Foto: Hione Nunes

Sem receber salário há meses, trabalhadores fazem novo protesto na Funasa

Cerca de 100 funcionários do convênio UnB/Funsaude/Funasa ocuparam ontem à tarde a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Eles entraram em salas e impediram que os funcionários da entidade voltassem a trabalhar. Apenas o coordenador em exercício da fundação e a presidente do Distrito Yanomami ficaram no local em negociação. A ocupação do prédio encerrou depois de duas horas de negociação.

“Estamos sem expectativa de emprego, pois não foi dada baixa na carteira de trabalho pela UNB/Brasília e não nos pagam nem os salários atrasados. Nem nossa rescisão é paga e agora estamos vendo que vamos passar o Ano Novo como passamos o Natal, com fome e sem esperança de ver nossa situação solucionada”, disse uma das funcionárias da UnB que pediu para não ser identificada.

São 220 servidores contratados pela Fundação Universidade de Brasília (Fub/UnB) que estão em situação complicada, com contas atrasadas e ameaça de despejo para quem mora de aluguel.

O presidente do Sindicato dos Profissionais das Áreas Indígenas (Senalba), Rondinelle Rodrigues, chegou a afirmar que eles só deixariam a sede após receberem os salários.

“A Funasa toda semana pede um documento diferente para liberar o recursos disponível para o nosso pagamento. Não sabemos ainda o que eles vão querer da UnB, pois estão há três meses solicitando todos os dias um documento diferente. Resolvemos entrar no prédio porque queremos uma solução para que nossas famílias não passem o Ano Novo como passaram o Natal”, explicou.

Rodrigues disse ainda que colaboradores estão na área indígena prestando o serviços precários de saúde aos índios. “Não é uma prestação de serviços garantida, pois não são profissionais. Mas não podemos voltar a trabalhar sem receber. Temos salários atrasados, dívidas, pessoas despejadas, outras com carros retidos, trabalhamos tanto para ver nossa vida desabar desse jeito. Todos estão com psicológico abalado”, explicou.

Segundo os funcionários, a nova contratada da Funasa, a ONG Secoya, que é do Amazonas, lançou um edital em Manaus procurando pessoas para substituir os atuais funcionários, contrariando o acordo e as notícias de que todos os funcionários da UnB seriam absolvidos.

A presidência da Funasa já tem disponíveis os mais de R$ 4 milhões solicitados pela Fub/UnB para o pagamento dos servidores que trabalharam após o término do convênio, dia 6 de outubro, mas a liberação foi condicionada à comprovação das despesas por parte da UnB. Segundo informações extra-oficias dos próprios servidores terceirizados, a Funasa aguardava a apresentação das planilhas de custos, acompanhadas dos comprovantes de despesas.

O coordenador regional em exercício da Funasa, Helder Gonçalves, disse que está aguardando prazo final dado à UnB para que faça a prestação de contas. “O dinheiro está alocado, mas a Funasa está esperando a comprovação das despesas para poder liberar. Enquanto não apresentarem a prestação de contas, não tem como repassar os recursos e, infelizmente, os funcionários ficam sem receber”, afirmou.

Em relação à Secoya (Serviço e Cooperação com o povo Yanomami), nova conveniada que vai prestar serviços de saúde na área yanomami, o coordenador confirmou que a assinatura do convênio pode ocorrer a qualquer momento e que a entidade começa a trabalhar em janeiro.

“O processo de negociação com a nova conveniada corre paralelo à situação dos servidores. E quem estiver legalmente disponível será contratado”, frisou