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Programa de Educação da CCPY é premiado pelo Banco Mundial

Índio Baniwa defende reconhecimento das escolas yanomami

Professores Yanomami aprendem sensoriamento remoto
Índios Yanomami buscam na Itália apoio financeiro para o Programa de Educação
Exposição sobre os Yanomami em Paris faz sucesso
Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília expõe fotos de Yanomami

Programa de Educação da CCPY é premiado pelo Banco Mundial

O Programa de Educação Intercultural (PEI) da Comissão Pró-Yanomami recebeu o Prêmio Banco Mundial de Cidadania, programa esse que vem atendendo a 34 aldeias – 14 no Amazonas e 20 em Roraima – da Terra Indígena Yanomami. A premiação ocorreu durante o Encontro Amazônia de Experiências Sociais Inovadoras realizado pelo Banco Mundial, Ministério do Meio Ambiente e Governo do Estado do Amazonas, em Manaus, nos dias 8 e 9 de junho. Disputaram a premiação 21 experiências indicadas por redes relacionadas aos movimentos populares.

O evento foi aberto pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com a participação do governador do Amazonas, Eduardo Braga, e pelo diretor do Bird no Brasil, Vinod Thomas. As contribuições práticas e efetivas da sociedade para o desenvolvimento sustentável na Amazônia foram o tema central do encontro. Além da premiação dos trabalhos que as instituições vêm realizando, durante os dois dias do evento, houve mesas-redondas que possibilitaram a socialização das experiências e conhecimento entre os participantes.

O PEI atende a uma reivindicação dos próprios Yanomami. Através do PEI eles têm tido acesso ao conhecimento da sociedade envolvente por meio de alfabetização na sua própria língua, do ensino da língua portuguesa (oral e escrita), da matemática e da informática, além de aulas intensivas sobre ecologia e economia. Com o uso do computador os professores yanomami vêm produzindo o material didático utilizado em sala de aula.

Todas as atividades são supervisionadas pelos assessores da Comissão Pró-Yanomami, o que garante o acompanhamento pedagógico do trabalho nas escolas. Os professores lecionam para quase 400 estudantes yanomami. O conhecimento dos códigos e saberes do mundo não-indigena é mais um dos instrumentos com que o povo Yanomami pode contar para a defesa do seu território e da sua cultura. (Para maiores informações sobre o PEI, ver o Boletim Yanomami nº 38, de 13.06.03).

Dentre os contemplados com o Prêmio Banco Mundial de Cidadania, na categoria “Valorização da Identidade Sócio-cultural dos Povos da Amazônia”, estão os Ye’kuana, povo de fala caribe, (vizinho dos Yanomami em Roraima) com um projeto de recuperação da festa do Tanooko há muito não praticada por eles. Por sua vez, o Programa da CCPY destacou-se na categoria “Experiências Inclusivas de Educação e Formação Profissionais”.


Índio Baniwa defende reconhecimento das escolas yanomami

O professor Gersen Baniwa defendeu o reconhecimento pelo governo das escolas indígenas yanomami. Como palestrante do 1º Seminário Criança Esperança – Igualdade na Diversidade, promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Rede Globo, de 25 a 27 de junho, Gersen Baniwa criticou o comportamento do poder público que ignora os modelos alternativos aos do Estado. Segundo ele, de todas as escolas yanomami nenhuma é reconhecida. “Será que isso se deve ao fato de não aceitarem o modelo imposto de fora para dentro?”, questionou.

Ele defendeu maior apoio de organismos como o Unicef para que o Estado respeite os modelos educativos criados pelos povos indígenas. Citou como exemplo o município do São Gabriel da Cachoeira (AM) onde quase 90% da população é indígena e, mesmo assim, o sistema educacional não é orientado por um modelo que respeite essa realidade. “Os índios podem pensar suas escolas”, reiterou Gersen Baniwa. Afirmou também que o atual processo se configura como um desmonte do sistema anterior no qual os índios conseguiram construir um modelo educacional, levando em conta as suas peculiaridades culturais.

