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Notícias CCPY Urgente
Data: 26 - Maio - 2006
Titulo: Yanomami denunciam aumento contínuo de casos de malária nas regiões do Parawau e Toototopi (AM)
Fonte:
Boletim Pró-Yanomami Nº 78
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Yanomami
denunciam aumento contínuo de casos de malária nas regiões
do Parawau e Toototopi (AM)
ALideranças,
professores e microscopistas yanomami alertam para o crescimento contínuo
dos casos de malária nos pólos Parawau e Toototobi, no alto
rio Demini (AM), cujo atendimento de saúde é de responsabilidade
do convênio Funasa-FUB. Em carta redigida no dia 25 de abril os
Yanomami do pólo do Parawau apontam como fator determinante para
o recrudescimento da malária a ineficácia do trabalho de
guardas de endemia, responsáveis por borrifações
de veneno nas casas comunitárias e localização de
focos transmissores: “Na região do Parawau aqueles que matam
os mosquitos carapanãs (agentes de endemia) não trabalham
muito por isso a malária tornou a crescer fortemente” (Ver
carta na íntegra abaixo).
Do Toototobi
informações mais precisas foram enviadas pelos próprios
microscopistas yanomami, assustados com possibilidades de agravamento
do quadro devido à greve geral dos funcionários da saúde.
Até o dia 24 de maio, foram registrados mas 41 casos de malária,
assim distribuídos: onze casos na comunidade do Xiroxiropiu; oito
casos na comunidade do Rasasi; cinco casos na comunidade de Apiahiki;
quatro casos em Kaxitao; cinco casos em Okarasipë; quatro casos no
Piau; e mais quatro casos em Koyopi.
A região
do alto rio Demini, onde se situam além de ambos os pólos
a comunidade do Demini, é uma das mais atingidas pela malária,
proveniente de várias frentes, como as zonas de garimpo na Venezuela,
próximas à fronteira, e a ocupação de áreas
limítrofes da Terra Indígena por moradores de municípios
próximos (Ver Boletins 71,
72
e 73).
Em 2005, o atendimento de saúde nos três pólos da
região registrou 338 casos, sendo 296 de Vivax e 42 de Falciparum,
forma letal da doença (Ver
Boletim CCPY 75).
Parawa-ú, 25 de abril de 2006.
Palavras
sobre o crescimento da malária no Parawau
A malária voltou a surgir na nossa terra-floresta.
No
Maxapipi, Etewexipi [nomes de comunidades do sub-pólo] e também
entre aqueles que vivem próximos ao posto o mal da malária
cresceu muito rapidamente.
Na
região do Parawau aqueles que matam os mosquitos carapanãs
[agentes de endemia] não trabalham muito por isso a malária
tornou a crescer fortemente. Nós Yanomami queremos pedir às
lideranças da Funasa ações para acabar com os carapanãs,
corretamente e em larga escala.
Vocês
[da Funasa] não devem usar a toa este dinheiro destinado a nós,
Yanomami, ao enviarem esses brancos que não trabalham.
Nós
Yanomami queríamos ficar felizes ao escolhermos por vocês
da Funasa. Quando vocês da Funasa enviarem funcionários,
vocês devem falar direito para eles, assim eles trabalharão
bem na nossa floresta. Esses que trabalham na nossa floresta yanomami
devem ser questionados por vocês.
Acabaram-se nossas palavras.
Assinam:
Geraldo
Yanomami conselheiro
Carlita Yanomami
Rafael Wanari Yanomami Professor
Platão Ixarori Yanomami Professor
Ivan Yoroana Yanomami Professor
Carta
em Yanomami:
Parawauha malária a tirerayou wei të ã oni.
Kamiyë yamaki urihi pihami malaria kua kõprarioma.
Maxapapi hami xo, etewexipi hami xo, postoha pë përio aheteowei
pëxo, ihi pë yaiha malária a wayuyai ropeyai tirerayoma.
Região Parawa u hami ukuxi nomamare wë pë kuama kure
pë kiyaaimi mahi yaro malária kohipi kua kõprarioma.
Kamiyë yanomami yama kini Funasa patamorewë iha ukuxipë
xaari nomamai piyëkouwei ihi yama a nakai puhio.
Napë pë kiyaai maoweiha ihi wama pëha ximani kami yë
yanomai wamare ki dinheiro pë hai kiai pëonomai.
Kamiyë yanomami yama kini Funasa teri wama ki yaai tëhë
yama ki xi topra rou puhio. Funasa wama kini funcionarios wa ma pë
ximai tëhë kama pëha wamakia xaarihai kamiyë yanomami
yama ki urihi pihami pë xaari kiyaa pë. Kamiyë yanomami
yama ki urihi pihami pë kuowei wama pë xaari wari.
Awei të ã maprarioma.
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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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