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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 19 - Janeiro - 2005
Titulo: A cegueira
Fonte: Folha de Boa Vista

Como já esperava, recebi vários comentários pela internet a respeito do artigo de ontem, do episódio de um casal de índios yanomami abandonado com uma criança na recepção de um hospital público.

O que mais me impressionou era que aqueles índios ficaram “invisíveis” aos olhos de tanta gente. Foi preciso que alguém abrisse os olhos para dizer que aquelas pobres almas estavam lá.

Por incrível que pareça, boa parte dos comentários que recebi não foi para se indignar ou protestar. Mas para teorizar de quem é a culpa pelo fato de os índios serem espezinhados, discriminados e abandonados quando chegam à cidade.

O preconceito, a discriminação ou o antiindigenismo por parte da maior parcela da população não é para ser teorizado. Se existe, é para ser combatido com todas as forças. Não interessa de quem é a culpa pela overdose de preconceito e a lavagem cerebral praticada pelo setor rico da sociedade contra os índios. Interessa é que não devemos tolerar em nossa sociedade o avanço da discriminação, do racismo, do preconceito.

Afinal, seja qual for a “teoria”, os índios estão sendo vítimas de uma realidade crudelíssima, que impõe aos povos indígenas a pecha de culpados por todas as desgraças que ocorrem em Roraima, o que é uma grande mentira, uma grande invencionice a fim de justificar os constantes insucessos e erros dos políticos locais.

Só um exemplo. Fôssemos somar toda a grande que o Estado recebeu de transferências federais desde que foi emancipado, teríamos uma soma fabulosa de surpreender qualquer doutor.

E se toda essa grana fosse investida de verdade em obras e projetos sociais, ou melhor, se tivesse sido aplicada de verdade, não éramos para ter aqui em Roraima casas de madeira, gente sem moradia, crianças nas ruas, falta de creche, gente desempregada e estradas e vicinais esburacadas ou isoladas no inverno.

E onde foi parar toda essa grana? No ralo da corrupção. Melhor dizendo, nas propinas, em obras superfaturadas, em pagamentos a funcionários fantasmas (leia-se “gafanhotos”), no bolso de políticos, nas mansões e carros comprados bem longe daqui, nas farras da elite local e em boa parte dos empreendimentos particulares de parlamentares corruptos e seus aliados.

Enquanto eles estavam ocupados buscando um jeito de roubar mais e de como comprar mais votos, a questão fundiária foi deixada de lado. Achavam que sempre iriam resolver a situação comprando aliados, pagando magistrados, expulsando à base da força ou no gogó, por meio dos veículos que comunicação que os dão sustentação.

Agora que enriqueceram metendo a mão no erário, perceberam que a questão fundiária virou um emaranhado. Como os cofres públicos secaram e eles não têm uma justifica melhor para encontrar um culpado, então é conveniente culpar os índios e seus aliados por este rombo.

E o que sobrou para a população? O desemprego, a violência urbana, a pobreza, o desencanto e a alienação política. Alimentados a acreditarem que os índios são os culpados por Roraima não ter dado certo, então essa gente incorporou o antiindigenismo, o preconceito, a discriminação.

Esse grande mal está aí para ser combatido, não para ser teorizado ou compreendido à luz de qualquer coisa. Ou combatemos o preconceito e a discriminação, ou nos tornaremos uma sociedade sectária, hipócrita e mesquinha. (Jessé de Souza)

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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