CCPY
Foto:
Jader Souza
Os indígenas
ocuparam a sede e queriam explicações
da sede em Brasília
No
segundo dia de ocupação do prédio da Funasa (Fundação
Nacional de Saúde), os índios yanomami proibiram a entrada dos
funcionários como forma de pressionar a sede, em Brasília, para
que efetue de imediato o repasse de verba para as conveniadas prestadoras de
serviço de saúde na área indígena. Várias
faixas de protesto foram afixadas no muro do prédio.
Permaneceram no prédio apenas o coordenador-substituto, Aurean Leal,
que estava fazendo contato com Brasília, um servidor da radiofonia –
para contatar com a área – e outro funcionário do setor
do Distrito Sanitário Yanomami. Quanto aos demais servidores, o acesso
está negado desde ontem. As portas da Funasa estão fechadas e
monitoradas por índios. A empresa que presta serviço de segurança
não está no local.
Os índios estão alojados na Casa de Estudos da Funasa, a poucos
quilômetros da sede do órgão. Todos os dias pela manhã
eles vão caminhando com destino à Fundação. A intenção
é manter essa rotina até que seja confirmado o repasse para as
Organizações Não-Governamentais (ONGs) para que os serviços
voltem ao normal.
Ontem, representantes do Ministério Público Federal (MPF) estiveram
no local da manifestação para conversar com os índios.
Segundo o membro da Hutukara (Associação Yanomami), Dário
Vitório Xiriana, todas as informações repassadas ao MPF
serão encaminhadas a Brasília para contribuir para o andamento
do processo de liberação de verba.
No
período da tarde houve uma reunião com o procurador Lauro Coelho,
que ouviu as reivindicações e pediu que os índios desobstruíssem
o prédio da Funasa para que os funcionários voltem às atividades.
Dário Xiriana disse que fora feito contato ontem pela manhã com
o presidente da Funasa, Paulo Lustosa, para obter um posicionamento concreto
sobre o fato. Segundo ele, o presidente deu como previsão de liberação
de dinheiro a próxima sexta-feira, contrariando a nota oficial repassada
segunda-feira para a imprensa que dizia que hoje a verba já seria repassada
para as ONGs.
“Não acreditamos que a ordem de pagamento já foi emitida.
O próprio presidente disse por telefone que na sexta-feira o dinheiro
será repassado para as conveniadas”, disse, ao informar que a ocupação
do prédio se dará até que o pagamento seja feito a todas
as ONGs. Apenas a Secoya (Cooperação com o Povo Yanomami) ainda
não teve o processo de pagamento finalizado, por conta da prestação
de contas.
SAÚDE – Enquanto se discute o pagamento e os índios
ocupam a sede da Funasa em Boa Vista, a saúde indígena está
abandonada. A maioria dos profissionais de saúde retornou para a cidade.
Uma criança yanomami morreu na semana passada com crise respiratória
aguda. Os casos de malária, gripe e tuberculose vêm aumentando
consideravelmente.
Além dessa problemática, a presença de garimpeiros contribui
para o aumento dos casos de malária. A Polícia Federal já
está colocando um plano para a retirada dos não-índios
da área indígena. (Leandro Freitas)