CCPY
Foto:
Arquivo/Folha
Os índios
yanomami não permitem que servidores
entrem para dar expediente
Sem
a confirmação do repasse de verba para as conveniadas prestadoras
de serviços de saúde na área yanomami, que estava previsto
para ontem, os índios decidiram ficar na sede do prédio da Funasa
(Fundação Nacional de Saúde) e impedir a permanência
dos servidores. A ocupação do prédio público já
entra para o terceiro dia.
Na manhã de ontem, os índios retiraram o ex-coordenador da Funasa,
Ramiro Teixeira, que estava mediando as negociações com o grupo.
Eles não concordam com a exoneração do então coordenador
regional, Ionilson Sampaio.
Durante todo o dia, índios e funcionários das Organizações
Não-Governamentais (ONGs) mantiveram contato com Brasília para
obter maiores informações. Segundo o membro da Hutukara (Associação
Yanomami), Dário Vitório Xiriana, os indígenas só
deixarão a sede da Funasa mediante a confirmação de pagamento
para as conveniadas.
Só ontem foi feito o empenho das ordens de pagamentos. A Assessoria de
Comunicação Social da Funasa em Brasília confirmou a informação
e informou que o dinheiro será liberado até sexta-feira.
Irão receber o dinheiro somente o Instituto Brasileiro pelo Desenvolvimento
Sanitário (IBDS) e a Fundação Universidade de Brasília
(FUB), na ordem de R$ 210.913,28 e R$ 3 milhões, respectivamente. Já
a Secoya (Serviço de Cooperação com o Povo Yanomami) deverá
receber somente na próxima semana, por causa do impasse na finalização
da prestação de contas, conforme a assessoria da Funasa.
O dinheiro que será repassado às ONGs contemplará a compra
de medicamentos, pagamento de pessoal e outras despesas para dar continuidade
às ações de saúde básica na área yanomami.
COMITIVA – Para tentar solucionar esse e outros problemas enfrentados
pela população yanomami, os 12 conselheiros distritais embarcarão
na próxima semana a Brasília para reunião com representantes
do Ministério da Saúde e Funasa. A viagem será custeada
pela presidência do órgão. Ainda não há uma
data definida.
Enquanto isso não se define, os índios continuarão passando
o dia na sede da Funasa, monitorando a entrada e saída de funcionários.
À noite eles se dividem entre a Casa de Estudos e a sede da CCPY (Comissão
Pró-Yanomami). (Leandro Freitas)