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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Notícias CCPY Urgente

Data: 13 - Junho - 2003
Titulo: Ministro da Justiça almoça com professores yanomami
Fonte: CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 38

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reuniu-se no dia 12 último com os professores que participam do III Curso de Formação para o Magistério, na Casa Paulo VI, em Boa Vista. O ministro almoçou com o grupo e segundo o professor yanomami da aldeia Ajuricaba, Antonio Paquidari, o encontro foi importante para que o ministro pudesse “ver de perto a nossa cultura, nossos projetos e a nossa capacidade de nos comunicarmos através da leitura e da escrita”. Uma sessão de xamanismo por Levi Yanomami do Toototobi abriu a reunião organizada após o almoço com explicações de Davi Kopenawa sobre a importância fundamental deste aspecto da cultura yanomami para sua continuidade.

Embora demarcada, a Terra Indígena Yanomami ainda é alvo da ganância e da falta de escrúpulos de garimpeiros e fazendeiros, fato sublinhado por Davi em sua fala durante o evento. O encontro do ministro com os líderes e professores indígenas foi mais uma oportunidade de reivindicar do Estado brasileiro uma atuação mais firme e rigorosa contra as invasões da Terra Yanomami, considerando todo o impacto negativo que essas ações representam para a cultura e a saúde yanomami. Por fim, os Yanomami reafirmaram o seu apoio inconteste à homologação da demarcação da Terra Indígena Raposa Terra do Sol, como área contínua, conforme promessa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e entregaram ao ministro os documentos apresentados a seguir.

CARTA DOS PROFESSORES YANOMAMI AO MINISTRO

Boa Vista, 11 de Junho de 2003.

Senhor Ministro da Justiça
Márcio Thomaz Bastos

Tradução para a Língua Portuguesa:

As lideranças Yanomami e nós, jovens Yanomami, fizemos esta carta. Nós Yanomami queremos ajudar nossos parentes Macuxi. Os que vivem aqui, em Roraima, não querem que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça a homologação das terras Macuxi. Por isso nós, Yanomami, ficamos muito tristes. Os que vivem em Roraima querem arrancar nossa floresta, por isso nós também falaremos em defesa deles.

Vocês, autoridades, devem fazer rapidamente a homologação das terras Macuxi. É a terra deles, por isso eles devem morar lá. Quando vocês, autoridades, preservarem as terras deles, nós, Yanomami, também ficaremos felizes. Quando isso ocorrer, nós, Yanomam,i e vocês, brancos, todos nós, viveremos bem e com saúde.

Nós, professores Yanomami, fizemos este documento.

Vocês, grandes homens, autoridades, devem ver este documento, vocês nos ajudarão. Quando nós vamos à cidade nós nos sentimos carentes, pois não temos documentos. Por isso, nós queremos nossas carteiras de identidade, nosso CPF. Nós queremos também poder fazer outros documentos, quando você ordenar o pessoal da Funai de Roraima e do Amazonas.

Você é um grande homem, uma autoridade, você é ministro, por isso, ordene.

No início nós pedimos documentos à Funai, mas eles não nos responderam. Por isso queremos pedir agora novamente a você. Agora você realmente nos ouve. Você é importante, se não nos ajudar, os documentos não surgirão. Se não tivermos documentos não conseguiremos nossos salários. Se você nos ajudar com os documentos, nós, professores Yanomami, ficaremos muito felizes. Quando você nos ajudar, nós lhe demonstraremos toda nossa amizade

. Há ainda outras palavras. Não nos esqueça. Vocês devem resguardar nossa floresta. Os garimpeiros ainda insistem em vir à nossa floresta. Há também fazendeiros. Vocês devem retirá-los rapidamente de nossas terras. Nós não os queremos, pois não desejamos voltar a sofrer com as grandes epidemias. Já foram feitas a demarcação e a homologação de nossa terra, mas há ainda fazendeiros que vivem dentro dela, no Ajarani. Garimpeiros ainda trabalham no alto do rio Catrimani (Wakathau). Há também garimpeiros em outros locais: Paapiu, Surucucu, Parafuri, Koniu, Ericó, Parimiu, Uraricuera, Baixo Mucajai, Baixo Catrimani, Maturacá (Amazonas), Yawaratau.


CARTA DOS AGENTES YANOMAMI DE SAÚDE AO MINISTRO

Boa Vista, 11 de junho de 2003

Exmo. Sr.

Sim, Senhor Ministro da Justiça, enquanto ‘grande homem’ (liderança), escute a voz dos Yanomami.É assim que nós pensamos.

Se o Senhor, ‘homem importante’, escrever para a demarcação da Raposa/Serra do Sol, nós, Yanomami, estaremos felizes. De fato, nós queremos ajudar os parentes que moram nesta terra e por isto escrevemos estas palavras.

Os Macuxi há muito tempo pediram esta demarcação, mas ela não aconteceu. Por isso, hoje, nós, Yanomami, queremos dar nosso apoio a eles.

Assim sendo, Senhor Ministro da Justiça, faça realmente esta demarcação agora e não nos engane! Há muito tempo os brancos nos enganaram com isto, e não queremos mais ser enganados.

Sim, Senhor Ministro da Justiça, temos outra coisa a dizer, porque quando chegamos à cidade ouvimos uma notícia, uma notícia ruim e por isso queremos clarear as coisas. Os políticos de Roraima falaram mal das ONGs e nós, todos os Yanomami, ficamos preocupados. Por isso, Senhor Ministro, queremos que o Senhor fique ciente: estas ONGs trabalham muito bem; assim, no começo, a malária era muito grande entre nós e as ONGs a reduziram muito agora. Por isso, quando os políticos de Roraima falam estas coisas, por favor, não escute as palavras deles. Sim, nós contamos as coisas para o Senhor da maneira como nós, Yanomami, pensamos, para que agora elas fiquem claras para o Senhor. Por isso, não escute só os políticos daqui, escute também a palavras dos indígenas. Se o Senhor fizer isto, vai ser realmente muito bom.

Sim, é isto que nós, Yanomami, queríamos dizer ao Senhor, por isto escrevemos estas palavras.

Nós, verdadeiros Yanomami que fizemos esta escrita, colocamos nossos nomes aqui.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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