Para Gersen Baniwa, é preciso atacar a “absoluta ignorância” da sociedade nacional em relação aos povos indígenas. Ao mesmo tempo, diz ele, é fundamental criar políticas claras para as comunidades. No seu entender, a definição e o respeito às terras indígenas e à educação são imprescindíveis para os povos indígenas. “É preciso que a criança e o jovem indígena tenham certeza de que haverá um futuro para eles”, afirmou.

Hoje, na sua avaliação, o conjunto de projetos que tramitam no Congresso Nacional constitui uma ameaça às conquistas alcançadas pelos índios na Constituição de 1988. Como retrocesso ele citou projetos que propõem alteração nas normas de reconhecimento e demarcação das terras indígenas.


Professores Yanomami aprendem sensoriamento remoto

Estão previstos para o próximo ano trabalhos de monitoramento da Terra Indígena Yanomami com ajuda de computadores, fotos de satélite e GPS. O objetivo do projeto, idealizado pela Comissão Pró-Yanomami (CCPY) com apoio do Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS-Credal), é otimizar a fiscalização e o uso sustentável dos recursos naturais do território yanomami pelos índios, prevenindo, assim, novas invasões de garimpeiros, colonos e fazendeiros com o apoio das autoridades competentes.

Esse projeto etnogeográfico yanomami integra o Programa de Educação Intercultural (PEI) da Comissão Pró-Yanomami. Para implementar esse projeto é preciso investir no treinamento de professores yanomami com esse propósito específico. Durante o último curso (Junho 2003) para o magistério indígena organizado em Boa Vista pela CCPY e outras entidades (URIHI, SECOYA, Diocese de Roraima) os professores yanomami tiveram as primeiras aulas de capacitação para esse projeto ministradas por François-Michel Le Tourneau (CNRS-Credal), geógrafo especializado em sensoriamento remoto. Para o projeto já foram adquiridos computadores, imagens de satélite recentes de toda a área Yanomami e alguns GPS.


Índios Yanomami buscam na Itália apoio financeiro para o Programa de Educação

Os índios Davi Yanomami, Dário Vitório Yanomami e Joseca Mokahesi Poroaunahikitheri estiveram na Itália, em maio último, a convite da organização de defesa dos povos indígenas, Survival International (Itália), onde fizeram contatos com organizações e autoridades a fim de captar recursos para o Programa de Educação Intercultural (PEI). O primeiro de uma série de encontros ocorreu na cidade de Padova, ao norte da Itália. Lá, os índios se reuniram com vários funcionários da Assessoria de Cultura e de Cooperação Internacional da Província de Padova a quem expuseram o Programa de Educação Intercultural desenvolvido pela Comissão Pró-Yanomami (CCPY) em 34 aldeias.

Os funcionários mostraram-se muito receptivos à apresentação dos Yanomami e assumiram o compromisso não apenas de fazer uma doação específica para o programa de educação, mas também de enviar uma carta e cópia do projeto a todas as prefeituras da província – 118 no total – sugerindo que cada uma faça doações financeiras ao programa educacional.

Da Província de Padova, os Yanomami seguiram para Milão onde apresentaram o PEI a representantes do governo da Prefeitura de Milão, da Província de Milão e da Região da Lombardia. Embora não tenham obtido resultado imediato, são boas as perspectivas de apoio dessas instituições às propostas levadas pelos índios. As palestras dos Yanomami tiveram repercussão positiva na mídia local, o que poderá sensibilizar aqueles governos a apoiar seus projetos.

Davi, Dário Vitório e Joseca foram também à Universidade Católica de Milão, onde participaram de uma aula magna que reuniu o vice-reitor, professores e estudantes da universidade e alunos de uma escola secundária. Para uma platéia de quase 500 pessoas eles, mais uma vez, apresentaram o seu programa educacional. Falaram também a sócios e convidados da Survival International (Itália) em evento por ela organizado e foram igualmente aplaudidos. A última palestra teve lugar na Província de Padova para funcionários e pessoas interessadas na questão indígena.

Antes de encerrar a visita à Itália, os Yanomami passaram o fim de semana no Parque Nacional de Ticino. O parque integra a rede de reservas da biosfera da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Numa cerimônia solene, os Yanomami foram convidados pelos funcionários do parque a plantar uma árvore como lembrança da sua passagem pelo local e como símbolo da importância de preservar as florestas tanto na Europa quanto na Amazônia. O evento marcou a criação de um elo de amizade entre o Parque Ticino e a Terra Indígena Yanomami.

