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Tudo Sobre o Massacre de HAXIMU

Calha Norte e os Yanomami

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URIHI  FAZ DENÚNCIA GRAVE DE INVASÃO DE GARIMPEIROS

"Profissionais que estão trabalhando no DSY (Distrito Sanitário Yanomami ), através da ONG brasileira Urihi, responsável pela assisência à saúde da população  yanomami, dizem-se preocupados com a segurança daquela comunidade índia. Segundo informações prestadas pelo médico Cláudio Esteves de Oliveira, diretor da Urihi, que chegou da região anteontem, existem muitos garimpeiros dentro da reserva indígena. E ele fez ainda uma denuncia grave, os garimpeiros estão fornecendo armas de fogo (espingardas) e munição aos indígenas.

O médico da organização  assegura que o número de garimpeiros na reserva yanomami já passa de 800. 

"Basta sobrevoar a região para ver claramente os focos dos garimpos", explicou. A disseminação de armas entre os indígenas é um fator que está gerando total insegurança no interior da reserva, com a possibilidade de gerar até mesmo a desagregação entre os próprios indígenas.

O médico lembra que já foram registrados inclusive vários conflitos entre os próprios indígenas, onde eles empregaram armas de fogo.

"Já aconteceram vários homicídios na região, por arma de fogo, embora esses incidentes não tenham saído registrados", revelou o médico.

Para Cláudio Esteves, os índios com armas na mão transformam-se em pessoas perigosas, porque eles também se desentendem e quando isso acontece, não pensam duas vezes antes de usar a arma.

"Eles estão deixando de lutar de maneira tradicional braço no braço, e simplesmente atiram, resolvendo o problema de uma maneira definitiva, o que não corresponde com a cultura tradicional deles", disse Esteves.

"A ONG Urihi está preparando um relatório completo sobre o assunto, que deve ficar pronto dentro de um mês"
, conforme explicou o diretor da organização, médico Cláudio Esteves.

ÍNDIOS ARMDADOS

A FUNAI DETECTOU QUE GARIMPEIROS ESTÃO DISTRIBUINDO ARMAS DE FOGO PARA ÍNDIOS YANOMAMIS DE RORAIMA. EM TROCA, PODERIAM EXPLORAR ÁREAS DA RESERVA. A POLÍCIA FEDERAL FOI ACIONADA. - (FOLHA DE SÃO PAULO, 21/09/2000)

 

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FUNAI VAI DEFLAGAR OPERAÇÃO DE DESINTRUSÃO DAS TERRAS YANOMAMI

Depois de várias matérias publicadas na imprensa, durante as últimas semanas de setembro, sobre o aumento do número de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami e das cinco mortes registradas este ano devido a conflitos entre indígenas e garimpeiros, a Funai decidiu fazer um levantamento da atual situação a fim de elaborar um plano para a desintrusão completa da área nos próximos dias.

A morte de quatro indígenas e de um garimpeiro foi oficialmente comunicada ao presidente da Funai, Glênio da Costa Álvares, por meio de carta assinada pelo líder Davi Kopenawa Yanomami e mais 78 indígenas, redigida durante reunião realizada em Koni u (a 20 km a nordeste do posto de Surucucus), no dia 14.06.00. Nessa carta eles solicitaram a desintrusão urgente da área com a ajuda da Polícia Federal, antes que o número de garimpeiros aumente ainda mais. Os Yanomami estimam que cerca de 2 mil garimpeiros estão em suas terras. Para a Funai, conforme foi publicado nos jornais, a estimativa é de quinhentos a mil garimpeiros em atividade nas terras Yanomami.

Outra conseqüência decorrente dos conflitos e mortes ocorridas foi a iniciativa do NISI (RR) - Núcleo Interinstitucional de Saúde Indígena do Estado de Roraima - composto por seis organizações não governamentais que desenvolvem projetos e programas de saúde junto aos povos indígenas - de dar entrar com ação junto ao Ministério Público denunciando as invasões das terras Yanomami.

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CCPY E FUNAI REUNIRAM-SE PARA TRATAR DAS INVASÕES, CONFLITOS E MORTES

A CCPY reuniu-se, no dia 25/4, com o presidente da Funai para tratar das invasões das terras Yanomami pelos garimpeiros e solicitar a desintrusão da área. Se não forem tomadas providências urgentes, existe um enorme risco de ocorrer uma nova tragédia como o Massacre de Haximu, em 1993, quando foram assassinados dezesseis índios.

