CCPY
Foto:
Nonato Sousa
Índios e representantes
de diversos organismos
votaram as propostas na tarde de ontem
Os cinco
dias de discussões da II Conferência Distrital de Saúde
Indígena de Roraima resultaram em uma pauta de 250 propostas que foram
analisadas e votadas na tarde de ontem. O documento contendo as sugestões
que serão levadas ao debate nacional será divulgado na próxima
semana.
Muitas
propostas foram suprimidas, pelo fato de serem similares às demais presentes
em outros grupos temáticos. Ao todo, 10 grupos elaboraram, discutiram
e defenderam as melhorias no sistema de saúde indígena desenvolvido
por conveniadas contratadas através da Funasa (Fundação
Nacional de Saúde).
Foram cinco
os eixos temáticos de discussão: direito à saúde,
controle social e gestão participativa, desafios indígenas atuais,
trabalhadores indígenas e não indígenas em saúde
e segurança alimentar, nutricional e desenvolvimento sustentável.
O ponto
mais alto da conferência foi a escolha e confirmação dos
delegados que irão a Brasília representar o Estado durante a plenária
nacional. Serão 48 pessoas, sendo 18 das regiões do Distrito Sanitário
Leste, 10 representantes de entidades ligadas à questão indígena,
oito membros de órgãos públicos, quatro profissionais indígenas
de saúde e oito profissionais não-índios que trabalham
na área indígena.
Os nomes
dos representantes indígenas, das entidades indigenistas e dos órgãos
públicos já tinham sido votados em pré-conferências
ocorridas anteriormente. Essas pessoas apenas foram apresentadas e tiveram os
nomes referendados. Em votação entraram apenas os profissionais
índios e não-índios da área de saúde.
Durante
os cinco dias, os trabalhos foram desenvolvidos sem qualquer tipo de manifestação.
Esperava-se algum tipo de envolvimento mais tenso pelo fato do atraso no repasse
para o CIR (Conselho Indígena de Roraima) e outras Organizações
Não-Governamentais para garantir a continuidade dos serviços de
saúde. Ontem a Funasa confirmou o pagamento a esses organismos.
Em todos
os momentos, os índios das etnias Macuxi, Taurepang, Wapixana, Ingaricó,
Patamona e Wai-Wai mostraram solidariedade aos povos Yanomami, que estão
enfrentando falhas no serviço de saúde prestados pelas conveniadas
contratadas pela Funasa. No corpo das discussões os índios deixaram
claro o medo de sofrer com os mesmos problemas.
Na avaliação
do secretário suplente do Conselho Distrital, José Ernesto, as
discussões foram proveitosas, uma vez que os índios sugeriram
melhorias para o andamento dos serviços de saúde, bem como estruturaram
as propostas que foram elaboradas na edição passada da conferência.
“O número de propostas era esperado. Algumas das sugestões
são da conferência passada que não foram colocadas em prática”,
disse, ao afirmar que em torno de 40 propostas são remanescentes da I
Conferência Distrital da Saúde Indígena de Roraima.
Embora
as propostas não sejam transformadas em normas, diretrizes ou leis, Ernesto
espera que grande parte das sugestões seja colocada em prática
pelo Governo Federal, uma vez que transcrevem os desejos dos indígenas
quanto à prestação de serviços de saúde.
(Leandro Freitas)