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Yanomami na Imprensa
Data: 17 - Janeiro - 2006
Titulo: Malária já ameaça virar epidemia entre os Yanomami
Fonte:
O Estado de S. Paulo
Número de casos dobrou de 2004 para 2005; índios reclamam de falta de medicamentos.
A
malária volta a ameaçar os ianomâmis. Depois de atravessar três anos
de queda sucessiva no número de casos, a doença ganha novamente contornos
de epidemia.
Em 2005, foram 1.400 registros, quase mil a mais do que os 418 contabilizados
em 2003. O número também é mais do que o dobro do que havia sido registrado
em 2004, quando 622 índios foram infectados. Com esses dados, os ianomâmis
comprovam com o próprio sofrimento as advertências que há tempos vêm
fazendo: eles dizem amargar sucessiva falta de medicamentos e inconstância
nos serviços de assistência à saúde.
Especialistas afirmam que problemas de várias nações indígenas se agravaram
nos últimos dois anos, principalmente depois de uma mudança na forma
de atuação da Fundação Nacional de Saúde. Em várias regiões, há queixas
de falta de estrutura para promover a saúde desses povos.
Entre os ianomâmis, as perspectivas são muito sombrias. Além da malária,
também o numero de casos de tuberculose pode crescer, alerta o médico
Cláudio Esteves, integrante da organização não-governamental CCPY. Até
meados de 2004, ele esteve à frente do trabalho de promoção e assistência
à saúde para um grupo de 7.500 índios ianomâmis. Por discordar das mudanças
na forma de dar assistência, sua ONG acabou deixando o convênio firmado
com a Fundação Nacional de Saúde para a área.
Além dos riscos da doença em si, a malária traz uma série de outros
reflexos: “A doença é o primeiro passo para a escassez de alimentos
(debilitados, os índios deixam de trabalhar a terra e, como não fazem
estoques, ficam sem comida) e, em conseqüência, para a desnutrição”,
afirma o médico. Ele não descarta que, com a crise, aumente também o
número de casos de tuberculose e outras doenças respiratórias.
Em novembro, representantes de povos ianomâmis redigiram uma carta ao
ministro da Saúde, Saraiva Felipe, relatando os desafios a que vinham
sendo submetidos. O diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação
Nacional de Saúde, José Maria de França, admitiu que faltam medicamentos
em várias regiões do País. E atribuiu o problema à falta de recursos
no orçamento e, também, a falhas na forma de controle e reposição do
estoque.
(Lígia Formenti) OESP, 17/01/2006, p. A11
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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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