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Yanomami na Imprensa
Data: 19 - Janeiro - 2007
Titulo: Aumenta violência entre ianomamis
Fonte:
Clipping da 6ªCCR do MPF
Segundo a Funai, Polícia Federal vai realizar operação para retirar
garimpeiros da reserva dos Ianomâmi
Os índios ianomamis da Serra das Surucucus, em Roraima, estão
se aniquilando. A baixa é "patrocinada" e atende aos interesses
de garimpeiros. De olho nas áreas de mineração das terras
indígenas, eles fornecem armas de fogo aos índios há
mais de duas décadas, contribuindo para a intensificação
de conflitos intercomunitários, característicos da etnia.
O sistema de agressões entre os ianomamis é sociocultural.
Está relacionado às relações de parentesco, à
ocupação do espaço e à definição
de unidades sociais. Mas, por causa da interferência do homem branco,
o homicídio tornou-se, a partir de meados da década de 1990,
uma das principais causa de mortalidade entre os índios. Diferentemente
dos tempos onde apenas as flechas, além dos rituais de feitiçaria
guerreira, eram usadas como munição contra o "inimigo."
Das 54 mortes violentas registradas na última década, 22 homicídios
(41%) foram causados por armas de fogo. No início desta década,
os casos de morte violenta se intensificaram.
Das 30 registradas entre 2000 e 2003, 70% foram em decorrência do
uso de armas de fogo, enquanto apenas 30% envolveram exclusivamente a utilização
de outras armas. O número de ianomamis em território brasileiro
chega a mais de 10 mil. Os dados fazem parte do estudo Niyayou – antagonismo
e aliança entre os Yanomami da Serra das Surucucus (RR). De autoria
do antropólogo Rogério Duarte do Pateo, da Universidade de São
Paulo, a pesquisa denuncia o oportunismo do garimpo que, diante da falta de
atuação do Estado para garantir efetivamente os direitos dos
índios, se aproveita da desarticulação do governo federal
e invade as terras dos ianomamis. Operação da PF O pesquisador
da USP lembra que a situação é conhecida das autoridades
brasileiras desde os anos 70. "O poder público está deixando
a desejar. Falta continuidade na fiscalização. Até a
Polícia Federal já fez recolhimento de armas, mas a permanência
da fonte fornecedora dentro da área indígena persiste",
denuncia. A última investida ocorreu em dezembro de 2005.
Agentes federais e funcionários da Funai sobrevoaram a Serra das Surucucus
para ver se procediam as denúncias de invasão pelos garimpeiros.
O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, afirma que a operação
está sendo planejada e vai acontecer nos próximos meses, mas
não dá detalhes. Para Pateo, as ações da Funai
são em vão e as que conseguem êxito não funcionam
por muito tempo. Ele cita a Operação Yanomami, desencadeada
em 1996, como um caso clássico de inoperância. Houve o recadastramento
de aeronaves e a intensificação da fiscalização
sobre os vôos clandestinos, com a desativação de postos
de combustíveis não regularizados e a fiscalização
das distribuidoras de combustível. Segundo o antropólogo, esse
conjunto de procedimentos — controle rígido das vias de acesso
aos garimpos, falta de mantimentos e combustível para as máquinas
— tornou inviável a presença dos invasores, potencializando
a eficiência da operação, se mostrou eficaz. Mas não
perdurou. E os invasores voltaram.
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Coordenação Editorial: Bruce
Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista
CCPY)
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