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Notícias CCPY Urgente
Data: 17 - Agosto - 2001
Titulo: Funai tem operação de desintrusão programada para setembro
Fonte:
CCPY - Comissão Pró-Yanomami, Boletim 19
Segundo administrador do órgão indigenista em Boa Vista, quatro grandes garimpos em atividade na área, além de outros menores, deverão ser desativados a partir do próximo mês
A
presença ilegal de exploradores de ouro dentro da Terra Indígena Yanomami é crônica.
Segundo uma estimativa feita pela Administração Regional da Funai em Boa Vista,
há hoje ainda cerca de 300 intrusos envolvidos com a extração ilegal de ouro
das terras yanomami no Brasil. O número, segundo o administrador da Funai em
Roraima, Martinho Alves de Andrade Júnior, é resultado de um levantamento feito
através de sobrevôos em toda a área indígena no último mês de junho. A
“operação de varredura” identificou, segundo Martinho, oito pistas de pouso em
atividade e quatro garimpos “de vulto” dentro da terra yanomami. A estimativa
de 300 garimpeiros resulta da soma dos invasores calculados nestes quatro
garimpos com os indícios de outros menores verificados nos sobrevôos. Os quatro
maiores garimpos identificados estão localizados nas regiões do Paapiú e Alto
Catrimani (região central da terra indígena), Parafuri (a oeste da terra
indígena) e Ericó (a leste da área Yanomami).
É
possível que haja outros garimpos menores não identificados pelos sobrevôos da
Funai. Durante o curso do PEI na Missão Catrimani, alguns Yanomami denunciaram
a existência de um novo garimpo no rio Pacu, na Serra da Mocidade. De acordo
com o administrador da Funai em Boa Vista, dois sobrevôos na região não
detectaram sinais visuais de presença garimpeira – água turva, acampamentos e
desmatamento característicos da atividade garimpeira. Segundo Martinho, a
denúncia dos Yanomami leva a crer que os ruídos ouvidos por eles fossem de
helicópteros. Mas, para o servidor da Funai, o preço do frete de um helicóptero – cerca de R$ 1,5 mil em Boa
Vista – não é viável para a empresa garimpeira. “Acreditamos nos índios,
parceiros importantes para identificarmos os garimpos, mas pode ser outra
atividade diferente do garimpo”, disse o administrador da Funai.
Martinho
informou que a Funai, em parceria com outros órgãos federais, está preparando
uma operação de retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, a ser
deflagrada em setembro, quando tem início a estação seca na região. Uma série
de sobrevôos, acompanhados de incursões por terra, serão realizados até
dezembro. Segundo suas informações, estariam disponíveis R$ 500 mil do
orçamento do órgão indigenista deste ano para as atividades de fiscalização e
desintrusão de todas as terras indígenas de Roraima; entre 70% e 80% desse
montante será consumido nas operações envolvendo a Terra Indígena Yanomami.
“Este é o recurso mínimo, poderemos obter mais se for necessário”, informa o
administrador do escritório da Funai em Boa Vista.
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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