CCPY
Embora
não fosse parte da pauta da reunião do Conselho Distrital, que
estava acontecendo no Centro de Estudos, 50 índios yanomami caminharam
para a sede da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), na
tarde de ontem, em busca de esclarecimentos sobre a demora no repasse de verba
para algumas conveniadas prestadoras de serviços de saúde na área
indígena. As negociações continuam hoje, até que
a sede do órgão em Brasília dê um posicionamento
concreto para o fato.
Durante toda a reunião houve várias manifestações
de protestos por parte dos índios e técnicos da área de
saúde contratados pelas conveniadas prestadoras de serviço para
a Funasa. Antes, o problema era o pagamento das horas de vôos. Mesmo com
regularização por 15 dias, os indígenas temem que essa
tenha sido apenas uma atitude paliativa.
Os yanomami denunciam que há mais de quatro meses enfermeiros, agentes
de saúde e outros técnicos que prestam o serviço estão
sem receber os salários pelo fato de a Funasa não seguir o cronograma
de repasse de dinheiro para as conveniadas. Eles reivindicam a descentralização
do serviço para facilitar o atendimento na reserva indígena.
Até ontem, a presidência da Funasa não havia liberado o
dinheiro para repassar às conveniadas. Segundo o coordenador regional,
Ionilson Sampaio, já foram descentralizados R$ 6 milhões –
sendo que R$ 3 milhões serão liberados – para o convênio
com a Fub (Fundação Universidade de Brasília) para serem
sanados os problemas.
São seis conveniadas que prestam serviços de saúde aos
povos yanomami. Desse total, duas não dependem do repasse da Funasa,
que são a Missão Evangélica da Amazônia (Meva) e
Missão Novas Tribos. O maior problema enfrentado para a regularização
dos repasses é com o IBDE (Instituto Brasileiro de Direito à Saúde),
Secoya (Serviço de Cooperação com o Povo Yanomami) e Diocese
de Roraima, por isso os repasses não têm sido com regularidade.
“A coordenação regional não tem como resolver a questão.
Temos incontáveis documentos repassados a Brasília pedindo solução
do problema”, disse Sampaio, ao informar que aguarda um posicionamento
da presidência do órgão ainda hoje para repassar aos índios.
“Precisamos de um documento oficial para informar os indígenas
sobre o posicionamento do órgão em Brasília”, acrescentou.
Sampaio informou que ontem foram liberados mais R$ 150 mil para a Funasa pagar
a dívida com a empresa aérea Roraima Táxi Aéreo.
Além disso, tem um técnico da coordenação regional
em Brasília para tentar solucionar a questão dos repasses para
pagamento das conveniadas.(Leandro Freitas)