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Índios yanomami confirmam biopirataria e dizem que agora estão mais preparados
Da Redação
A oficina sobre patrimônio genético, ministrada por técnicos do Ministério do Meio Ambiente aos índios yanomami, nos últimos dois dias, na Hutukara Associação, encerrou ontem com a avaliação dos participantes.
Eles garantiram ter aprendido sobre como proteger o meio ambiente e principalmente os conhecimentos de cada comunidade. Os yanomami apresentaram sugestões como: laboratório indígena e projetos de interesse da comunidade na repartição de benefícios.
O vice-presidente da Hutukara, entidade responsável pela realização da oficina, Geraldo Yanomami, destacou que há muitos anos os povos indígenas vêm perdendo com a exploração de pesquisadores nas áreas. Segundo ele, muitos objetos, plantas e conhecimentos indígenas foram para outros países, em que os cientistas tiveram lucros e os yanomami ficaram sem retorno financeiro.
Geraldo contou que os pesquisadores buscam normalmente nas áreas indígenas a diversidade das plantas. “Fico muito preocupado porque lembro do que já fizeram conosco e não queremos mais que pesquisadores entrem nas nossas áreas para levar as riquezas. A não ser para nos ajudar”, disse.
A assessora técnica do Ministério do Meio Ambiente, Carla Lemos, que ministrou as palestras, contou que a oficina atendeu à expectativa principal: fazer com que as comunidades indígenas fossem alertadas para o conhecimento tradicional que precisa ser protegido e que para isto há uma legislação própria.
“Se eles [indígenas] acharem que não deve haver pesquisa na área, então é só não permitir a entrada de pesquisadores. Mas se entenderem que isso é possível, então que tenham algo em troca – a chamada repartição de benefícios”, explicou.
Conforme a técnica, os pesquisadores têm obrigação de conhecer a legislação e atender às normas. Ainda assim, segundo ela, é importante que as comunidades tenham acesso às leis.
Legalmente, qualquer pesquisa científica para fins de bioprospecção, desenvolvimento tecnológico e que tenham conhecimento tradicional associado precisa de autorização do MMA e principalmente da comunidade indígena onde for feita a pesquisa.
Durante as palestras, Carla afirmou que houve dificuldade por parte de alguns indígenas no entendimento à língua portuguesa. “Faltou uma pessoa que traduzisse para eles”, disse.