CCPY
Foto:
Jader Souza
A sede da Funasa
foi ocupada nas primeiras
horas da manhã de ontem
Índios
yanomami ocuparam a sede da Funasa (Fundação Nacional de Saúde)
na manhã de ontem, em protesto contra a demora no repasse de verba para
as Organizações Não Governamentais (ONGs) que prestam serviços
de saúde na área indígena.
Desde a semana passada os protestos vêm ocorrendo, mas só ontem
os indígenas tomaram uma atitude mais drástica. A ocupação
pode ter sido um dos motivos para a exoneração do coordenador
Ionilson Sampaio. Essa é a segunda vez que os yanomami invadem a sede
do órgão público só este ano e em menos de uma semana.
Os servidores do órgão estavam impedidos de sair ou entrar no
prédio. A equipe da Folha ficou por cerca de 10 minutos negociando sua
liberação. Logo cedo, os índios se reuniram com o então
coordenador e expuseram a decisão de ocupar a Funasa por tempo indeterminado,
até que a presidência do órgão em Brasília
dê um posicionamento real quanto às reivindicações.
Agentes da Polícia Federal negociaram a liberação dos servidores
que estavam no prédio. Isso aconteceu por volta das 11 horas. Logo em
seguida, os índios fecharam novamente as portas de entrada da sede. No
período da tarde não houve expediente, uma vez que os funcionários
que deixaram o órgão ficaram impossibilitados de retornar.
Os índios permaneceram durante todo o dia armados com arcos e flechas
e com os rostos pintados, simbolizando o ato de batalha. Eles aguardavam uma
posição da sede do órgão em Brasília. Provavelmente
estenderão os protestos por hoje. Eles pretendem ficar acampados em frente
à sede da Funasa.
Na tarde de ontem, a Polícia Federal esteve novamente no local para tentar
mediar as negociações e solicitar a desocupação
do órgão público. Segundo a Assessoria de Comunicação
Social da PF, não há nenhuma operação preparada
para a retirada dos índios do local.
O
FATO – Os índios yanomami reclamam o repasse de verba
para pagamento das conveniadas da Funasa que prestam serviços de saúde.
Existe instituição que está há quatro meses sem
receber os repasses devidos. Todo o impasse iniciou quando foram suspensos os
vôos para a área indígena, por falta de pagamento para a
empresa Roraima Táxi Aéreo. Esse problema já foi solucionado,
mas as Organizações Não-Governamentais (ONGs) ainda não
receberam o dinheiro.
Os índios elaboraram vários documentos mostrando a realidade enfrentada
por eles nos pólos-base mantidos pela Funasa e encaminharam na sexta-feira
passada, cópias via fax ao Gabinete do Ministério da Saúde
(MS), presidência da Funasa, Desai (Departamento de Saúde Indígena),
presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio),
Procuradoria-Geral da República e Ministério Público Federal.
Na tarde de ontem, os indígenas estavam reunidos no auditório
da Funasa para deliberar a ida a Brasília, a fim de mediar as negociações
diretamente com a presidência da Funasa. A imprensa não teve acesso
ao local. (LeandroFreitas).