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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Notícias CCPY Urgente

Data: 27 - Novembro - 2003
Titulo: Yanomami participam de intercâmbios patrocinados pela RCA-Brasil
Fonte: CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 44

A Comissão Pró-Yanomami (CCPY), assim como outras organizações não-governamentais, integram a Rede de Cooperação Alternativa- Brasil (RCA-Brasil), criada para permitir que as associações indígenas e ONGs parceiras possam ter voz nas políticas públicas que incidem sobre os direitos e interesses indígenas, principalmente nos setores educativo, ambiental e do desenvolvimento sustentável. O projeto de intercâmbio das ONGs pretende contribuir para a superação das desigualdades sócioculturais que afetam os povos indígenas, permitindo que eles sejam atores na elaboração das políticas públicas para os setores social, ambiental e cultural nas regiões em que vivem. A proposta visa estimular a troca de experiências entre as comunidades indígenas e seus projetos, promovendo encontros temáticos para produzir e divulgar informações entre si. Foi neste contexto que vários Yanomami participaram recentemente de encontros no Parque Indígena do Xingu, bem como nas áreas Tikuna (AM) e Guarani (SP).

Visita ao Parque Indígena do Xingu-PIX
A devastação da floresta das matas ciliares, a poluição dos rios e a pressão das plantações de soja sobre as terras indígenas impressionaram os professores Ênio e Marinaldo Yanomami, que visitaram o Parque Indígena do Xingu juntamente com Davi Kopenawa. Os docentes yanomami, acompanhados pela assessora de educação Simone de Cássia Ribeiro (CCPY), tiveram contato durante a viagem com outras formas de aprendizado para o magistério indígena, participando dos cursos ministrados no PIX sob a égide da ATIX (Associação Terra Indígena Xingú) e do ISA (Instituto Socioambiental).

Davi Kopenawa, por sua vez, cumpriu uma missão diplomática ao atender convite feito pelas lideranças xinguanas, algumas das quais recém-visitantes da sua aldeia, Watoriki (Demini). Diante da importância política da viagem, os professores seguiram Davi Kopenawa em toda sua visita as aldeias do PIX. Eles conheceram assim outras formas indígenas de organização social, política e econômica. A presença de Davi no curso de formação de professores xinguanos foi avaliada por todos como altamente relevante, em vista do seu enfático discurso a favor da escola indígena.

As extensas lavouras de soja em torno do Parque Indígena do Xingu e seu impacto no meio ambiente regional foram temas constantes das conversas formais e informais entre visitantes Yanomami e os grupos xinguanos. Os Yanomami testemunharam também um encontro entre os líderes indígenas do Xingu e o governo de Mato Grosso e onze prefeitos dos municípios do entorno do PIX. Os líderes indígenas do PIX manifestaram aos políticos a insatisfação das suas comunidades com a relação predadora dos fazendeiros com os recursos naturais, principalmente com os rios, hoje poluídos em suas cabeceiras pelos resíduos de agrotóxicos aplicados nas lavouras, provocando a morte de animais de caça e de peixes. Os índios xinguanos denunciaram também as constantes invasões das suas terras por madeireiros e fazendeiros que tentam ampliar suas propriedades, ameaçando-os de morte caso as comunidades resistam às estas invasões. Os líderes indígenas exigiram das autoridades — governadores e prefeitos — a recuperação ambiental das matas ciliares e a garantia do respeito à distância legal que as fazendas têm que ter das margens dos rios. Os Yanomami ficaram muito interessados no sistema de vigilância dos índios xinguanos sobre suas terras. No Posto Diauarum, o líder Mairawê Kayabi, presidente da ATIX, convidou Davi Yanomami para um sobrevôo de inspeção a fim de averiguar uma denúncia de invasão no parque. Embora a reclamação não tenha se confirmado, Davi pôde observar como os índios do Xingu realizam o trabalho de vigilância sobre os limites do seu território. Chamou também a atenção dos Yanomami as associações indígenas existentes no PIX, instrumento social com o qual as comunidades indígenas do PIX começaram a reforçar sua autonomia no gerenciamento de atividades, serviços e recursos no contexto do seu relacionamento com a sociedade envolvente. Os jovens professores yanomami e Davi Kopenawa tiveram contato com várias dessas associações que têm diferentes finalidades, desde a venda de artesanatos, passando pelo resgate das tradições culturais até a vigilância das terras, construção de escolas e pagamento de salários de professores.

Visita aos Ticuna (AM)
Dois outros professores Yanomami —Koyorino Watoriki e José Arari Pakirapiu, acompanhados do assessor de educação da CCPY Maurice Tomioka Nilsson— participaram do curso de formação de professores Ticuna, Kokama e Kaixana no Amazonas. O curso reuniu cerca de 400 participantes. Esse elevado número explica-se pelo fato dos Ticuna serem considerados o grupo indígena mais numeroso do país, com quase 41 mil pessoas, distribuídas em 23 terras indígenas na região norte do Amazonas. Outros nove mil Ticuna vivem na Colômbia e no Peru. O grupo também é pioneiro na área da educação indígena no Brasil em função da sua longa experiência de contato com os Brancos e do dinamismo das lutas pelos seus direitos.

Os Tikuna começaram a lutar pela garantia de suas terras desde o fim dos anos 70 e fundaram uma das primeiras associações indígenas do país em 1982, o CGTT (Conselho Geral da Tribo Ticuna). Nos anos 80 foram frustrados na demarcação de uma área contínua, porém reconquistaram, em plena região do Projeto militar “Calha Norte”, os seus direitos sobre um importante conjunto de terras. Essa luta de reconquista, marcada pelo massacre do Capacete (1988), deixou claro até que ponto os inimigos dos Ticuna - os fazendeiros e madeireiros locais interessados na exploração de suas florestas – eram capaz de chegar, que tipo de barbaridades eram capazes de cometer. Os professores Yanomami tiveram contato com relatos desta realidade que tem vários pontos comuns com a história do seu povo, vítima das investidas criminosas dos garimpeiros (o massacre de Haximu em 1993), os quais também disseminaram doenças na Terra Yanomami ao ponto de provocar a morte de 13% da população Yanomami no fim dos anos 80. Mas, ao lado dessas lembranças amargas, olhando para o futuro, os professores Yanomami puderam conhecer, além dos cursos do projeto de educação tikuna, sua importante biblioteca e seus projetos de pesquisas sobre tradição oral, bem como participar de oficinas de arte, voltadas à produção de material didático.

Visita aos Guarani (SP)
Outros professores Yanomami, Pedrinho Yanomami, da região do Demini, e Jerônimo Yanomami, da região do Toototobi, acompanhados do Coordenador do Programa Ambiental da CCPY, Ednelson (Makuxi) Souza Pereira, visitaram três aldeias Guarani, em São Paulo: Krukutu, Barragem e Boa Vista.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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  Comissão Pró-Yanomami no seguinte
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  proyanomamibv@proyanomami.org.br
   

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