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BV News
Sílvio Cavuscens
denuncia morte de criança
indígena e falta de condições de trabalho
Durante
a reunião entre índios Yanomami de diversas regiões de
Roraima e até do Amazonas, realizada ontem à tarde no auditório
da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o coordenador do
Serviço de Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya), Silvio
Cavuscens denunciou que devido às péssimas condições
de trabalho, uma criança morreu vítima de malária no dia
28 de agosto.
De acordo
com Cavuscensa a criança era de uma tribo localizada no município
de Santa Izabel, no Rio Negro. “Solicitamos o helicóptero para
fazer a remoção devido às condições do rio,
mas a Funasa não conseguiu liberar e a criança veio a falecer.
Há mais de 5 anos não eram registradas morte por malária
no distrito Yanomami”, declarou.
O coordenador
enumerou diversos problemas enfrentados, com destaque para: falta de medicamentos,
radiofonia, casa de saúde, motores, recursos humanos, pista de pouso
e o pagamento de horas de vôo às empresas que prestam serviço.
“Já
passamos por algumas situações tão graves quanto essa.
O problema é que por parte da Funasa não há soluções
em longo prazo. Tanto a Funasa quanto as instituições conveniadas
têm que trabalhar só no emergencial, tentar não deixar os
índios morrerem, porque não há condições
mínimas de trabalho. Falta strutura e principalmente uma política
adequada para que o distrito possa funcionar como deveria”, declarou.
Silvio
Cavuscens informou que o Secoya aguarda a liberação de R$ 2.9
milhões para prestar atendimento a 2.800 indígenas até
abril de 2006, em quatro calhas de rios diferentes na fronteira Roraima/Amazonas.
Ele destaca que sem os recursos é praticamente impossível atender
às comunidades.
“Temos
grande dificuldades de acesso às aldeias no meio da mata. São
dois ou três dias de caminhada e isso dificulta muito o deslocamento dos
funcionários e a remoção dos pacientes. Temos dificuldades
em garantir a saúde indígena, já houve aumento da malária
e as infecções respiratórias agudas”, disse.
Para o
coordenador os problemas são muitos, mas com os índios do Amazonas
o esquecimento é completo. “Há muitos problemas aqui em
Roraima, mas no Amazonas é um esquecimento completo por conta da distância,
desconhecimento da realidade por parte do Distrito e principalmente por uma
política da Funsasa e do Governo Federal inadequada para uma assistência
desta natureza aos indígenas”, finalizou.