espingardas a Boa
Vista. Os Yawaratau thëri “possuem” este branco por
isso eles e os moradores do Surucucus (Pirisi thëri pë e
aliados) atiram uns contra os outros.
Os Yanomami de lá falam apenas com espingardas, por isso o
garimpeiro as dá para eles. Por isso as brigas entre os Yanomami
de lá não terminam, pois o garimpeiro não para
de dar cartuchos para as espingardas. Em troca do ouro os Yanomami
de lá pedem muito por cartuchos. O garimpeiro possui uma mulher
Yanomami, por isso sabe falar muito a língua Yanomami. Os Yawarathau
thëri pë ameaçam os outros Yanomami, por isso acabam
com os que moram no Surucucus. A situação está
assim, por isso vocês da Funai devem mandar a Polícia
Federal para os Yawaratau thëri pë.
Nós tencionávamos ver este garimpeiro mas, como nós
não gostamos dos garimpeiros, ele nos detesta. Por isso, ele
disse assim: “Vocês da Maloca Papiu não gostam
de nós, garimpeiros, por isso se vocês vierem aqui eu
os matarei”. Assim o garimpeiro disse a nós, por isso
nós não fomos.”
“Palavras
das comunidades da Maloca Papiu
Quando
fomos onde os garimpeiros estão nós pegamos alguns de
seus pertences: uma espingarda, um rádio, bolsa, documentos.
Nós fizemos assim, no dia 24 de agosto (de 2002). Nós
vimos os garimpeiros e a destruição que eles fazem na
floresta. Eles também destroem a serra.
Esses garimpeiros possuem muitos animais, como galinhas. Eles possuem
muita comida, como bananas, mandioca, mamão. Por isso pode
aumentar o número deles.
Lá, eles acabam com nossa terra, por isso nós queremos
explica a situação para vocês, da Funai. Mandem
a Polícia para lá. Já há muito tempo que
nós Yanomami conversamos com vocês da Funai mas vocês
não nos respondem. Como vocês pensam sobre isso? Vocês
não ouvem nossas palavras? Vocês que detêm o nome
de Operação Yanomami, por que vocês ficam sem
fazer nada? Quando vocês agem assim não é nada
bom para nós, Yanomami. Vocês fizeram uma Operação
mas por não terem feito outras novamente há ainda garimpeiros
em nossa terra.
Nós queremos que vocês façam outra operação.
Quando vocês vierem à nossa floresta nós queremos
explicar sobre os garimpeiros a vocês, da Funai. Quando nós
Yanomami falamos muito e forte, sem desistir, nossas palavras não
se acabam. Se vocês não fizerem rapidamente outras operações
talvez seja porque vocês não queiram ajudar a gente.
Nós pensamos assim, pois vocês não nos respondem.
“Não vamos mandar a polícia”, é assim
que vocês pensam? Vocês não são nossos amigos?
“Não vamos ajudar os Yanomami”, é assim
que vocês pensam?.”
De Haxiú (Surucucus)
“Haxiú,
16 de fevereiro de 2003
Sim,
não deixem os Yanomami morrer!
Sim, FUNAI vocês mandem a Polícia Federal tirar os garimpeiros
da região do Yauratha, eles continuam dando cartuchos para
os Yanomami, Os Yanomami estão se matando. Então, mande
mesmo a Polícia Federal pegar as espingardas e os cartuchos.
O povo do Parafuri também tem espingarda e cartucho. Se tirar
os cartuchos e as espingardas dessas regiões, a guerra vai
acabar !
Ao Chefe da FUNAI, mande a Federal! Assim eu penso.
Todos nós, Yanomami, estamos muito tristes, por isso eu fiz
esse jornal.
Sim, tomem as espingardas dos Yanomami! Assim vai acabar a guerra.
Tomem as espingardas dos Moxahwi, do Yarima, do Yaurattha e do Waputha.
Se tomar todas as espingardas, as brigas vão acabar.
