Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Data: 23 - Fevereiro - 2005
Titulo: Exército quer ampliar pista na reserva
Fonte: Folha de Boa Vista

A ampliação da pista de pouso de Surucucus, localizada na reserva indígena Yanomami, pode gerar mais discussões em Roraima. A Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (Comara) deverá iniciar, nos próximos dias, as obras para ampliar de 1.100 metros para 1.500 metros a pista, o que estaria revoltando os índios Yanomami.

A reforma e ampliação da pista foram forçadas pela decisão da Aeronáutica de substituir as velhas aeronaves Bandeirantes e Búfalo por outras de porte médio, como Brasília e Hércules, que exigem mais espaço para aterrissagem e decolagem.

A mudança está causando problema para os indígenas, porque até agora não foi feito Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima), apesar de se tratar de área indígena. Estas obrigações constam claramente na legislação ambiental, daí a irritação por parte dos Yanomami.

Os indígenas alegam que já passaram por situação semelhante quando a primeira pista foi construída. Outra preocupação das lideranças indígenas são os danos que a obra poderá causar ao meio ambiente e principalmente a interferência dos operários no dia-a-dia da comunidade, que já tem contato com os militares do Exército que atuam na região .

COMARA – A Folha entrou em contato com o chefe do canteiro de obras da Comara, o sargento Amorim, que informou que está sendo esperada a finalização do processo junto às entidades autorizadoras para que a ampliação da pista seja dada início.

Até o momento já foram realizadas quatro viagens em uma aeronave Búfalo C-115 até a região. Nestas viagens foram levadas 20 toneladas de madeira até o local, que servirá para a construção dos alojamentos para os operários que trabalharão na obra.

A ampliação vem sendo adiada desde o ano passado, quando no final de dezembro foi realizada uma reunião do Exército com representantes do povo Yanomami. Com tantas questões levantadas, o Exército recuou e está esperando a autorização final do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio ambiente e Recursos Naturais Renováveis).

Para possibilitar a execução dos trabalhos, a Comara vai utilizar explosivos nos morros existentes na região. O sargento Amorim disse que a utilização dos explosivos se faz necessária e que existem profissionais preparados para fazer este trabalho.

Como ainda não foi autorizado o início das obras, não foi possível informar quantos homens e quando serão enviados para a região de Surucucus. A Folha apurou junto ao Comando-geral de Operações Aéreas, através da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica, que uma vez a carga para a construção do canteiro de obras estando no local, os trabalhos já são considerados em andamento.

Por telefone, o coronel Reis informou que maiores informações sobre a autorização da obra poderiam ser adquiridas no Comando Geral de Operações Aéreas no Amazonas. A Folha tentou contato, mas até o fechamento desta matéria não foi possível obter mais informações sobre a autorização.

CCPY – A CCPY(Comissão Pró-Yanomami) estará publicando hoje, no site da entidade, seu posicionamento com relação à ampliação da pista de Surucucus, assim como todas as manifestações em torno da obra que deverão ser publicadas na internet, em boletins elaborados pela ONG. (Tiana Brazão.)