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Brasília,     


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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 15 - Março - 2003
Titulo: Fotografia: Rostos da Floresta
Fonte: Correio Brasiliense (Nahima Maciel)

Fotógrafo Valdir Cruz busca apoio para exposição e edição de livro com registros de 18 aldeias Yanomami. As imagens revelam o drama dos índios, vítimas de malária e da ação do mercúrio usado pelos gar

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A primeira expedição à região amazônica foi de impacto. Até então habituado a esmiuçar absolutamente todos os detalhes estéticos de uma futura imagem, o fotógrafo Valdir Cruz acalentava a idéia de retratar povos da Amazônia. Pensava em todos os elementos que deve analisar um fotógrafo na hora de compor bela imagem, mas sentiu certo ar de fracasso quando se deparou com as tribos Yanomami localizadas na fronteira com a Venezuela.


Fotos: Valdir Cruz/Reprodução

Acompanhava Valdir o cacique Davi Kopenawa Yanomami, que conhecera em Nova York, em 1995, durante pronunciamento na ONU sobre o perigo de extinção da etnia, e visitava a comunidade no norte da Amazônia. ‘‘Queria criar fotografias, criar imagens. Mas, durante as três semanas que fiquei com Davi, percebi que era um erro e que tinha de estudar uma forma de trabalho que pudesse contribuir com eles’’, conta o fotógrafo.

A preocupação apenas com aspecto estético deu lugar a projeto mais amplo: Valdir queria não só sensibilizar os espectadores para os problemas que atingem os Yanomami, mas também dar a esse povo algum retorno social. ‘‘Me associei a elementos que trabalham com a saúde e consegui doações de remédios nos Estados Unidos. Aí, percebi a situação: tenho o poder de criar as imagens, o poder da fotografia e podia usar isso na área social’’, explica. As comunidades Yanomami sofrem com as conseqüências do contato com os brancos. A aproximação, especialmente com garimpeiros, há mais de 20 anos, trouxe doenças às quais os indígenas não têm resistência. Segundo levantamento publicado pelo Instituto Socioambiental, metade dos Yanomami mortos em 2000 padeceram de malária e gripe.


Durante oito anos, o fotógrafo registrou
cenas do cotidiano dos índios Yanomami:
“quero preservar a memória”, diz.

Radicado em Nova York há 18 anos, o fotógrafo paranaense dava os primeiros passos em território novo. Até então, Valdir trazia no currículo trabalhos de peso — realizou ensaios com Henry Kissinger, Miles Davis, Tom Jobim, Octavio Paz e trabalhou com o diretor Spike Lee —, mas nada cujo enfoque fosse tão humanitário quanto o registro de comunidades isoladas.

À viagem com Davi, em 1995, seguiram-se muitas outras. No total, foram oito anos entre idas e vindas a mais de 18 aldeias localizadas no norte da Amazônia, a maioria em território venezuelano. Em 1996, o fotógrafo foi contemplado com bolsa da Fundação Guggenheim, com a qual custeou boa parte das expedições. O resultado plástico está no livro Faces of the Rainforest, também financiado pela Guggenheim e publicado no ano passado pela editora norte-americana Power House.

Nesta semana, Valdir desembarcou no Brasil para divulgar o livro e visitar instituições interessadas em receber a exposição Faces da Amazônia. Em Brasília, o projeto foi apresentado à Caixa e ao Instituto Takano, interessado em editar a publicação. As 87 imagens de Faces of the Rainforest são fruto de um minimalismo do qual Valdir não abriu mão nem quando trafegava por regiões de difícil acesso e totalmente isoladas. Com sofisticado tratamento gráfico, prefácio do ativista Trudie Styler, posfácio de Vicki Goldberg, crítica do jornal The New York Times, e ensaio do antropólogo Kenneth Good, o livro causou impacto nos Estados Unidos, país sempre atento às questões ‘‘amazônicas’’.

Compromisso

Mas Valdir não teme ser acusado de oportunista. Ao contrário, está aliviado com o documento. Também não encara o trabalho como antropológico, como rotularam muitos críticos norte-americanos. ‘‘Desde que assumi esse compromisso de trabalhar na Amazônia com comunidades indígenas, decidi fazer uma série de livros para preservar a memória. O que vai restar será a memória. Não venham me contar histórias de que os Yanomami vão existir em 100 anos da mesma forma que hoje. Esse documento será referencial para nós e para o próprio Yanomami, que em 100 anos poderá olhar esse livro e reconhecer como viviam seus antepassados’’, diz.

O mais importante, e talvez o acerto maior da lente de Valdir, é manter a espontaneidade dos rostos captados. Faces of the Rainforest pode ser documento visual antropológico, mas antes disso é homenagem às comunidades visitadas pelo fotógrafo. Não se pode ignorar a dignidade captada nos olhares diretos dos personagens nem a cumplicidade do fotógrafo com os índios. Nem mesmo quando os sujeitos são uma criança deformada de nascença por conta do mercúrio despejado nos rios pelos garimpeiros e um velho doente nu, de cócoras, confortavelmente acomodado na terra onde nasceu.

Valdir parece gostar das pessoas fotografadas. Num gesto de reciprocidade, é recebido com generosidade. Algumas imagens, como a cena de uma caçada, revelam a participação do fotógrafo em atividades vitais da tribo. Há humildade também em certos registros que nada têm de extraordinário no quesito composição, como a foto em que jovens e crianças posam para ‘‘álbum de família’’, embora passem por tratamento laboratorial para ressaltar tonalidades e contrastes.

A mesma preocupação acompanha Valdir nos projetos surgidos de Faces da Amazônia. As comunidades Macuxi, Kaxinawa, Matis, Yawakanawa estão no roteiro do fotógrafo e devem virar livros semelhantes aos dos Yanomami.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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