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Brasília,     


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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Notícias CCPY Urgente

Data: 16 - Dezembro - 2005
Titulo: Yanomami propõem reforma do modelo de saúde e explicam recentes manifestações
Fonte: CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 73

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Yanomami propõem reforma do modelo de saúde e explicam recentes manifestações

Em um recente manifesto avaliando o atual modelo de saúde indígena no contexto da crise do Distrito Sanitário (DSY) que os atende (ver Boletins Pró-Yanomami 52, 53, 54, 60, 70 e 72), um grupo de líderes e professores yanomami acabou de propor ações concretas para uma reforma efetiva da estrutura de atendimento na área indígena (ver carta abaixo). Longe de limitar-se a críticas e mera exigência de verbas, o texto, elaborado por integrantes da Hutukara Associação Yanomami e por um grupo de professores indígenas que participaram da recente ocupação da sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Boa Vista (ver Boletim Pró-Yanomami 72), destaca-se pela forma direta e pragmática com a qual são propostas mudanças, tomando como referência o sistema de trabalho e os resultados obtidos pela organização Urihi – Saúde Yanomami, que atuou na Terra Indìgena Yanomami entre 2000 e 2004 (ver Boletins Pró-Yanomami 39 e 40): “Quando a Urihi trabalhava conosco, eles ficavam muitos dias em nossas comunidades, observando se adoecíamos, eles acompanhavam os microscopistas yanomami para colher lâminas e saber se havia malária; se houvesse, eles tratavam logo. (...) É por isso que nós queremos que a Funasa faça a mesma coisa, ensinando seus funcionários a trabalhar bem em todas as regiões, ir até os Yanomami onde quer que eles estejam, ouvi-los e respeitá-los”.

Chama a atenção também a análise, pelos Yanomami, do atual sistema de repasse de verbas e convênio com a Fundação Universidade de Brasília (FUB) que geraria desperdício de recursos e, conseqüentemente, prejudicaria o atendimento e o bom gerenciamento dos recursos: “Com um (FUB) pagando o pessoal de saúde e o outro (Funasa) pagando as horas de vôo fica muito confuso e prejudica o atendimento à saúde. Por controlarem mal as horas de vôo é que o dinheiro acaba logo. Por vocês fazerem assim é que o dinheiro acaba logo”.

Apresentamos a seguir a íntegra do documento.

Comunicado às autoridades brasileiras

Por que fizemos manifestação

Durante o VI Curso de Formação, nós, professores yanomami, convidados pelos conselheiros yanomami do DSY, participamos da Reunião Extraordinária do Conselho porque a saúde dos Yanomami está correndo um grande perigo. Na nossa terra a malária voltou com toda a força, o que nos deixa muito preocupados e, por isso, estamos tão indignados.

Nas nossas comunidades, a malária voltou a nos atormentar, aumentando muito. Entre agosto de 2001 e agosto de 2004, a malária estava controlada, mas a partir de agosto de 2005 ela aumentou muito, chegando a mais de mil casos.

Nós fechamos a Funasa porque não queremos voltar a morrer como antes. E estamos muito preocupados porque a saúde não está bem em nossas comunidades e, por isso, protestamos, para mostrar às pessoas da Funasa que não estamos satisfeitos com a qualidade do serviço de saúde. Queremos continuar sempre com saúde, por isso nos manifestamos na Funasa. Depois de pensar muito sobre como realmente queremos os serviços de saúde, decidimos escrever este documento para que vocês, autoridades, saibam que nós não queremos ver nosso povo morrer de novo, como antes.

Assistência permanente da saúde

É assim que nós queremos a assistência, com os profissionais de saúde ficando mais tempo em nossas comunidades. Só assim eles podem perceber quando alguém começa a ficar doente. Quando a Urihi trabalhava conosco, eles ficavam muitos dias em nossas comunidades, observando se adoecíamos, eles acompanhavam os microscopistas yanomami para colher lâminas e saber se havia malária; se houvesse, eles tratavam logo. Também iam às comunidades mais distantes para cuidar da saúde dos Yanomami. Quando algum Yanomami ia falar com eles, mesmo sem saber a língua yanomami, eles se esforçavam para entender o que ele tinha. A Urihi ensinava aos seus funcionários a trabalhar assim. É por isso que nós queremos que a Funasa faça a mesma coisa, ensinando seus funcionários a trabalhar bem em todas as regiões, ir até os Yanomami onde quer que eles estejam, ouvi-los e respeitá-los.

A isso nós chamamos de assistência permanente e é assim que queremos que seja tratada a nossa saúde.

Mas vocês da Funasa não fazem assim e isso não é bom para nós. Da maneira como vocês dividem o trabalho, não funciona. Com um (Fub) pagando o pessoal de saúde e o outro (Funasa) pagando as horas de vôo fica muito confuso e prejudica o atendimento à saúde. Por controlarem mal as horas de vôo é que o dinheiro acaba logo. Por vocês fazerem assim é que o dinheiro acaba logo.

Por isso também não chega remédio na nossa terra e vocês já fecharam os postos de saúde no Homoxi e no Arathau. Até os funcionários de saúde que trabalham nas nossas comunidades deixaram de receber comida porque não mandam mais os aviões; vocês estão desperdiçando dinheiro.

Nós fizemos a manifestação porque queremos recuperar a qualidade dos serviços de saúde na nossa terra e o respeito devido aos Yanomami.

Assinam:
Associação Hutukara Yanomami
Presidente: Davi Kopenawa Yanomami
Vice-presidente: Geraldo Kuesi theri Yanomami, microscopista
Tesoureiro: Dário Vitório Xiriana, professor
Primeiro secretário: Mateus Sanuma
Segundo secretário: Emílio Sisipino, professor

Professores
Anselmo Xiropino Yanomami
Rezende Maxiba Cardoso
Manisi Marinaldo Sanuma
Enio Mayanawa Yanomami
Genivaldo Krepuna Yanomami
Ricardo Porari Yanomami
Lourenço Yoina Yanomami
Alípio Waarinawa Yanomami
Raimundo Õiri Yanomami
Magno Junior Yanomami

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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