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Foto:
Arquivo Folha
Ionilson Sampaio:
“Estamos sem atuar em três postos
de saúde porque os garimpeiros tomaram conta”
A
atividade do garimpo na área yanomami fez com que o número de
casos de malária entre os índios aumentasse em, aproximadamente,
40% este ano. A informação é do coordenador da Funasa (Fundação
Nacional de Saúde), Ionilson Sampaio. Ele disse que foram pedidas providências
à Funai (Fundação Nacional do Índio) e à
Polícia Federal para retirar os garimpeiros, mas nada foi feito.
Sampaio informou que a presença de garimpeiros dentro da reserva yanomami
tem sido o principal motivo para o crescimento de casos de índios contaminados
com a malária. “Desde 2003 e 2004 temos notificado casos, mas este
ano o aumento é significativo”, declarou Sampaio.
Ano passado, por exemplo, ele disse que foram realizados 16.417 exames de malária
e 411 deram positivos, período em que foi registrada uma morte na área
yanomami no Estado do Amazonas. Hoje, com o aumento em 40%, são 575 casos
da doença. “Existia área onde fazia cinco anos que não
se registrava um caso da doença, mas com a presença dos garimpeiros
o surto voltou”, afirmou.
Na tentativa de retirar os garimpeiros, a fim de reduzir os casos de malária,
o coordenador regional explicou que desde julho foram solicitadas providências
à Funai e à Superintendência da PF, inclusive através
de ofício. Por último, foi feita denúncia ao Ministério
Público Federal (MPF).
“As
providências ainda não foram tomadas. A Polícia Federal
e a Funai ficaram de montar operação e até agora nada foi
feito”, ressaltou, esclarecendo que as cobranças por uma operação
serão feitas às duas instituições em Brasília,
para que a questão seja resolvida.
Enquanto nenhuma providência é tomada, Ionilson Sampaio disse que
os garimpeiros permanecem na reserva indígena, dificultando o trabalho
dos agentes de saúde. “Estamos com três postos de saúde
fechados por absoluta falta de capacidade das equipes em permanecer na área
porque os garimpeiros tomaram conta, inclusive das pistas de pouso”, afirmou.
Entre as áreas com presença de garimpeiros o coordenador citou
Arataú e a região de Patriú. Segundo ele, a presença
do garimpo está disseminada por vários outros locais. “Não
temos ainda confirmação, mas os indígenas fazem o relato
de que existem várias localidades dentro da área yanomami com
a garimpagem em atividade”, revelou Sampaio.(Edílson Rodrigues)