Nós estamos pensando assim! Se não tirar as espingardas,
não vai acabar a guerra.
Se guerrearmos só com flechas, ficará mais difícil
morrer. Assim, os Yanomami não ficarão muito zangados.
Se poucos Yanomami morrem, a guerra vai diminuir.
A FUNAI tem que fazer isso mesmo!
Nós todos Yanomami estamos muito tristes.
Nós e outros Yanomami, que não fazemos guerra, ficamos
muito tristes e fizemos este jornal.
Sim, chega.
Márcio
Hesina – Professor Yanomami – Haxiu Thëri.
Região de Surucucu”.
Povo
Yanomami realiza assembléia anual
Encontro
reuniu 217 líderes de 41 aldeias. No documento final, os índios
cobram das autoridades ações mais enérgicas contra
a presença de garimpeiros na Terra Yanomami.
O
povo Yanomami realizou, dia 18 último, a sua assembléia
anual, com a participação de 217 líderes, representantes
de 41 aldeias. As conclusões do encontro foram enviadas ao
Ministério Público Federal, aos Ministérios do
Meio Ambiente, da Defesa e da Justiça.
Os líderes indígenas denunciam o aumento de garimpeiros
em suas terras e cobram das autoridades providências urgentes
para a remoção dos invasores. Cobram também uma
ação mais enérgica dos militares – há
dois Pelotões de Fronteira e instalações do SIVAM
perto das áreas invadidas – para coibir o ingresso de
garimpeiros, muitos procedentes da Venezuela. Reivindicam também
a expulsão dos fazendeiros invasores de suas terras (região
do Ajarani) que, além do mais, distribuem bebidas alcoólicas
aos índios.
Abaixo,
a íntegra do documento aprovado na Assembléia:
“Terra
Indígena Yanomami
Aldeia Waromapi, 18 de fevereiro de 2003
Ao
Ministério Público Federal
Ministério do Meio Ambiente
Ministério da Defesa
Ministério da Justiça
Nós
lideranças yanomami reunidos em assembléia elaboramos
este documento.
Os garimpeiros continuam em nossa floresta e por isso nós yanomami
nos dirigimos às autoridades brasileiras para que elas tomem
providências. O número de garimpeiros está aumentando
nas regiões do Paapiú, Ericó, Parafuri, Yawarata,
Alto Catrimani e Waikás. As autoridades devem retirar imediatamente
os garimpeiros porque nós não queremos que as epidemias
voltem a matar o nosso povo.
Os fazendeiros também continuam em nossa floresta, na região
do Ajarani. As autoridades também devem retirar estes fazendeiros
imediatamente. Se eles não forem retirados logo, eles continuarão
destruindo nossa floresta. Nós estamos muito revoltados porque
estes fazendeiros estão dando bebida alcoólica para
os Yanomami.
Perto das nossas aldeias já existem três quartéis,
em Maturacá, Surucucu e Auaris. Nós não queremos
outro quartel em nossa floresta. E também não concordamos
com a ampliação da pista de pouso em Surucucu, como
pretendem os militares, porque ela já é bastante grande.
Quando os militares quiserem fazer alguma coisa em nossa floresta,
é necessário primeiro consultar todas as lideranças
yanomami para que haja um acordo. Nós nunca fomos consultados
e é por isso que o comportamento dos militares em nossa terra
é na maioria das vezes irresponsável: o lixo não
é tratado adequadamente; é oferecida bebida alcoólica
aos indígenas; são mantidas relações sexuais
com as nossas mulheres; e os garimpeiros não são retirados
de nossa floresta.
Por que os militares não retiram os garimpeiros venezuelanos
que entram na nossa floresta, no Brasil?
Nós Yanomami também não queremos as antenas do
Sivam próximas às nossas aldeias. O Sivam foi instalado
em nossa floresta, mas quais benefícios que isso trouxe para
nós? Se vocês querem proteger a nossa floresta é
importante que antes todas as lideranças yanomami sejam consultadas.
