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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 18 - Janeiro - 2005
Titulo: Em busca de explicação
Fonte: Folha de Boa Vista

Desde a semana passada uma pergunta martela minha cabeça: O que faz Roraima, um Estado com maior número de etnias indígenas do país, ser contraditoriamente o mais antiindígena?

Não é paranóia nem síndrome de pequenez. Um episódio ocorrido no Hospital da Criança Santo Antônio, na sexta-feira da semana passada, me remeteu a esta análise.

Naquele dia, quando meu filho foi levado doente àquela unidade de saúde, um casal de índios yanomami foi deixado na recepção do hospital por volta das 17 horas da tarde, com uma criança doente.

Já era próximo das 8 horas da noite quando populares que lá estavam perceberam que até aquele momento nenhuma atendente do hospital ou funcionário de qualquer órgão apareceu para perguntar ou informar qual era o problema daquela criança indígena.

Na recepção do hospital uma atendente chegou a dizer que eles, os servidores, não eram obrigados a irem lá perguntar o que aquele casal indígena queria nem tinham a obrigação de falar yanomami.

Mesmo os populares tentando fazer entender que ali não se tratava de uma obrigação, mas de humanidade, os índios continuarem sem atendimento. E tudo continuou como estava, ou seja, o casal de yanomami com uma criança doente, abandonados em um canto na recepção.

Diante da cena, acreditem, a maior preocupação daqueles servidores era saber exatamente que tinha deixado aqueles índios no hospital, para que fossem responsabilizados, caso alguém denunciasse aquele triste episódio. Era como se a negligência e a humilhação às quais aqueles indígenas estavam passando não dissesse respeito ao hospital público.

É uma situação mais que lamentável. Precisei refletir e buscar palavras para falar sobre esse assunto, diante da revolta de saber que indígenas que chegam à cidade sem falar direito o português e sem condições de cobrar seus direitos são espezinhados, seja por qualquer motivo.

Eu tenho uma teoria (que na verdade é uma reflexão). Talvez o mau atendimento ou despreparo para atender os indígenas tem raízes em um preconceito ou racismo fomentado pela elite e os latifundiários locais contra os índios, sentimento este que acaba impregnando a população.

Boa parte dos políticos, fazendeiros, arrozeiros e latifundiários culpa os índios pelo atraso de Roraima, prega que os índios querem tomar todas as terras do Estado (como se as populações locais não tivessem nenhum direito pelas terras habitadas por seus ancestrais) e que os índios são responsáveis pelo buraco em que Roraima foi metido (como se a corrupção dos políticos não existisse).

Essa acusação proposital e orquestrada cai como uma luva em uma população desinformada, arraigando no seio da sociedade roraimense um preconceito contra os índios. Os índios passam a ser tratados como inimigos, traidores, indolentes, vendilhões, usurpadores (“índio bom é índio morto”, como ensinou os filmes americanos de bang-bang). O reflexo dessa imagem deturpada e preconceituosa é a punição aos índios que vêm à cidade em busca de ajuda – como aquele casal e seu filho abandonados na recepção do hospital.

Como está no inconsciente coletivo que os índios são inimigos a combater, então que eles sejam punidos com o desprezo, o descaso ou o preconceito. Este é o grande mal que os antiindígenas estão fazendo com as populações indígenas de Roraima: fomentar o preconceito, mesmo que de forma velada.( Jessé de Souza)

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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