Na despedida, Davi, Dário Vitório e Joseca concederam entrevistas aos veículos de comunicação em Milão, atraindo empresas importantes como a RAI, a maior rede italiana de TV. Davi falou ao telejornal da RAI sobre o futuro da Amazônia. Os Yanomami concederam ainda entrevista à Rádio Populare. Atraíram também o interesse da L’Espresso, a principal revista semanal da Itália, e do Corriere della Sera, vespertino de maior destaque naquele país. Ao todo, durante a viagem pela Itália, os Yanomami deram entrevistas a cinco canais de televisão, seis emissoras de rádio, 31 revistas e jornais e 6 pela Web.


Exposição sobre os Yanomami em Paris faz sucesso

A exposição “Yanomami, o Espírito da Floresta”, reunindo trabalhos de artistas internacionais e brasileiros, continua aberta, em Paris, até 12 de outubro próximo. A mostra foi organizada pela Fondation Cartier pour l’art contemporain em colaboração com a Survival International (França) e com a Comissão Pró-Yanomami. O tema da mostra explora as correspondências entre a manifestação plástica dos artistas ocidentais e os grandes temas de reflexão cosmológica e de experiência de visões dos onze xamãs da aldeia de Watoriki (AM).

“Se vocês não vissem nossas imagens, não nos entenderiam, por isso está acontecendo esta exposição”, explicou o professor indígena Dário Vitorio Yanomami que, juntamente com Davi Kopenawa e Joseca Mokahesi Poroaunahikitheri, participou da vernissage, dia 13 de maio último, em Paris, ao lado dos artistas expositores.

A exposição foi concebida pelo antropólogo Bruce Albert, membro do Conselho Diretor da CCPY, e por Hervé Chandès, diretor da Fondation Cartier. A mostra propiciou à Fondation Cartier doar importantes recursos para os programas educativos e ambientais da CCPY.

Os trabalhos expostos são assinados pelos artistas: Claudia Andujar (Brasil), Lothar Baumgarten (Alemanha), Vicente Beaurin (França), Raymond Depardon (França), Gary Hill (Estados Unidos), Tony Oursler (Estados Unidos), Wolfgang Staehle (Alemanha), Naoki Takizawa (Japão), Adriana Varejão (Brasil), Stephen Vitiello (Estados Unidos), Geraldo Yanomami (Brasil), Joseca Yanomami (Brasil) e Volkmar Ziegler (Alemanha). Constam também da exposição mapas a partir de imagens de satélite elaborados por François-Michel Le Tourneau (geógrafo, França) e um filme sobre diálogos cerimoniais yanomami de autoria de Rogério Duarte do Pateo (Brasil).

A mostra teve uma grande repercussão na mídia francesa, tanto em jornais e revistas (por exemplo, Le Monde, Le Figaro, L’Humanité, La Croix, Grands Reportages, Beaux Arts, Télérama), quanto em emissoras de TV e de rádio (TF1, FR3, Antenne 2, LCI, Arte, Paris Première, France Culture, RFI) e em jornais como The New York Times, The Independent (Londres), Asahi Shimbum (Tokyo), Folha de São Paulo e Gazeta Mercantil (Brasil). Mais detalhes sobre as repercussões dessa exposição na mídia podem ser encontrados no site www.proyanomami.org.br.


Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília expõe fotos de Yanomami

Claudia Andujar, fotógrafa e sócia fundadora da CCPY, participa da exposição ArteFoto 2003, com fotografias dos índios Yanomami. A mostra, aberta dia 17 de junho, continua até 3 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil. A exposição, que acontece no âmbito do projeto Foto Arte 2003-Brasília, capital da fotografia reúne trabalho de 61 artistas das mais variadas tendências que utilizam, de forma temporária ou permanente, a fotografia como veículo para expressar seu trabalho.


..Coordenação Editorial: Alcida Rita Ramos, Bruce Albert, Jô Cardoso de Oliveira


 

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