Como nós nunca fomos consultados, nós ainda não
sabemos o que é o Sivam. As antenas do Sivam já foram
instaladas perto das nossas aldeias, em Ajuricaba, Aracá, Maiá,
Parafuri e Ericó. Nós queremos entender como funciona
o Sivam e para quê. Quando o Sivam começar a identificar
os aviões dos garimpeiros nós vamos acreditar na sua
utilidade.
O Ibama quer se apoderar da floresta dos Yanomami. O Ibama quer proteger
a nossa floresta através da Floresta Nacional (de Roraima e
Amazonas), mas esta vai contra a Constituição brasileira
feita pelas autoridades. Isto que o Ibama chama de Flona, não
é dele. Esta é verdadeiramente a floresta dos Yanomami,
e é por isso que nós defendemos com todas as nossas
forças. Nós não queremos a Flona !
Nós lideranças yanomami estamos falando diretamente
aos corações das autoridades brasileiras.
Participaram da Assembléia 217 Yanomami, das seguintes aldeias:
Perekapiu, Heramapi, Tirei, Pakirapiu, Wanapiu, Apiahiki, Okarasipi,
Watoriki, Perisi, Roko, Hakoma, Saula, Kadimani, Hawarihixapopë,
Mauxixiu, Porá, Arapari, Makiu, Mauxiu, Maamapi, Waromapi,
Poohohipii, Kaume, Tihinapii, Yamaraaka, Hehupii, Maimasi, Paari,
Mararau, Kitao, Simoko, Nomarixitiu, Tirei II, Asimiu, Kopou, Ericó,
Parafuri, Uraricoera, Alto Mucajaí, Baixo Mucajaí, Apiau.”
Queimadas ameaçam Terra
Yanomami
Aldeias temem a repetição
do drama ocorrido em 1998, quando os incêndios em Roraima chamaram
a atenção até mesmo da opinião pública
internacional. Hoje, a fronteira leste da Terra Indígena é
a região mais vulnerável.
O
avanço dos desmatamentos e das queimadas no estado de Roraima
está preocupando os Yanomami. Os líderes temem a repetição
da catástrofe ocorrida em 1998, quando a maior parte do estado
foi afetada por incêndios florestais de grandes proporções
e a quantidade de fumaça espalhada no ar praticamente isolou
o estado pela impossibilidade de tráfego de aeronaves.
Hoje, a fronteira leste da Terra Yanomami, entre Apiaú e Ajarani,
está bastante vulnerável devido aos inúmeros
incêndios provocados nas áreas de colonização
adjacentes, a partir de Mucajaí, Iracema, Rouxinho, Apiau,
Caracaraí, entre outras. Em alguns locais, o fogo já
ultrapassou a linha de demarcação da Terra Indígena
Yanomami.
Desde o dia 11 de fevereiro, Roraima está em estado de alerta
máximo.
O Comitê de Combate a Incêndios proibiu a prática
de queimadas nos municípios de Iracema e Mucajaí. Até
dia 10 último, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) havia emitido um total
de 2.180 autorizações de queimadas. Deste total, 281
foram para o município de Amajari (Trairão e Bom Jesus),
995 para o Cantá (Félix Pinto e Confiança III)
e 904 para Mucajaí (Apiaú e Samaúma).
A preocupação dos Yanomami é a mesma das brigadas
contra incêndios, principalmente em relação aos
agricultores que fazem queimadas sem autorização. O
comandante do Corpo de Bombeiros, Coronel Edivaldo Cláudio
Amaral, avisou que intensificará o acompanhamento das queimadas
autorizadas para evitar a perda de controle do fogo e a ocorrência
de incêndios em todo o estado.
Ele advertiu ainda que medidas enérgicas, inclusive com responsabilização
criminal, serão tomadas contra os agricultores que deixarem
o fogo invadir a floresta. Nas últimas frentes de combate aos
focos de incêndio, foram empregados 150 bombeiros militares,
63 civis e 143 brigadistas.