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Notícias CCPY Urgente
Data: 6 - Agosto - 2002
Titulo: Yanomami quer reconhecimento de suas escolas
Fonte:
CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 29
Professores reivindicam aos Conselhos Estaduais de Educação Indígena do Amazonas e de Roraima o reconhecimento das escolas indígenas em funcionamento na Terra Yanomami
O grupo de 76 professores Yanomami, participante do curso de Economia e Ecologia, elaborou documento reivindicando junto às Secretarias de Educação e aos Conselhos Estaduais de Educação Indígena do Amazonas e de Roraima o reconhecimento das escolas existentes na Terra Yanomami e do trabalho que realizam. A carta foi elaborada no encerramento do curso para formação de professores, realizado na Aldeia Ajuricaba, município de Barcelos (AM).
No documento, líderes e professores indígenas informam que nas escolas yanomami, além da alfabetização na língua indígena, é ensinada aos alunos a história tradicional do seu povo em defesa da sua terra. Os estudantes indígenas têm também aulas de disciplinas da escola tradicional, como história e geografia do Brasil, matemática, português, ecologia e saúde.
No entanto, esse trabalho pedagógico yanomami ainda necessita de reconhecimento oficial por parte das Secretarias Estaduais de Educação e nem dos Conselhos Estaduais de Educação Indígena do Amazonas e de Roraima. O reconhecimento das instituições de ensino indígenas, por meio de decreto, é fundamental para que ela possam receber materiais didáticos e os professores serem remunerados pelo trabalho que realizam.
A seguir, a íntegra da carta elaborada pelos líderes e professores yanomami.
“Nós lideranças juntamente com os professores indígenas das escolas yanomami estivemos reunidos no Curso Economia e Ecologia para Formação de Professores Yanomami.
Por isso nós queremos dizer sobre o trabalho nas escolas Yanomami, na nossa Terra Indígena tem: escolas e professores atendendo alunos.
Nós professores ensinamos nossa língua Yanomami, por isso nós estamos participando do curso de formação dos professores. Nas nossas escolas nós ensinamos a nossa língua Yanomami, nossa História para defender nossa floresta, nossa Terra, nossos rios, nossa cultura. Nós também ensinamos o que aprendemos com os brancos, ensinamos Matemática, Português, Geografia, Ecologia, Saúde, História, também para defender nossa Terra.
Por isso nós estamos escrevendo esse documento para mostrar o trabalho nas nossas escolas.
A comunidade também participa das escolas. Os pata thë pë (os velhos) ensinam os professores, as crianças e os jovens.
Nós professores Yanomami escrevemos no Diário de Classe o que ensinamos para os nossos alunos. Nós professores Yanomami trabalhamos muito bem, por isso nós queremos o reconhecimento das nossas escolas pela Secretaria de Educação dos Estados de Roraima e Amazonas. Queremos que estas duas Secretarias Estaduais de Educação façam o decreto de criação de nossas escolas, parra podermos receber materiais escolares: cadernos, lápis, borrachas, canetas, lousas, giz, cartolinas, lápis de cor, hidrocor, e também recebermos salários para os professores Yanomami.
Junto com esta carta estamos enviando um documento com maiores explicações sobre o nosso trabalho nas escolas Yanomami.
Sim, a escrita acabou.
Atenciosamente
Lideranças e professores Yanomami.”
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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