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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 4 - Agosto - 2002
Titulo: Alto risco na selva. Alerta sobre Aids entre os índios trata da adesão de ianomâmis ao homossexualismo
Fonte: Revista VEJA

Um estudo que será divulgado pelo Ministério da Saúde neste mês confirma que os índios ianomâmis do extremo norte do país praticam cada vez mais um tipo de relacionamento que parece ter sido inusual antes do contato com o homem branco: o homossexualismo masculino. Com o trabalho, pretende-se que estudiosos se dediquem com mais afinco à análise dos hábitos sexuais entre os índios, um assunto que é tabu para a maioria dos pesquisadores. É a primeira vez que o homossexualismo entre os ianomâmis aparecerá num documento oficial, mas especialistas já polemizam sobre o tema há algum tempo.

Há cerca de 400 aldeias ianomâmis, com 11.500 índios. O homossexualismo foi detectado em pelo menos dez comunidades. No livro Trevas no Eldorado: como Cientistas e Jornalistas Devastaram a Amazônia, publicado neste ano, o jornalista americano Patrick Tierney explica que o hábito foi levado até os índios principalmente pelo antropólogo francês Jacques Lizot, que viveu mais de três décadas na região.

Sabe-se que relações homossexuais foram comuns em algumas comunidades isoladas, como testemunham desenhos rupestres encontrados na Serra da Capivara, no Piauí, por exemplo. Mas a análise do caso ianomâmi demonstra que a sodomia tem ares de novidade. Até a década de 80, os pesquisadores não faziam menção ao homossexualismo. Mais recentemente, o historiador Victor Leonardi, da Universidade de Brasília, registrou o surgimento da prática em suas pesquisas. Liderado pelo sociólogo Ivo Brito, o trabalho mais recente trata também de outros grupos em que a prática se disseminou. Em 1974, o sertanista Ezequias Paulo Heringer denunciou o colega Antônio de Souza Campinas por ter se envolvido sexualmente com homens das tribos dos panarás, no Mato Grosso. O próprio Heringer foi assediado pelos índios. O caso foi apurado e Campinas, afastado das atividades.

O homossexualismo no meio dos índios não tem o mesmo significado cultural que se conhece no mundo urbano. Não representa, por exemplo, mudança na orientação sexual do índio. "A prática pode ter um sentido mágico ou esportivo", explica Ivo Brito. Para o etnólogo e professor de pós-graduação Mauro Cherobim, da Universidade Estadual Paulista, esses índios só seriam considerados gays se a própria comunidade passasse a entender, como os brancos, que há no meio dela os homens, as mulheres e os que têm uma orientação sexual diversa da desses dois grupos. Isso já foi visto em outras tribos. Num caso descrito pelo pesquisador francês Pierre Clastres, dois índios guaiaquis, do Paraguai, considerados incompetentes para a caça, foram trabalhar em atividades femininas, como a coleta de frutos. Um deles passou a se comportar como mulher, transformando-se em parceiro sexual de outros índios.

No meio dos navajos, nos Estados Unidos, os colonizadores europeus encontraram homens que desempenhavam os mesmos papéis das mulheres, vestindo-se como elas. Para os outros integrantes da comunidade, eles eram mulheres, não homossexuais. Ninguém se arrisca a opinar sobre como a situação evoluirá entre os ianomâmis. "Só eles mesmos poderão dizer, no futuro, que definição cabe a seu comportamento", conclui a professora de antropologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Maria Luiza Heilborn. Para o Ministério da Saúde, o importante é que eles pelo menos não se transformem em novas vítimas da Aids. (Leonardo Coutinho)

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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