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Yanomami na Imprensa
Data: 9 - Novembro - 2003
Titulo: Criança yanomami está vivendo no Hospital Santo Antônio
Fonte:
Brasil Norte
A criança recebe o carinho dos funcionários do Hospital, que doam brinquedos, roupas, perfumes, sabonete e fraldas
Em razão da cultura dos povos Yanomami, uma criança nascida em abril deste ano foi abandonada pela mãe, por ter nascido com má formação congênita. A menina nasceu com o esôfago fechado e com o ânus sem abertura.
Depois de abandonada, membros de uma Organização Não-Governamental (Ong) que trabalham na área indígena, a trouxeram até Boa Vista, onde ela ficou internada na Maternidade por um mês, depois foi transferida para o Hospital da Criança Santo Antônio, onde está há cinco meses.
Sem o apoio da família, a criança recebe até hoje o carinho dos funcionários do Hospital, que doam brinquedos, roupas, perfumes, sabonete e fraldas. No bloco F do Hospital da Criança, os enfermeiros e auxiliares que ficam no plantão se responsabilizam em cuidar da criança, que já virou o xodó das equipes de enfermagem.
A enfermeira Isabel Filisola contou que através de uma funcionária que trabalha no Hospital à serviço da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a menina foi registrada oficialmente. A escolha do nome surgiu em pesquisa realizada entre os funcionários, o nome vencedor tem as iniciais N.R.I. Isabel disse que N.R.I. fez uma correção cirúrgica, onde foram abertos orifícios para que ela comesse (atualmente isso só ocorre através de sonda) e para fazer suas necessidades fisiológicas.
Segundo a enfermeira, a preocupação dos funcionários que hoje cuidam da criança é que ela, ao retornar para a sua comunidade, não se adapte com os costumes indígenas e o pior: que seja rejeitada pelos problemas de saúde e venha morrer. “Acho que a Justiça tem que ser acionada e seja aberto um processo de adoção, mas não sabemos se isso pode acontecer, afinal de contas, essa criança precisa de cuidados médicos e não pode mais retornar para a comunidade”, disse.
Promotor
O promotor da Infância e Juventude, Márcio Rosa, disse que a criança indígena rejeitada pelos pais por conta da doença pode ir para adoção. Segundo ele, isso só ocorre se for comprovado e nesse caso, se houver interessados, eles devem pedir isso na Justiça, seja através de um advogado particular ou da Defensoria Pública. De acordo com ele, o local a ser procurado é o Juizado da Criança e do Adolescente.
O promotor disse também que indígena ou não indígena, sendo criança está inserida no Estatuto da Criança e do Adolescente. “Ficando provado que a criança foi banida pelos pais, ela pode ir para adoção, o que é ilegal é os pais entregarem para alguma família cuidar, sem os trâmites legais”, disse.
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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