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Brasília,

 

 

 

 


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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Livros, Eventos e Filmes

Data: Fevereiro, 2005
Titulo: Andujar revela a fragilidade e a beleza do ser
Fonte: Folha de São Paulo

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Fotógrafa está em cartaz com imagens da natureza e de locais do Brasil na Pinacoteca e com instalação na galeria Vermelho

Andujar revela a fragilidade e a beleza do ser


Maloca ianomâmi durante um incêndio em Roraima, que está em exposição de Claudia Andujar

Claudia Andujar - Divulgação

EDER CHIODETTO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O desterro e a fragilidade da condição humana são motivações que permeiam a obra da fotógrafa Claudia Andujar, a qual recebe uma oportuna revisão na mostra "A Vulnerabilidade do Ser", na Pinacoteca, no livro homônimo a ser lançado no próximo dia 19 e na instalação "Yano-A", na galeria Vermelho.

Nascida em 1931 em Neuchâtel, na Suíça francesa, Andujar viveu até os 13 anos na Transilvânia, de onde escapou da perseguição dos nazistas. Seu pai e parte de sua família não tiveram a mesma sorte: foram presos e mortos nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau. Após morar em Nova York, em 1955 reencontrou a mãe em São Paulo, para onde resolver se mudar. Em 1957 já havia se naturalizado brasileira ainda sem falar português.

Trabalhando na revista "Realidade", em 1971, Claudia Andujar conheceu uma aldeia de índios ianomâmis, contato que selaria seu destino e no qual ela trabalhou por muitos anos. Seu trabalho como fotógrafa e ativista foi fundamental na demarcação das terras ianomâmis.

Esse era o trabalho de Andujar conhecido até então e pelo qual a mesma já havia inscrito seu nome entre os mais importantes fotógrafos no Brasil. A revisão dos seus arquivos de quase 50 anos de atividades revelou, porém, um olhar ainda mais profícuo.

A mostra, que ocupa dois espaços distintos na Pinacoteca, tem no primeiro módulo, "Territórios Interiores", imagens cifradas da natureza. Incorporar a grandiosidade da natureza e do cosmo é uma forma de buscar respostas para a fragilidade do homem. O outro módulo, que batiza a mostra, possui imagens em preto-e-branco de diversos locais desse Brasil periférico, pontuado pela imagem de um parto.

Mas são nas imagens reunidas sob o título "Sonhos", que estão apenas no livro, e na instalação "Yano-A" que Andujar se alinha definitivamente à vanguarda estética. O que ela já obtinha através de elaborado trabalho de laboratório ganha nova vitalidade nas colagens e junções de imagens que recriam o universo onírico, os transes e a mitologia dos índios.

Na instalação "Yano-A", na galeria Vermelho, os artistas Gisela Motta e Leandro Lima se apropriaram de uma fotografia em preto-e-branco de uma maloca ianomâmi pegando fogo. Sobre ela projetaram luzes vermelhas e amarelas. A imagem original fica num projetor que contém água e, por sua vez, gera um movimento que, somado às cores, cria uma tensão tal que parece nos colocar diante do exato momento do instante fotográfico. Não vemos mais a fotografia, mas sim a recuperação do instante em que ela teria sido realizada. Artifício perturbador que faz o passado emergir fisicamente diante de nossos olhos e não apenas como memória reativa. A água que reacende o fogo e o faz crepitar no presente é mais um poético enigma dessa emocionada tradução de um artista por outro.

Senhora de sua obra, Andujar irrompe o limite entre documental e abstrato para criar um universo narrativo intenso e de rara poética. Ao apresentar seu trabalho em perspectiva, atesta que a vulnerabilidade do ser é diretamente proporcional à sua grandeza. Sua dor e sua libertação.
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A Vulnerabilidade do Ser


Artista: Claudia Andujar
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, centro, tel. 3229-9844)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 17h30; até 20/3 (no dia 19, às 15h, lançamento e debate do livro "A Vulnerabilidade do Ser", editado pela Cosac & Naify; R$ 65,00; 332 págs.)
Quanto: R$ 4,00 (gratuito aos sábados)

Yano-A


Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, Higienópolis, tel. 3257-2033)
Quando: ter. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 11h às 17h; até 5/3
Quanto: entrada franca

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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