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A nova
tragédia ambiental que se abate sobre Roraima era previsível. Todos os anos
- é da nossa tradição predadora -, a derrubada de árvores avança na floresta,
hora feita por pequenos produtores; hora por pecuaristas que compram gado magro
no lavrado para engordá-lo nas pastagens artificiais. Nos campos gerais, o que
resta de pecuaristas gosta de queimar o capim seco para vê-lo renascer verde,
com as águas. Ah! Os índios são grandes predadores; eles gostam do pasto verde
e com o capim baixo, reduzem o risco da mordida da cascavel.
Esse pouco
respeito ao meio ambiente é explicado como um traço da cultura local. Diz-se
que é impossível evitar o fogo, porque necessário para a sobrevivência do rurícola,
seja ele, pequeno ou grande; índio ou branco. Para a sobrevivência dessa gente,
paga-se um custo ambiental que chega a bilhões de reais (faltam métodos científicos
para calcular) todos os anos.
Esses argumentos
são surrados, mas até hoje acreditados e continuam a justificar o crime ambiental.
Está na
hora de todos em Roraima pensarmos diferente. É preciso fazer uma avaliação
do custo/benefício dessas atividades que destroem irreversivelmente o meio ambiente,
mesmo reconhecendo que elas geram renda e emprego. Quem sabe, não se chegue
à conclusão de que elas não valham a pena? Existem, com certeza, outras alternativas,
com menos custo social, para empregar essa gente que queima e depreda. Só precisamos
ousar e ter coragem política para decidir.
NO
CENTRO - Roraima esteve ontem no centro das preocupações do núcleo
de poder da República. Pelo menos três importantes reuniões foram realizadas
entre integrantes do primeiro escalão do governo Lula da Silva (PT), para tratar
sobre o descontrolado incêndio que torra a fauna e a flora do Estado. Uma dessas
reuniões teve a presença ativa do próprio presidente da República.
MINISTROS
- Além da reunião do presidente Lula da Silva com os ministros mais
próximos, mais de uma dezena de outros ministros estiveram reunidos em Brasília,
para tratar dos incêndios em Roraima. Na maior delas, realizada no Gabinete
de Segurança Institucional, ficou definida a participação crescente de especialistas
e contingentes militares de outros estados, no combate às chamas.
YANOMAMI
- Surpreso com a intensa movimentação do primeiro escalão da República
preocupado com Roraima, um parlamentar da bancada federal do Estado justificou:
"Brasília quase nunca se preocupa com o drama dos estados pequenos. Por
isso estranhei a rápida ação de vários ministérios em torno do assunto, mas
logo matei a charada; o corre-corre veio depois da notícia que o fogo já chegara
à grande reserva yanomami".