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Venda de sangue
indígena revolta tribos na Amazônia, diz "NYT"
da BBC
Brasil
Uma
reportagem publicada nesta quarta-feira no jornal "The New York Times"
americano destaca uma polêmica que envolve tribos indígenas amazônicas
e institutos de pesquisas estrangeiros que vendem sangue coletado dos nativos
nos anos 70 e 90.
Líderes
karitiana, suruí e ianomâmi, escutados na reportagem, dizem não
ter recebido um só centavo pela venda de seu material genético,
vendido a US$ 85 cada (R$ 162, aproximadamente) amostra por uma firma americana
chamada Coriell Cell Repositories, uma entidade sem fins lucrativos baseada
em Camden, Nova Jersey.
Segundo
a reportagem, os índios estariam revoltados e que "na época
que as amostras foram coletadas, tinham pouco ou nenhum entendimento do mundo
exterior, muito menos de como funcionava a medicina Ocidental e a economia capitalista
moderna".
A
reportagem mostra que o material, supostamente obtido sem o consentimento dos
índios, foi coletado sem que as autoridades brasileiras soubessem que
procedimentos científicos estavam sendo realizados nas tribos protegidos
por lei federal.
Biopirataria
"Os
povos indígenas da Amazônia são ideais para certos tipos
de pesquisa genética, porque são populações isoladas
e extremamente fechadas, permitindo aos geneticistas a construção
de um pedigree mais completo e rastrear a transmissão de uma doença
por gerações", explica o artigo.
"Mas
a prática de coletar amostras de sangue dos índios da Amazônia
tem provocado desconfiança entre os brasileiros, zelosos em relação
ao que chamam de biopirataria."
Ouvida
pela reportagem, a Coriell disse que as amostras foram obtidas legalmente por
meio de um pesquisador, e aprovadas por autoridades americanas.
Além
disso, a entidade afirmou que "não há lucros" nas suas
operações de venda de material genético, e portanto não
haveria o quê ser repartido com os indígenas.
Já
institutos brasileiros que coletaram sangue dos indígenas devolveram
o material após pressões legais exercidas pelas tribos e pela
Fundação Nacional do Índio, a Funai, informou o "NYT".