Foto: Arquivo/Folha
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Momento em que os indígenas chegaram ao prédio
da Funasa para falar com os coordenadores.
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Cerca de 20 indígenas da etnia yanomami foram à sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ontem pela manhã, cobrar da coordenação uma posição sobre a assinatura do convênio com a nova Organização Não-Governamental (ONG) que vai atuar na área em substituição à Fundação Universidade de Brasília (Fub/UnB), além de reivindicar melhoria dos serviços.
Os indígenas reclamaram da atual prestação de serviço e alegaram que, pela falta de qualidade dos serviços levados pelos funcionários da Funasa (em torno de 98) que substituíram os servidores da Fub/Unb, as comunidades estão sofrendo com muitos casos de malária, diarréia e gripe.
“Quando entra quem sabe trabalhar a malária, gripe e diarréia diminuem, porque essas pessoas sabem combater as doenças, mas quando entra quem não sabe a gente fica sofrendo com elas [doenças]. Não estão sabendo trabalhar direito”, disse um dos indígenas para o coordenador-adjunto da Funasa, Helder Almeida.
A tuxaua da comunidade do Bananal, no Município de Uiramutã, Maria Eunília Moreira dos Santos, falou em nome dos indígenas e disse que o objetivo de terem saído da Casa de Saúde do Índio (Casai) para a sede da empresa, na manhã de ontem, foi reivindicar a definição de um prazo para que o trabalho na área seja normalizado através da pactuação com nova conveniada.
Eles pediram ainda que o atendimento volte a acontecer nas comunidades e não que os indígenas tenham que sair dos locais de origem para receber atendimento na Capital, como está ocorrendo. No relato dos índios, até bicho-de-pé está sendo tratado em Boa Vista.
Eunília disse que como a resposta da Funasa foi de até março resolver o impasse, eles vão aguardar. Caso não se resolva, ela não descartou buscar uma solução em Brasília. “Se não for resolvido, a gente vai até Brasília para que os índios sejam ouvidos”, comentou.
Conforme o coordenador-adjunto Helder Almeida, o convênio com a Secoya ainda não foi assinado devido a uma ação do Ministério Público do Trabalho, em Brasília, na qual proíbe a Funasa e o Governo Federal de prorrogarem ou fazerem novos convênios, mas que a instituição já recorreu e aguarda uma decisão. A expectativa é que até março o convênio seja assinado e os técnicos acostumados com o trabalho voltem à área.
ALARME FALSO - Um boato de que os índios yanomami iriam invadir a sede da Funasa, no final da manhã de ontem, fez mobilizar a Polícia Federal e obrigou os servidores a evacuarem o prédio. Na verdade, os indígenas queriam apenas uma reunião com a coordenação do órgão.
Quando chegaram na sede da fundação, os indígenas ficaram assustados e surpresos com polícia mobilizada e servidores fora de seus locais de trabalho, já que muitos temiam se repetir episódios em que os índios não permitiam ninguém sair ou entrar no prédio.