Casos de
malária voltam a se multiplicar entre os Yanomami do rio Marauiá,
afluente do rio Negro, próximo ao município de Santa Isabel
do Rio Negro (AM). Entre os 1.442 moradores das oito comunidades espalhadas
ao longo do rio foram registrados 826 casos de malária nos três
primeiros meses deste ano, segundo a Fundação Nacional do
Índio (Funai) em Barcelos (AM). Deste total, 654 casos foram de
malária Vivax e 172 de malária Falciparum, forma letal da
doença.
Outra região
atendida pelo Secoya, a do rio Aracá (AM), onde vivem 152 pessoas,
registrou 38 casos de malária Vivax e nove casos de malária
Falciparum. As comunidades do Aracá passaram quatro anos sem sofrerem
um único caso de malária até agosto de 2005, quando
quase 60% da população foi acometida pela malária
Falciparum, levando a dois óbitos (Ver Boletins
68
e 71).
Numa terceira área, a do rio Padauiri, foram contabilizados 2 casos
de Vivax entre os 1.560 Yanomami que vivem em seis comunidades.
A região
do Marauiá foi a que apresentou os maiores índices de malária
nos anos de 2005 e 2006 (Ver Boletins 75
e 79).
Em 2005 foram registrados 471 casos (432 de malária Vivax e 39
de malária Falciparum) entre os 1.393 Yanomami que moravam nessa
região. Somente nos primeiros cinco meses de 2006, contabilizaram-se
529 ocorrências.
Principal
motivo apontado no período para a explosão desses números
foi a interrupção, durante quatro meses, dos serviços
do Secoya, organização conveniada com a Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), devido a atrasos no repasse de verbas,
ocasionando a morte de três Yanomami por falta de assistência.
(Ver Boletins 72,
78
e 79).
O Ministério Público Federal (MPF) em Manaus (AM) chegou
a solicitar à Funasa esclarecimentos sobre a suspensão dos
recursos, questionando as sucessivas crises que levaram à desestabilização
do sistema de saúde em Terra Indígena Yanomami (Ver
Boletins 60,
67,
68,
72,
73,
75,
77,
78
e 79
e Comunicados URIHI 06/07/06,
01/11/06
e 06/11/06).
Além
da demora no repasse, avaliações de representantes da ONG
durante a ocasião apontaram como causa do agravamento do quadro
a política altamente centralizadora da Funasa quanto à aquisição
de remédios, que impedia a resposta imediata às demandas
de saúde (ver
Boletim 68).