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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 8 - Julho - 2004
Titulo: Sobreviventes narram como foram as horas de sofrimento após a queda
Fonte: Folha de Boa Vista-Tiana Brazão

Os três funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que estavam na aeronave que caiu na tarde de terça-feira, na região do rio Uraricoera, na Reserva Yanomami, afirmaram à Folha que o avião caiu.

Segundo eles, a aeronave já havia apresentado falhas na decolagem na região do Saúba, ao pousar em uma pista molhada. No momento da aterrisagem, uma das rodas do avião teria travado e danificada quando o piloto fez uma manobra para facilitar a frenagem. A partir de então, os funcionários que presenciaram o fato ficaram com medo de que a aeronave levantasse vôo. Mesmo assim a viagem prosseguiu.

Segundo o enfermeiro Paulo Marcos Ferreira da Silva, 25, um dos feridos, até agora ninguém consegue acreditar que está vivo devido ao impacto do avião com a terra firme. Ele disse que tudo aconteceu de forma tão rápida e que foi “a mão de Deus” que os salvou. “Não desejo este tipo de experiência para ninguém”, desabafou.

Os três servidores e o piloto da aeronave passaram exatas 25 horas no local em que a aeronave caiu. Segundo informações do piloto Alexandre Colulillo, o avião estava a cerca de 1.000 pés de altitude, quando o motor da aeronave parou de funcionar. A partir de então, não houve mais nada a fazer, a não ser evitar que a aeronave batesse em uma serra que estava à frente.

Os tripulantes disseram que Alexandre conseguiu manobrar, evitando que o avião batesse nas pedras em cima da serra. A partir do momento que os tripulantes se viram caindo, procuraram colocar as mochilas de viagem sobre o peito e no piso, para evitar que o impacto causasse danos maiores.

Segundo o relato, a asa direita da aeronave bateu em uma árvore e desprendeu-se do avião. Enquanto isso, a outra asa começou a derramar gasolina em cima dos passageiros.

Com o impacto, o timão da aeronave atingiu o peito do piloto Alexandre, que perdeu a consciência imediatamente. Após isso, o avião começou a girar em torno de si mesmo, fazendo que os tripulantes ficassem batendo uns nos outros, como se estivessem “dentro de um liquidificador”.

Em seguida, o teto do avião foi arrancado pelas árvores por onde ele passava, resultando apenas em um tubo do que era uma aeronave. Ao atingir o chão, as rodas ficaram viradas para cima e o combustível continuava a derramar sobre os passageiros.

Após a queda, três dos tripulantes estavam inconscientes e depois somente o microscopista Izanilton Ferreira lima, 30, conseguiu sair do avião e arrastar os outros passageiros para fora da aeronave.

Segundo ele, o piloto estava em crise de convulsão e ele teve que colocar um pedaço de galho de árvore na boca de Alexandre para que ele não mordesse a língua. O piloto sangrava muito e demorou a recuperar o sentido. Tanto Paulo quanto Francisco Severino Richil Bezerra, 37, o “Neto”, já haviam recuperado o sentido e tentavam reanimar Alexandre.

Paulo encontrou nas bolsas de viagem alguns comprimidos de diclofenaco e xilocaína em gel, que utilizou para amenizar as dores de Alexandre, quando este recuperou a consciência. As horas seguidas foram de choro, segundo os relatos.

ESTRUTURA - Os tripulantes afirmaram no avião não havia nenhum kit de primeiros-socorros, de sobrevivência, tampouco um extintor de incêndio para caso isto ocorresse.

Paulo, viajava sentado em uma caixa de isopor, Izanilton estava sentado na caixa do microscópio e Neto ocupava a cadeira do co-piloto. Na viagem de ida para a região do Uraricoera, a mesma aeronave levantou vôo com quase 600 quilos de carga, além do piloto e um tripulante. As portas tiveram que ser fechadas à força, pois não travavam. Inclusive, a mesma porta foi lançada longe do avião no momento da queda.

SOBREVIVÊNCIA – A aeronave caiu às 15h e, ao anoitecer, os três funcionários já haviam imobilizado o braço do piloto com tiras de roupas. Izanilton encontrou um maço de fósforos que estava em meio a um rancho destinado aos funcionários, que passariam dias na área indígena, além de óleo de cozinha e outros materiais.

Eles atearam fogo em algumas roupas para se aquecerem, pois como estava chovendo, a madeira da mata estava úmida. Enquanto Paulo e Neto tomavam conta de Alexandre, que sangrava muito, Izanilton ia buscar água em sacos plásticos, que estavam no avião.

Para afastar possíveis animais, eles derramaram vinagre e óleo de cozinha no sangue que estava espalhado pelo local. Além de umedecerem algumas roupas com gasolina e estenderem nos galhos das árvores fazendo um círculo.

Para tentar suportar o frio, eles vestiram várias roupas, inclusive molhadas e atearam fogo nos pneus do avião para que a fumaça chamasse a atenção de outras aeronaves que poderiam estar passando pelo local. Um frango congelado foi assado no fogo dos pneus para todos se alimentassem e agüentassem até que o socorro chegasse.

SOCORRO - Segundo Izanilton, um avião da Força Aérea foi avistado sobrevoando a área, mas não dava nenhum sinal. Izanilton notou que havia algo no painel do avião que estava piscando. Alexandre explicou que se tratava de um localizador. Imediatamente, eles trataram de colocá-lo dependurado em um galho de árvore, de forma que o sinal fosse detectado pelo radar de algum avião que entrasse na freqüência da aeronave que havia caído.

Quando o primeiro helicóptero chegou ao local, conduzindo os bombeiros, dois facões foram jogados para os sobreviventes para que eles começassem a cortar as árvores de forma que facilitasse o socorro. “Mal conseguíamos andar, mas tivemos que cortar as árvores ou não sairíamos dali”, afirmaram os três funcionários. “Graças a Deus, mesmo estando muito machucados, conseguimos sobreviver à queda”, disse Neto.

A Folha não conseguiu localizar a família do piloto Alexandre Colulillo de Moraes, 25. Mas um amigo do piloto, que esteve com ele no Hospital Ruben de Sousa Bento, informou que Alexandre está aparentemente bem.

De acordo com os primeiros exames, o piloto quebrou um braço, uma costela, a clavícula e está com um corte na boca, inclusive aguardando para ser submetido a uma cirurgia que ainda não tem data definida. Quanto à queda da aeronave, o assunto está sendo evitado devido ao estado psicológico do piloto que ainda encontra-se abalado. (T.B)

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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