Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Data: 6 - Dezembro - 2005
Titulo: Parabólicas
Fonte: Folha de Boa Vista - Parabólicas

O vereador George Melo (PV) pôs o dedo na ferida. Com todo o respeito que merece a etnia ianomâmi, a ocupação da sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Boa Vista, que já durava mais de uma semana, tem as impressões digitais de organizações não governamentais, que não vão desistir enquanto não conseguirem atingir seus objetivos.

A questão é simples. Até o ano passado, o Governo Federal havia terceirizado completamente a assistência médica às populações indígenas. As instituições contratadas recebiam uma boa grana, recrutavam pessoal, compravam remédios e contratavam aviões para realizarem o serviço. O governo era mero repassador do dinheiro, perdendo inclusive o contato com as comunidades entregues ao controle absoluto das ong’s.

Por recomendação do Tribunal de Contas da União, o Ministério da Saúde, através da Funasa, decidiu mudar a forma de execução das despesas, passando a partilhar o controle delas, para fiscalizar melhor a aplicação do dinheiro público. Essa alteração de metodologia tirou um pouco do poder, especialmente político, que essas instituições exerciam sobre as comunidades, e fechou a torneira financeira dos convênios, concedendo mais controle por parte da Funasa.

Claro, nenhuma organização aceita perder poder político, sobretudo numa área tão estratégica como a política indigenista, que está recheada de interesses, alguns inconfessáveis. Basta somar isso à reconhecida incapacidade do governo Lula para operar administrativamente para se construir as bases necessárias à manipulação de uma etnia que nada entende de administração pública, e só deseja receber uma atenção competente do estado brasileiro, do qual são tutelados por força da Constituição Federal.

Afora essas questões envolvendo interesses que não são públicos, é importante frisar que a Funasa não opera apenas com a saúde indígena, cuidando especialmente da questão sanitária do País - um setor estratégico que compromete a qualidade de vida, principalmente da população mais pobre do Brasil.