O diretor de assistência da Funai, Dinarte Nobre Madeiro, foi encarregado pelo presidente do órgão para conduzir a operação de desintrusão da área. Madeiro sobrevoou as terras Yanomami na semana passada e vai propor a operação ao Ministério da Justiça, com a ajuda da Polícia Federal, operação essa que, para ser viabilizada, necessita da liberação pelo Governo Federal de recursos específicos.

Pela terceira vez...

Esta será a terceira operação de desintrusão realizada em terras Yanomami desde a sua demarcação em 1992. A primeira foi deflagrada no início dos anos 90, conhecida como Operação Selva Livre, e que resultou na retirada de mais de aprox. 20,000 garimpeiros da área. A segunda operação ocorreu no período de novembro/97 a janeiro/98, quando 750 garimpeiros foram removidos. Funai, Polícia Federal, Exército, Força Aérea Brasileira, Ibama, Ministério das Relações Exteriores e Procuradoria da República trabalharam juntos e a operação custou cerca de US$ 6 milhões. Admitiu-se, na época, que cerca de 200 garimpeiros continuaram na área depois de encerrada a operação.

Atualmente, os garimpeiros concentram-se na região do Surucucus. Apesar da presença aí de um dos postos do Sivam, a reincidência garimpeira vem sendo observada desde o final de 1999. Em Parafuri, ao norte de Surucucus, por exemplo, o garimpo está situado a uma hora de caminhada do posto da Funai e é abastecido por avião monomotor que aterriza na pista "Majestade", segundo relatórios das entidades que trabalham na região. Esta pista nunca chegou a ser desativada pela última operação de desintrusão e, no momento, encontra-se em pleno funcionamento, segundo informações dos profissionais que trabalham na área.

"A operação de desintrusão vai ajudar a resolver o problema das invasões de garimpo, porém as terras Yanomami precisam mesmo é de um Plano de Vigilância Permanente, como já foi sugerido à Funai, que se comprometeu a elaborá-lo", declara Fernando Bittencourt, secretário geral da CCPY. Espera-se que a liberação de recursos federais para viabilizar a operação seja rápida, sem provocar atraso no início dos trabalhos e deslocamento das equipes dos vários órgãos federais que atuarão juntos.

A expectativa do povo Yanomami é que todos os garimpeiros sejam realmente removidos e desestimulados a reinvadir suas terras depois da conclusão da operação, ao contrário do que tem acontecido até agora.

 

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DENÚNCIA DE ABUSO LEVA FUNAI A LIMITAR O INGRESSO DE PESSOAS EM RESERVAS INDÍGENAS

Depois de receber denúncias de abuso sexual de índias ianomâmis por militares, em troca de alimentos, em Roraima, a Funai (Fundação Nacional do Índio) anunciou que vai controlar o acesso às áreas indígenas. As denúncias relatam casos nas aldeias das regiões de Surucucu e Auaris, a oeste de Boa Vista (RR). Segundo o diretor de assistência da Funai, Dinarte Nobre Madeiro, a fundação precisa de todo o controle durante a operação de retirada de cerca de mil garimpeiros de área ianomâmi. "O ianomâmi Davi Kopenawa apontou casos envolvendo militares. Houve uma denúncia da ONG Urihi há um mês e a encaminhamos para o Ministério Público Federal", disse Madeiro. O Comando Militar da Amazônia afirma que hoje não existem mais problemas de envolvimento de militares com índias. (DA AGÊNCIA FOLHA e DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS)

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Yanomami do rio Cauaboris reafirma o seu desinteresse em relação à exploração mineral em suas terras.

