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Márcio
Thomaz Bastos, ministro da Justiça, com o deputado
Átila Linz e o governador Flamarion Portela: audiência pública
na Comissão da Amazônia do Congresso
A
audiência pública realizada ontem na Comissão da Amazônia
do Congresso Nacional para debater a questão fundiária de Roraima
serviu para evidenciar dois pontos essenciais: a união da bancada federal
local e a vontade do governo Lula em não homologar as seis áreas
pretendidas no Estado, entre elas a Raposa/Serra do Sol, sem um debate aberto
com a sociedade roraimense.
Estiveram presentes na reunião o ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça), o governador Flamarion Portela (PT), lideranças indígenas
e toda bancada federal de Roraima, exceto o deputado Chico Rodrigues (PFL),
que convalesce de uma cirurgia.
Ficou decidido que uma comissão nacional visitará Roraima em junho
e ouvirá todos os segmentos envolvidos na demarcação de
reservas. “Pretendemos fazer uma inspeção séria,
cuidadosa e planejada para depois levar ao presidente da República a
opinião do Ministério da Justiça sobre as demarcações
de reservas indígenas em Roraima”, disse Márcio Thomas Bastos,
que comandará os trabalhos da comissão no Estado. Apesar de se
sensibilizar com o problema, o ministro evidenciou que seria precipitação
se posicionar agora.
Pressão
Márcio Thomaz Bastos fará um mapa da situação dos
1.700 hectares de terras indígenas de Raposa/Serra do Sol, onde vivem
cerca de 12 mil índios. Informou ainda que o presidente da Funai, Eduardo
Aguiar de Almeida, irá acompanhá-lo. O ministro quer olhar de
perto a situação para tomar uma decisão que atenda ao interesse
da sociedade local. “Ouviremos todos os lados”, assegurou. O governo
Lula tem recebido pressão de algumas entidades indígenas e de
Organizações Não Governamentais (ONGs) para homologar rapidamente
a reserva Raposa/Serra do Sol em área contínua. No entanto, boa
parte dos próprios índios é contra esse modelo, considerado-o
fator de entrave ao desenvolvimento do Estado, que teria seu potencial produtivo
altamente prejudicado.
Diálogo
Esse aspecto foi apresentado por Flamarion Portela na audiência pública,
que durou mais de duas horas. Durante 30 minutos, o governador explanou a visão
do Estado quanto à definição de forma contínua da
Raposa/Serra do Sol. Alertou que compromete o progresso de Roraima porque existem
municípios e vilas instaladas nessa área, além se setores
produtivos como os rizicultores. “Trata-se de uma questão que deve
ser amplamente debatida e a sociedade dizer o que é melhor, pois esse
é um caminho democrático para se encontrar uma solução
que gere paz e desenvolvimento sócio-econômico ao povo roraimense,
garantindo bem-estar aos índios e não índios”, enfatizou
Flamarion Portela, ressaltando que a maioria dos indígenas não
defende o isolamento.
Unidade
Os parlamentares mantiveram um discurso comum. Não são contra
demarcações, mas não aceitam o modelo proposto pela Funai.
“Roraima não quer excluir os indígenas ou deixar de demarcar
reservas e sim fazê-las sem afetar a produtividade, o desenvolvimento
que o Estado precisa ter para gerar emprego e renda ao seu povo”, afirmou
o deputado Alceste Madeira (PMDB). Para o senador Romero Jucá (PMDB),
é preciso estabelecer as áreas destinadas às reservas indígenas,
à preservação ambiental e à produção.
“A partir daí, o Estado poder planejar seu futuro”. O deputado
Luciano Castro (PL) frisou ser preciso criar um modelo justo e se definir essa
questão de uma vez por todas. “Isso dará tranqüilidade
aos índios e ao resto da população”, salientou.