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Representantes
da Funai (Fundação Nacional do Índio), Polícia Federal e Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente) vão se reunir em Brasília, no próximo dia 14, para acertar
detalhes de uma nova operação para retirar garimpeiros que trabalham ilegalmente
na reserva Yanomami em Roraima.
A decisão
do Governo Federal em editar uma nova "Operação Yanomami" para desintrusão
da área partiu após os índios entregarem um documento ao Ministério Público
Federal, ao Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Defesa e Ministério da
Justiça denunciando a invasão garimpeira.
O documento
é resultado da assembléia anula do povo Yanomami realizado no dia 18 de fevereiro,
quando 217 líderes de 41 aldeias estiveram reunidos. Eles relatam às autoridades
brasileiras as inúmeras invasões de garimpeiros em suas terras e denunciam que
a cada três dias um avião pousa em uma pista clandestina trazendo mais invasores,
sem que passem por nenhum obstáculo.
Conforme
informes divulgados pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), as invasões
têm causado muita preocupação aos Yanomami, pois doenças estão sendo transmitidas
e os índios mais jovens estão sendo incitados a fazer o que os garimpeiros pedem,
muitos deles bebem e usam armas de fogo. "Nos últimos quatro meses, seis
índios foram mortos e outros quatro foram feridos gravemente", informa
o Cimi.
No dia
9 de dezembro de 2002, lideranças da aldeia Paapiú denunciaram à Funai a ocupação
de suas terras. O documento relata todos os horários que os aviões pousavam
na pista trazendo mais invasores.
No documento,
o povo pede ações mais enérgicas do governo contra a presença de garimpeiros
e fazendeiros em suas terras. "As autoridades devem retirar imediatamente
os garimpeiros porque nós não queremos que as epidemias voltem a matar o nosso
povo (...) e devem retirar também esses fazendeiros".
As lideranças
Yanomami também denunciaram a presença dos quartéis do Exército nas aldeias
Maturacá, Surucucu e Auaris e afirma que não concordam com a atuação dos militares
em suas terras.
"Quando
os militares quiserem fazer alguma coisa em nossas florestas, é necessário primeiro
consultar todas as lideranças Yanomami. Nós nunca fomos consultados e é por
isso que o comportamento dos militares em nossas terras é na maioria das vezes
irresponsável, o lixo não é tratado adequadamente, é oferecida bebida alcoólica
aos indígenas, são mantidas relações sexuais com as nossas mulheres e os garimpeiros
não são retirados de nossas florestas", relata o documento.
Perto
das aldeias há dois pelotões de fronteira do Exército e instalações do Serviço
de Vigilância da Amazônia (Sivam). Os índios afirmam que há garimpeiros brasileiros
e outros que entram no país vindos da Venezuela.
"O
número de garimpeiros está aumentando nas regiões do Paapiú, Ericó, Parafuri,
Yawarata, Alto Catrimani e Waikás. Não queremos que as epidemias voltem a matar
nosso povo. Fazendeiros também estão em nossa floresta, na região de Ajarani.
Nós estamos muito revoltados porque esses fazendeiros estão dando bebida alcoólica
para os ianomâmi", afirma outro trecho do documento assinado pelas lideranças.