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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Notícias CCPY Urgente

Data: 23 - Julho - 2004
Titulo: Yanomami cobram promessas do Presidente da República
Fonte: CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 52

Um grupo de índios Yanomami, da Aldeia Watoriki, enviou carta ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando as promessas feitas durante a campanha eleitoral. Os índios recordam que, como candidato, Lula afirmou que ajudaria os povos indígenas, entre eles, os Yanomami. Hoje, no entanto, os índios estão ameaçados com a possibilidade de abertura de suas terras à exploração das empresas de mineração.

Quase 60% da Terra Indígena Yanomami já está coberta por centenas de requerimentos e títulos de mineração. “Quando as máquinas grandes trabalharem na nossa floresta elas irão destruí-la. Não queremos que sujem nossas águas, nós não queremos que destruam nossa floresta, nós não queremos morrer com as doenças de vocês, brancos”, diz a carta, expressando a contrariedade da comunidade indígena com uma eventual aprovação dos projetos que regulamentam a exploração mineral em áreas já demarcadas, como é o caso da Yanomami. Eles reivindicam que seja assegurada a garantia de respeito às suas terras de ocupação tradicional, prevista na Constituição Federal.

Os Yanomami reforçam sua cobrança lembrando ao Presidente da República que ele compareceu à 1ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, quando a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o governo pretende “proteger a floresta”. Diante da contradição entre os discursos e as iniciativas aprovadas pelo Governo atual, os Yanomami avisam que estão dispostos a levar suas inquietações à opinião pública e aos foros nacionais e internacionais. Abaixo, a íntegra da carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva:


Watoriki, 10 de julho de 2004

Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva

Nós Yanomami escrevemos a nossa carta. Nós todos, povos indígenas estamos muito tristes porque vocês fizeram reunião sobre mineração, nós não queremos mineração na nossa floresta; 520 mineradoras tencionam trabalhar por isso nós ficamos zangados. Quando as máquinas grandes trabalharem na nossa floresta elas irão destruir a floresta. Nós não queremos que sujem nossas águas, nós não queremos que destruam nossa floresta, nós não queremos morrer com as doenças de vocês, brancos. Por isso, todos vocês que tencionam nos ajudar devem ouvir a nossa palavra. Por que você mudou de idéia depois de se tornar presidente? Antes quando você era candidato a presidência você tencionava nos ajudar - por isso você tem que se lembrar de todos nós, povos indígenas. Você também tencionava ajudar outros povos do Brasil durante a sua campanha você também disse isso para eles.

“Quando eu me tornar presidente eu vou melhorar o Brasil, eu vou ajudar os povos indígenas, os Yanomami”. Assim você disse quando fez discurso. Nós Yanomami queremos que você se lembre novamente de nós. Você deve continuar nos ajudando porque você se esqueceu de nós povos da terra. Esta carta nós não estamos escrevendo à toa, porque na Constituição está escrito GARANTIA. Assim diz a lei: “a terra pertence aos Yanomami que vivem nela; é nela que eles devem viver com saúde”. Assim diz a lei por isso vocês autoridades devem ser inteligentes. Vocês não devem prometer à toa!

Os minérios que estão debaixo da terra pertencem somente a nós da União, assim vocês devem pensar. A terra, os minérios, as águas, florestas, o ar, os animais, os peixes, os alimentos tudo o mais que nos faz viver com saúde é devido a grandeza da terra, vocês não devem destruí-la, a floresta está bem como é. Nós não queremos estragar a terra, tanto vocês brancos como nós Yanomami devemos proteger a floresta.

1a Conferência Nacional do Meio Ambiente você também participou. Você prestou atenção na fala da Ministra Marina Silva. Nós povos indígenas também prestamos atenção na fala dela. “Nós queremos proteger a floresta”. Assim vocês autoridades disseram. Vocês disseram assim mas vocês prometeram à toa? Para nós sua palavra é importante mas por que vocês a deixaram de lado? Nós Yanomami protetores da floresta ainda mantemos forte sua palavra, por isso nós queremos que você que é presidente, proíba a mineração.

Nós Yanomami também temos autoridade, por isso você deve ouvir as nossas palavras, nós estamos explicando a verdade para você. Agora que nós Yanomami já sabemos quando vocês autoridades falam nós prestamos atenção e ficamos atentos. Se vocês autoridades não nos ouvirem, para outras autoridades e governos internacionais nós vamos enviar as nossas palavras e, assim, outras autoridades vão tomar conhecimento. Assim nós não queremos fazer mas vocês autoridades estão nos provocando por isso nós escrevemos esta carta. Para nós, povos da terra, você deve mandar uma resposta. Nós estamos esperando a sua palavra. Minhas palavras se acabaram.

Um grande abraço do povo do Watoriki.

Atenciosamente

Assinam:
Davi Kopenawa Yanomami, Dário Vitório Xiriana, Anselmo Xiropino Yanomami, Raimundo Yanomami, Morzaniel Eramari Yanomami, Eudes Koyvino Yanomami, Pedrinho Matorino Yanomami, Daniel Mariri Yanomami, Chica Prororiama Yanomami, Dinar Tekawari Guasilla, Rogério Waimona Yanomami, Gerôncio Yanomami, Valmir Weyaore Yanomami, Antônio Xapirinama Yanomami, Justino Wari Yanomami, Pedro Mioti Yanomami, Carlos Yanomami, Jair Yanomami, Jonas Yanomami, Islique Yanomami, Bocomi Yanomami, Luis Yanomami, Genésio Yanomami, Paulo Yarixiri Yanomami, Lourival Yanomami, Anita Yanomami, Suzana Yanomami, Cleonice Yanomami, Juana Yanomami, Josani Yanomami, Zita Yanomami, Ehuana Yanomami, Liliane Yanomami, Rita Yanomami, Fátima Yanomami, Oneron Yanomami, Enose Ineterima Yanomami, Joaozinho Yanomami, Aristeu Yanomami, Neto Yanomami, Teresa Yanomami, Lucio Yanomami, Luciana Yanomami, Alice Yanomami, Nilson Yanomami, Taina Yanomami, Leandro Yanomami, Tuira Yanomami, Crista Yanomami, Amarildo Yanomami, Fernando Yanomami, Nayara Yanomami, Keneiytotirin Yanomami, Delfina Yanomami, Guiomar Yanomami, Edimur Yanomami, Ricarado Yanomami, José Yanomami, Denise Yanomami, Junior Yanomami, Jane Yanomami, Esmeraldino Yanomami, Daucirene Yanomami, Janis Yanomami, Porfirio Yanomami, Roberto Yanomami, Lucas Yanomami, Felicia Yanomami, Rosarina Yanomami, Rosina Yanomami, Catarina Yanomami, Luana Yanomami, Margarida Yanomami, Maria Acosta Yanomami, Marta Yanomami, Eda Yanomami, Yasuyo Yanomami, Suhuma Yanomami, Mocinha Yanomami, Helena Yanomami, Madalena Yanomami, Marquinho Yanomami, Abilio Yanomami, Salomé Yanomami, Aroudo Yanomami, Joseca Mokahesi Yanomami, Sebastião Saruwari Yanomami, Toinho Xikiri Yanomami, Alindo Yanomami

Obs: A carta foi escrita em Yanomae (língua Yanomami oriental) e traduzida para o português pelos professores yanomami Dário Vitório Yanomami e Anselmo Yanomami.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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