Nós não queremos nenhum tipo de maquinário dentro da nossa área, pois nós, Yanomami, somos contra as balsas. Nós, Yanomami, queremos preservar os nossos rios, lagos, peixes e caça". Este é um trecho da carta assinada pelo Conselho Administrativo da Ayrca-Associação Yanomami do Rio Cauaboris e Seus Afluentes que foi enviada ao ex-presidente do Congresso Nacional, senador Antônio Carlos Magalhães, em 04.01.01. O conteúdo dessa carta foi uma reação a um requerimento enviado anteriormente ao referido senador (em 22.11.00), assinado por alguns índios, no qual era solicitada a colocação em pauta no Congresso Nacional da questão relacionada à exploração do subsolo das terras indígenas ou, caso fosse impossível, uma autorização especial para a exploração mineral em suas terras. O episódio serviu para demonstrar que os Yanomami do Rio Cauaboris desconheciam o citado requerimento, como também para reafirmar o desinteresse pela exploração do subsolo de suas terras. Na carta-resposta, a Ayrca afirma que nunca teve participação na elaboração do referido requerimento e que esse foi produzido na ausência dos líderes e da diretoria da associação. Os autores do requerimento desautorizado pela Ayrca seriam, principalmente, o índio Júlio Góes e o militar conhecido como Sargento Félix, que serve no 5º BIS, em São Gabriel da Cachoeira(AM).

_______ Notícia Relacionada ________

Procuradora instaura processo para investigar a presença de turistas em terra Yanomami.

Está em fase de investigação a denúncia acatada pela Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira, procuradora regional da República da Sexta Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, sobre a presença de turistas brasileiros e estrangeiros em terra Yanomami, ocorrida há cerca de seis meses. A denúncia foi feita pela antropóloga Maria Inês Smiljanic Borges e gerou a instauração de processo investigativo. Em 24.11.00, o Ministério Público Federal enviou o ofício nº 460/2000 à Funai, no qual solicita esclarecimentos sobre a denúncia. Até o momento, não foi obtida resposta. A investigação vai levantar informações para concluir se houve negligência do posto da Funai próximo à área ou co-responsabilidade de algum funcionário, permitindo a entrada de turistas em terra Yanomami. Medidas preventivas para evitar invasões de terras indígenas por turistas poderão ser definidas pelo processo.

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Grupo Yanomami quer expulsar fazendeiros

Grupo Yanomami quer expulsar fazendeiros Cansados de esperar providências da Funai e Polícia Federal, um grupo de 143 Yanomami reuniu-se na aldeia Yawaripe (região de Ajarani I), nos dias 1º e 2 de junho, com o objetivo de discutir a retirada de 10 posseiros que persistem invadindo a área Yanomami, nas duas margens da BR-210 (Perimetral Norte), numa extensão de 10 quilômetros a partir do igarapé do Trinta até o rio Repartimento.

Armados com bordunas, arcos e flechas, e pintados para a guerra, os Yanomami queriam por conta própria expulsar os invasores. Presente na reunião, o representante da administração regional da Funai, Manuel Reginaldo Tavares, conseguiu evitar o confronto direto do grupo com os posseiros. Mas o recado à Funai foi claro: "esta é a última vez que encaminharemos documento. Será que vamos ter que fazer documento todo dia? A Funai esquece nosso documento, joga fora.", disse Marino Yanomami, um dos líderes da região.

Tavares argumentou que desde 1994 a Funai entrou com 10 ações na Justiça requerendo a indenização e retirada dos posseiros, mas a burocracia da Justiça brasileira atrasa o desfecho dos processos. "Todo lugar que a gente vai é para defender os direitos dos Yanomami, mas o mundo do branco é muito devagar, é como uma preguiça, tem muito papel", explicou. O representante da Funai demonstrou preocupação, pois a reação do grupo poderá levar a uma situação conflitante, onde os índios serão as principais vítimas. "Os Yanomami chegaram ao limite da tolerância. Eles não aceitam mais queimadas, doenças levadas pelos brancos, poluição dos rios, disseminação de bebida alcoólica e exploração da mão de obra indígena", completou Tavares.

O vice-coordenador do Conselho Indígena de Roraima CIR, Noberto Cruz, participou da reunião. Ele declarou apoio a qualquer ação que os Yanomami venham a promover, e comprometeu-se a cobrar agilidade da Funai e Polícia Federal para retirada dos fazendeiros. Ao final da reunião os participantes elaboraram documento à Funai, Ministério Público Federal, Presidência da República, Ministério da Justiça, Ibama e Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Uma comissão formada por cinco Yanomami está em Boa Vista para pressionar as autoridades competentes a tomarem as providências cabíveis.

___Tradução do documento de reunião no Ajarani___

Fonte: CIR - Conselho Indígena de Roraima


Para informações adicionais favor enviar e-mail para o escritório central da CCPY no seguinte endereço:

ccpydf@uol.com.br

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