Untitled Document
HOTUKARA
- Índios Yanomami acompanham sessão no Tribunal de Justiça
Fazendo
parte das atividades do projeto implantado pela Hotukara Associação
Yanomami de formação dos gestores no sistema político,
financeiro e jurídico adotado pelas organizações não-indígenas,
um grupo formado por mais de dez membros da associação acompanharam
a sessão do Pleno do Tribunal de Justiça de Roraima.
Aproximadamente 46 comunidades
da Reserva Indígena Yanomami têm representantes na Hotukara, que
foi criada em 2005. Um dos objetivos da associação é a
defesa do povo dentro e fora da área, nos segmentos cultural, ambiental,
educacional e de saúde.
Índios presentes
à sessão fazem parte da Hotukara Associação Yanomami
O
assessor da entidade, Janilson da Silva Castro, explicou que o curso de formação
está planejado para 120 dias, dividido em três fases. A primeira
começou dia 26 de abril e termina em 07 de junho. Nesta semana os integrantes
iniciaram estudos sobre a Constituição Federal e o contexto histórico-cultural.
A
convite do procurador Edson Damas, que se propôs em ministrar oficinas
nesta semana para os membros da associação, atendendo à
solicitação da própria Hotukara, os indígenas assistiram
a sessão do Pleno de ontem. Na parte da tarde, se reuniram para discutir
mais a fundo a visita.
A
experiência, não apenas da visita ao TJ, mas das oficinas que estão
participando, vai servir como conhecimento para gestão da associação,
já que o modelo da entidade é de organização não-indígena.
Pelo sistema político, financeiro e jurídico da entidade ser novo
aos olhos dos representantes indígenas, é que eles estão
passando pela capacitação.
Segundo
o assessor, as histórias dos contatos que o povo yanomami teve com garimpeiros
e fazendeiros, ocasionaram uma série de epidemias, problemas de invasões
e agressões ao longo de quatro décadas. O resultado desse contato
foi a baixa de mais de quatro mil indígenas no final de década
de 80, início de 90. “Muitos morreram em conflitos, doenças
de poluição”, disse.
Devido
à série de problemas, conforme relatou Janilson, criou-se a necessidade
de criação de uma organização formada pelos próprios
indígenas, e que tivesse representatividade legal juridicamente. Dentro
do contexto da Constituição Federal, entre outros pontos, foram
abordados os três poderes, mas com ênfase ao Judiciário.
Para
o indígena Tino Yanomami, que pela primeira assistiu a uma sessão
do Pleno, a experiência foi classificada como positiva, no sentido de
conhecer melhor o sistema dos não-índios. Mais informado, ele
acredita que será possível para os membros da Hotukara defenderem
e cuidarem melhor dos direitos do povo yanomami. (R.L.)