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Jader Souza
Os índios dizem que se interessam por atraso no
pagamento dos profissionais
LEANDRO FREITAS
Colaborador da Folha
Discursos
meio desencontrados marcaram o primeiro dia da reunião extraordinária
do Conselho Distrital Yanomami, ontem na Casa de Estudos. O endereço
do encontro foi alterado em razão dos rumores de mais uma ocupação
do prédio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Policiais federais garantiram a segurança em alguns momentos das discussões.
A reunião termina hoje.
Os
índios que antes declaravam apoio às conveniadas que prestam serviços
de assistência à saúde e educação nas aldeias
- já que engrossaram os movimentos de invasão da sede da Funasa
por duas vezes e pediam a retirada do atual coordenador, Ramiro Teixeira - ontem
apenas levantavam a defesa do direito à saúde, independente do
impasse no pagamento dos profissionais que trabalham em área. “Os
servidores trabalham apenas pelo dinheiro?”, indagou o presidente do Conselho
de Saúde Indígena Yanomami, Arokoma Yanomami.
Durante
toda a reunião, os índios sustentaram os discursos de apoio à
Funasa, mesmo não tendo sido confirmado o repasse de verba para todas
as prestadoras de serviço na área indígena, como, por exemplo,
da FUB (Fundação Universidade de Brasília).
Presentes
na reunião apenas os conselheiros, ou seja, 15 índios Yanomami
e 15 representantes de Organizações Não-Governamentais
e Funasa. Durante toda manhã apenas os indígenas tiveram direito
a voz. Os protestos eram, em geral, os mesmos: o direito à saúde,
desconsiderando as condições de trabalho.
“Os
servidores trabalham apenas pelo dinheiro. Queremos a melhoria no atendimento.
Quando falta pagamento, eles [profissionais de saúde] não se preocupam
como estão os índios na floresta, sabendo que só os médicos
podem resolver os problemas de saúde dos Yanomami”, atacou Arakoma
Yanomami.
Os
índios foram mais além. Em alguns momentos da reunião foi
levantada a hipótese de desvio de verba por parte das conveniadas. As
poucas faixas de protestos afixadas no muro da Casa de Estudo foram colocadas
pelos funcionários contratados pela FUB. Os índios recuaram em
todos os sentidos do movimento de protesto.
AJURI
– Sobre a possível troca da conveniada FUB para a Fundação
Ajuri, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), os índios entendem
que a possível nova conveniada deveria primeiramente ter conhecimento
da realidade dos fatos para depois aceitar o convite feito pela Funasa e levar
serviços para a área indígena Yanomami.
“Tem
que ser resolvido tudo antes para depois aceitar o serviço e dar continuidade
aos trabalhos de educação e saúde”, disse um dos
indígenas presente na reunião. A Folha apurou que todas as mudanças
de conveniadas prestadoras de serviço para a Funasa aconteceram de forma
repentina. Na maioria dos casos, os funcionários contratados pela empresa
anterior são absorvidos pela nova prestadora de serviço. Não
havia representante da Fundação Ajuri na reunião. (L.F.)