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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 21 - Janeiro - 2005
Titulo: A cegueira III
Fonte: Folha de Boa Vista

Conforme prometido, analiso texto de um leitor que enviou sua visão a respeito dos índios, questão agrária e políticos. Ele começa dizendo que a situação econômica e social em que se encontra em Roraima é culpa dos políticos.

Errado. É culpa nossa, dos eleitores, que continuamos a votar nos mesmos políticos que se renovam a cada eleição em promessas furadas, projetos incumpríveis e discursos antidigenistas, pondo o índio como culpado de tudo.

O leitor escreveu também de forma etnocentrista (“minha cultura é o centro de tudo e de todas as demais culturas”) afirmando que “nós, os não índios” é que somos vítimas de racismo, preconceito e discriminação, justamente justificando o discurso preconceituoso massificado na mídia pelos políticos, como se existissem duas realidades: a dos índios – os inimigos – e a dos não índios – as vítimas.

Não vamos nem buscar direitos históricos, mas a própria Constituição que nos obriga a falar o português brasileiro (não reconhecendo as línguas indígenas), mas que torna todos (brancos, negros, índios, mamelucos, “pardos” (?!) e caboclos) iguais perante a lei. Ninguém tem mais ou menos direito.

Mas o nobre leitor entende igualdade como “a posse da terra”, como se a vida de todos se resumisse a ter, a acumular (como prega o capitalismo). Para ele, ter terras é o que importa. E é justamente esta a visão da elite local. Ela quer terra, muita terra, mais terra, para continuar especulando, e não apenas produzindo – como eles de forma inteligente apregoam.

Convido o leitor a sair de Boa Vista em direção a qualquer rodovia somente por meia hora. Ao sair dos limites da cidade, olhe para os lados esquerdo e direito de qualquer rodovia. Verá imensas terras até não se acabar mais.

De quem são essas terras? Dos índios?! Não, não. Dos latifundiários: deputados, magistrados, governadores e ex-governadores, imobiliárias pertencentes a políticos. Até chegar a uma terra indígena, o leitor vai viajar horas vendo terras dos dois lados das rodovias cercadas, servindo à especulação.

Mas esses latifundiários fazem uma lavagem cerebral na população fazendo crer que os “latifundiários” são os índios, e não eles que têm imensas terras sem nenhuma benfeitoria, sem nenhuma utilidade (vai ver que nem impostos pagam).

Confundem a cabeça dos mais desinformados, os fazendo acreditar que índios são latifundiários. Que estudou o mínimo de antropologia sabe que as populações indígenas não tratam a terra com bem para enriquecer, acumular, mas essencial para sua própria sobrevivência física, cultural e social.

Do jeito que a elite local apregoa, com apoio da mídia, faz crer que cada um de nós que vive na cidade tem direito àquelas terras (mesmo que nunca tenhamos postos os pés lá nem saber para onde ficam essas áreas indígenas).

Aí vem o discurso de que “os índios estão tomando nossas terras”. Puro engodo. Se homologassem todas as terras indígenas reivindicadas, o que restasse seria uma área maior do que China ou Japão, que nem terras têm, mas são hoje as maiores potências econômicas do Planeta.

Nosso problema não é terra. Nosso problema é vergonha na cara, dos eleitores que continuam pondo no poder a mesma elite corrupta, e da classe política, que apregoam estar defendendo interesse coletivo, mas, na verdade, estão brigando por seus próprios interesses. Mas, de forma sagaz, eles fazem uma lavagem cerebral na população, dizendo que os índios são os culpados, que nosso problema é terra, que eles querem dar emprego, mas que não fazem mais por causa das reservas indígenas.

Uma ova! Quem acreditar nesse discurso vai continuar repetindo asneiras e vomitando preconceito, discriminação e racismo. Infelizmente é assim. (Jessé de Souza)

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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