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Yanomami na Imprensa
Data: 9 - Setembro - 2004
Titulo: Funasa faz avaliação sobre evolução da oncocercose na reserva Yanomami
Fonte:
Folha de Boa Vista
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
realiza a partir das 10h de hoje, no auditório da instituição,
reunião de avaliação do Programa Brasileiro de Eliminação
da Oncocercose (PBEO).
Estarão presentes no encontro técnicos e pesquisadores do Brasil
e da Guatemala, além de representantes missionários de tribos
indígenas brasileiras e profissionais da área médica.
A técnica responsável pelo programa, Joana Claudete Schuertz,
disse que no país o único foco da doença se encontra na
reserva indígena Yanomami. Cerca de 14 mil índios e mais 50 não-índios
estão recebendo tratamento periódico. Por isso, segundo ela, são
necessárias várias reuniões de avaliação
para saber como anda o desenvolvimento da oncocercose.
“Em nosso país, a oncocercose acomete quase que todos os indígenas
residentes no território Yanomami, e mais alguns não-índios
que contraíram a doença pela assistência aos indígenas
ou pela atividade de garimpagem que acontecia muito na época em que a
prática ainda era permitida”, explicou a técnica.
Joana acredita que os índios adquiriram a oncocercose quando passaram
a ter maior contato com os missionários católicos, pois, até
então, não havia casos registrados da doença no Brasil.
Ela informou que a doença é originária da África.
“Após a detecção da doença, demos início
ao tratamento de saúde com os Yanomami. Em 2002, recebemos um incremento
a mais nos cuidados, com a vinda da quimioterapia, graças à implementação
da Política Nacional de Atenção a Saúde dos Povos
Indígenas. Com os medicamentos e novas técnicas de tratamento,
conseguimos evitar com que a oncocercose se proliferasse”, relatou.
O QUE É - A oncocercose é uma doença parasitária,
causada pelo acúmulo de microfilárias de Oncocerca volvulus nos
tecidos, especialmente na pele do hospedeiro. Ela é transmitida por insetos
do gênero Simulium, que amadurecem e se reproduzem em nódulos subcutâneos,
onde são produzidas as microfilárias, responsáveis praticamente
por toda a morbidade oncocercótica. A doença compromete essencialmente
a pele e os olhos. Grande parte do dano dermatológico é causada
pela irritação da pele.
A oncocercose é uma doença endêmica na África e na
América Central, com focos isolados na América do Sul e Oriente
próximo.
No Brasil, o foco conhecido situa-se na região Norte, fronteira com a
Venezuela, habitada pelos índios Yanomami. Estudos recentes entre os
Yanomami demonstraram comprometimento ocular restrito à córnea
(ceratites puntatas, numulares e esclerosantes), sem registro de casos de cegueira.
TRATAMENTO - No tratamento da doença utiliza-se atualmente
o Ivermectim, uma droga altamente potente que atua em todos os estágios
de desenvolvimento dos parasitas, imobilizando as microfilárias ao induzir
uma paralisia tônica da musculatura.
A droga tem pouco efeito sobre os parasitas adultos, mas impede a saída
de microfilárias do útero de fêmeas adultas. A dose utilizada
é de 150 µg/Kg, em dose única anual, administrada por via
oral durante 10 a 15 anos, tempo médio de vida dos vermes adultos. Estudos
demonstram que se utilizado na forma preconizada a droga reduz em até
75% a carga parasitária na pele e nos olhos após dois anos.
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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