CCPY
Foto:
Jader Souza
A II Conferência
reúne 320 participantes na
Casa Paulo VI, bairro Calungá
Desde
ontem, índios das etnias Macuxi, Wapixana, Wai-Wai, Patamona e Ingaricó
estão reunidos na II Conferência Distrital de Saúde Indígena
de Roraima, na Casa Paulo VI, para discutir as políticas públicas
de saúde indígena. A intenção é sugerir e
propor melhorias para o serviço prestado pelas conveniadas contratadas
pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
A conferência encerra-se na sexta-feira com a promessa de tabular todas
as propostas apresentadas pelos indígenas, representantes das Organizações
Não-Governamentais (ONGs) que trabalham na assistência à
saúde indígena e órgãos ligados ao setor. Essas
recomendações serão encaminhadas a Brasília, para
serem apresentadas no evento nacional que acontecerá em março
de 2006.
A Conferência Distrital acontece a cada quatro anos, coincidindo este
ano com a crise enfrentada pela Funasa em garantir a continuidade dos serviços
de saúde para a população indígena. “A conferência
acontece exatamente no momento em que o principal autor interessado, os usuários
do sistema do sistema de saúde indígena, os profissionais e as
prestadoras de serviço se mobilizam no auge de uma crise. Isso significa
que o poder de resposta do governo poderá potencializar soluções
mais rápidas”, analisou o chefe do Distrito Sanitário Leste,
Namis Levino.
No primeiro momento da conferência, os participantes resgataram e avaliaram
as propostas apresentadas na última versão do evento. Além
disso, os indígenas reformularam algumas propostas e pediram ação
imediata por parte da Funasa, para garantir a prestação dos serviços
com qualidade.
Apesar da conferência ser destinada aos povos indígenas do Distrito
Sanitário Leste, durante a abertura do evento tuxauas de várias
etnias se mostraram solidários e criticaram o impasse enfrentado pelos
profissionais de saúde da área yanomami. O problema do repasse
de verbas para as conveniadas prestadoras de serviços de saúde
ocasionou na ocupação da Funasa por duas semanas.
São atendidos pelo Dsei-Leste cerca de 32 mil índios, distribuídos
entre as etno-regiões das Serras, Surumu, Baixo Cotingo, Raposa, Taiano,
Amajari, São Marcos, Serra da Lua e Wai-Wai.
DELEGADOS – Participam dos debates da II Conferência
Distrital de Saúde Indígena de Roraima um total de 320 delegados,
entre índios e não-índios, representantes das conveniadas
contratadas pela Funasa. Desses, 48 irão a Brasília apresentar
e defender as propostas resultantes na conferência estadual.
Para fortalecer as propostas surgidas na conferência estadual, os delegados
de toda a região Norte vão se reunir no Amazonas a fim de discutir
e compilar as propostas de todos os estados da região. A data ainda não
foi definida.
É
intenção da conferência um posicionamento sobre a grave
crise em que se encontra a assistência à saúde nas aldeias
indígenas, principalmente no que se refere ao atraso na liberação
de recursos por parte da Funasa, a compra de medicação, combustível,
radiofonia, pagamento das horas de vôo e reposição da frota
de veículos que se encontra sucateada.
“As
discussões em si serão proveitosas. Iremos avaliar a qualidade
dos serviços prestados pelas conveniadas, bem como propor uma melhor
estruturação no ponto de vista de financiamentos”, disse
Levino, que avaliou a presença de índios e delegados como uma
superação das expectativas propostas pelo evento.
Namis Levino acredita que os palestrantes que irão conduzir as mesas
redondas vão garantir maiores discussões em torno das problemáticas
levantadas pelos índios, além de formular políticas públicas
de saúde indígena para Roraima.
PROGRAMAÇÃO – Prevista para a manhã
de hoje, a participação da pesquisadora da Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz) do Amazonas que irá mediar as discussões em torno
do “Controle social e gestão participativa”, juntamente com
o coordenador do CIR-Saúde, Clóvis Ambrósio, e outros participantes.
Em seguida terão debates em plenária e trabalhos em grupo. À
tarde o tema abordado será “Desafios indígenas atuais”.
Na quinta-feira serão trabalhados dois temas. Um sobre “Trabalhadores
indígenas e não indígenas em saúde” e “Segurança
alimentar, nutricional e desenvolvimento sustentável”, seguido
de debates em plenária em torno do assunto e trabalhos em grupo.
A conferência será fechada com a aprovação do relatório
final do evento, com plenária, eleição dos 48 delegados
que vão a Brasília e aprovação das propostas. (Leandro
Freitas)