Untitled Document
Duas reservas
indígenas Ianomâmi e São Marcos e uma unidade de conservação Caracaraí já
foram atingidas pelos incêndios florestais que devastam o Estado de Roraima
há 40 dias. Segundo os órgãos ambientais, é o cenário mais grave desde 1998,
quando cerca de 3.000 km² foram queimados.
De acordo
com os técnicos do Ibama e da Defesa Civil, o fogo tem chegado a regiões de
mata contínua e de serra, áreas em que o combate é praticamente impossível.
Sexta-feira
à tarde os ministros José Viegas (Defesa), Ciro Gomes (Integração Nacional)
e Marina Silva (Meio Ambiente) estiveram reunidos traçando novas estratégias
de atuação para Roraima. Ficou decidido que os pequenos agricultores que perderam
suas safras vão ter direito a uma compensação financeira; haverá também reforço
no contingente de homens e equipamentos para debelar o fogo. A Defesa Civil
mantém 11 bases de combate ao fogo espalhadas pelo Estado. Uma força-tarefa
com homens de Brasília e de Manaus está sendo montada para ajudar nos trabalhos.
Atualmente, 640 pessoas, incluindo homens do Exército e da Polícia Militar,
estão envolvidas no enfrentamento do fogo. Cinco helicópteros também participam
das operações, além de caminhões. O governo estadual empregou, de janeiro até
agora, R$ 1,2 milhão para manter a logística de combate aos incêndios. Não há
estimativas recentes de quanto já foi destruído pelo fogo.Havia duas semanas,
o Ibama falava em 100 km², o que equivale a cinco vezes o tamanho do arquipélago
de Fernando de Noronha.
As causas
As queimadas
sem uso de técnicas adequadas promovidas por pequenos agricultores e as condições
climáticas de pouca umidade, segundo o Ibama, são as principais responsáveis
pelos incêndios florestais. “Temos de encontrar um modelo de desenvolvimento
específico para a Amazônia, com culturas perenes, com técnicas extrativistas
sustentáveis, sem o uso do fogo”, disse a ministra Marina Silva, que deve chegar
hoje a Roraima. A estação ecológica de Caracaraí (80.560 hectares), que teve
quase metade de sua vegetação arrasada pelas chamas, ainda apresenta duas frentes
de fogo ativas, mas sob controle.
Seguro
do fogo
Para evitar
a propagação do fogo, uma das soluções discutidas ontem é pagar um seguro para
os agricultores que ainda não atearam fogo à mata. No mesmo modelo do seguro
que o governo vem pagando a agricultores atingidos pelas secas. A ministra Marina
anunciou ainda que o governo estuda um projeto de desenvolvimento para os pequenos
agricultores de Roraima, que prevê o incentivo à substituição de culturas. A
idéia é investir em plantios mais perenes, como árvores frutíferas típicas da
região. Com isso, o governo poderia evitar grande parte dos incêndios no Estado