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Malária
na área Yanomami quadruplicou
REBECA LOPES
No
livro intitulado “Povos Indígenas no Brasil, 2001-2005”,
lançado pelo ISA (Instituto Socioambiental), uma organização
não governamental que atua nesta área desde 1994, questões
relacionadas à área de saúde entre os povos de todo o País
constituem um dos pontos de destaque.
Ao
fazer um balanço de 2001-2005, os organizadores do livro, os antropólogos
Beto Ricardo e Fany Ricardo, observam que o atendimento sanitário piorou
no governo Lula em decorrência da excessiva burocratização
do setor e influência política ao qual foi exposto.
Em
relação a Roraima, o livro aponta o ressurgimento da malária
entre os yanomami e a maior incidência de casos de tuberculose - endemia
presente em várias tribos. O site da ONG teve acesso aos dados do “Relatório
Técnico da Malária - Distrito Sanitário Yanomami (DSY)
2006”, onde aponta que os casos quadruplicaram. No primeiro semestre deste
ano foram notificados 2.591 casos, representando um aumento mais de quatro vezes
maior em relação ao total de casos do mesmo período do
ano anterior.
Além
dos fatores que sempre contribuíram para a entrada da doença,
como a presença constante de garimpeiros e frentes de colonização,
consta que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) teria
identificado problemas no gerenciamento do DSY e os conseqüentes efeitos
na qualidade e intensidade das ações de controle da doença.
Tudo
isso gerado pela instabilidade dos convênios com as ONGs parceiras que
atuam em área, como Fubra (em Roraima) e Secoya (no Amazonas) principalmente,
falta de repasses dos recursos e paralisação dos trabalhos de
campo pelos funcionários. Sem ação mais enérgica,
cogita-se que uma grave epidemia de malária poderia surgir.
Conforme
o tesoureiro da Hutukara Associação Yanomami, Dário Vitório,
o problema realmente é preocupante e as lideranças indígenas
reclamaram por diversas vezes, inclusive com denúncias no Ministério
Público Federal e encaminhamento de documentação do que
está acontecendo para Brasília (DF), mas até agora o quadro
nada mudou.
Desde
que o Governo Federal resolveu retomar a assistência à Saúde
dos povos indígenas, o tesoureiro garante que os problemas começaram
a surgir. “Antes a gente tinha assistência, mas depois que a Funasa
assumiu, piorou. Estamos tristes porque a coisa é gravíssima e
nosso povo está sofrendo com as doenças”, lamentou.
Reconheceu
que o problema está em Brasília. “Ela [Funasa] nunca libera
recursos, só faz prometer”, disse. Cogitou inclusive a possibilidade
dos líderes indígenas irem à Capital Federal conversar
diretamente com as autoridades a fim de pedirem providências urgentes.
(RL)