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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Notícias CCPY Urgente

Data: 15 - Agosto - 2005
Titulo: Denúncias do Conselho Local de Saúde de Surucucu
Fonte: CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 67

O Presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa Yanomami, divulgou no dia 16 de julho uma carta confirmando as denúncias de líderes indígenas de Surucucu em reunião do Conselho local do DSEI-Yanomami. Davi voltou a insistir sobre a necessidade de a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) garantir o fornecimento de remédios em quantidade suficiente para o atendimento tente na Terra Indígena Yanomami. Segundo ele, sempre faltam medicamentos na área e, além disso, os funcionários da Funasa não têm recebido salários e alimentos normalmente, prejudicando sua boa atuação no campo.

Davi afirma também que a Funasa, que antes havia prometido acabar com as doenças na área indígena, “enganou” os Yanomami. Ele reclamou novamente do tempo indevido de permanência dos doentes yanomami na Casa do Índio, em Boa Vista. Apresentamos a seguir a íntegra da carta do líder yanomami:

MENSAGEM DA HUTUKARA ASSOCIAÇÃO YANOMAMI

Durante o Conselho Local de Saúde no Surucucu, nós nos reunimos a Funasa, a Funai, os povos do Xirimihiki , do Hakoma, do Okomouu, do Arasiki , do Yamaasiki, nós Yanomami que falamos português, João Davi do Kayana u, Peri do Alto Mucajai, Arokona Presidente do Conselho Distrital, da Maloca Paapiú, eu, Davi Kopenawa do Watoriki, nós nos juntamos, formando um grupo de 80 lideranças.

Nós estamos muito preocupados porque na nossa floresta, as doenças-epidemia xawara voltaram a crescer. Nós pedimos às lideranças da Funasa para mandar outros remédios, porque na nossa floresta os remédios que existem não são suficientes, pois a Funasa só manda pouco remédio. Por não haver remédios para nós, nós pedimos à Funasa muito mais remédios. As doenças-epidemia estão aí, perigosas, nós não queremos morrer como morríamos antes, não queremos ver nossas crianças morrendo de pneumonia e diarréia, é por isso que nós estamos pedindo às lideranças do Ministério e da Fundação Nacional de Saúde muito mais remédios.

A Funasa não tem trabalhado direito. Na nossa floresta, no trabalho do funcionário napë [branco], faltam remédios, por isso quando vêm as doenças contagiosas, nós ficamos preocupados. Porque nos postos, nunca tem aquilo que nos cure. Embora o trabalho dos napë na nossa floresta seja bom, vocês chefes, também devem pagar os seus funcionários com comida, com dinheiro, vocês devem distribuir aos funcionários, para eles não ficarem com fome. Nós, Yanomami, queremos que haja melhora da qualidade de vida.

Vocês da Funasa prometeram que acabariam com as doenças contagiosas. Vocês da Funasa nos enganaram de novo, a nós, Yanomami, porque vocês querem pegar o dinheiro da saúde. Se vocês realmente quisessem ajudar mesmo os povos da Floresta, isso não estaria acontecendo. Vocês só querem mesmo é o dinheiro.

Sobre a Casa do Índio, nós também estamos preocupados. Quando nós, Yanomami, nos curamos, vocês não nos mandam logo de volta para casa. Quando os Yanomami, depois de já estarem curados, ficam ainda muito tempo vivendo na Casa do Índio, eles ficam com saudades do seu povo na floresta. Para mim seria bom se só ficassem na Casa do Índio aqueles que ainda não se curaram, que ainda estão tomando remédio, pois eu continuo a ajudar o meu povo.

No dia 11 de julho de 2005, eu disse à administradora da Casa do Índio: “Os Yanomami com saúde, você tem que entregar de volta para a Funasa. Existem outras doenças lá, na Casa. Para que os Yanomami curados não contraiam outras doenças, você deve mandá-los logo de volta para casa porque os parentes sentem falta dele. Seus filhos estão com saudades. Vocês, brancos, vão ajudar muito os Yanomami se não ficarem muitos Yanomami na Casa do Índio”. Foi assim que eu expliquei. Eu gostaria de deixar isto claro para vocês, brancos da cidade.

Vocês, outros brancos, não devem pensar que o pessoal da Funasa presta uma boa ajuda aos Yanomami; a saúde Yanomami ainda não está boa.

Davi Kopenawa Yanomami

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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