Untitled Document
Foto: Nonato de
Souza
Pintados como se
fossem para a guerra, índios
debatem melhorias na saúde
Índios
Yanomami e Yekuana estão reunidos desde ontem na Casa Paulo VI, no bairro
Calungá, para participar da 4ª Conferência Distrital de Saúde
Indígena do Distrito Sanitário Especial (DSEI-Y). Na série
de propostas, as principais estão relacionadas à melhoria da prestação
de serviços por parte das conveniadas e a retirada dos garimpeiros da
área.
O evento se estende até amanhã e todas as propostas serão
compiladas e encaminhadas a Brasília para serem apresentadas na versão
nacional do encontro indígena, que acontece em março.
Durante a abertura, índios das etnias Marauiá e Maturaká,
do Amazonas (AM), encenaram uma dança de preparação para
guerra. Eles estavam com rostos pintados e armados com arco e flecha. O ritual
iniciou logo após o anúncio do coordenador em exercício
da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), João Ponciano.
No primeiro momento da conferência, os índios se subdividiram em
grupos para discutir os seguintes temas: Direito à Saúde; Controle
Social e Gestão Participativa; Desafios Indígenas Atuais; Trabalhadores
Indígenas e Não-Indígenas em Saúde; Segurança
Alimentar e Desenvolvimento Sustentável.
Todos os trabalhos são conduzidos no idioma yanomami. Alguns representantes
de Organizações Não-Governamentais traduzem todas as reivindicações
propostas pelos índios. Poucos indígenas presentes na conferência
falam português.
Ponciano disse que os índios estarão livres para decidir os tópicos
propostos durante conferência. “Esperamos que seja feita uma reavaliação
das propostas feitas nos anos anteriores e sobre o serviço prestado pelas
conveniadas da área de saúde, bem como identificar o motivo do
avanço da malária na região”, disse.
Ele espera que o encontro trate apenas de assuntos relacionados à questão
de políticas públicas para a saúde indígena e não
direcionada à questão pessoal. Ele se referiu à nomeação
de Ramiro Teixeira para a coordenação da Funasa em Roraima, a
qual índios de várias etnias não concordam, embora seja
uma prerrogativa da presidência do órgão.(Leandro Freitas)