ACYANE DO VALLE

O bispo de Roraima, Dom Roque Paloschi, confirmou ontem à tarde que foram suspensas as atividades de assistência à saúde desenvolvidas na terra indígena dos yanomami, por meio de um convênio celebrado entre a Diocese de Roraima e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

“Infelizmente, os repasses de recursos que deveriam ser feitos não vêm ocorrendo e nós não temos mais como manter um corpo de profissionais atuando sem ter como efetuar os pagamentos necessários”, explicou Dom Roque, ressaltando que o último repasse de recursos feito pela Funasa, mais de R$ 400 mil, foi ainda no final do ano passado.

A verba é usada para pagamento de pessoal, compra de medicamentos e suprimentos para a manutenção das equipes na terra yanomami e realização dos atendimentos de saúde aos índios.

De acordo com o bispo, o Ministério Público Federal já foi acionado, porém, a Funasa ainda não teria cumprido os acordos propostos. “Parece que há uma indiferença, um certo descaso em relação ao assunto. Enquanto isso, pessoas estão sendo penalizadas. Nós assumimos uma responsabilidade junto aos funcionários que trabalham na área indígena e um compromisso moral com todas essas pessoas”, completou Dom Roque.

Uma equipe reduzida de funcionários do convênio Diocese de Roraima e Funasa ainda estaria na terra indígena dos Yanomami para realizar atendimentos de emergência e de continuidade a tratamentos que não poderiam ser interrompidos, como o de combate à tuberculose.

Funasa culpa demora na aprovação do Orçamento da União para este ano

O coordenador da Fundação Nacional de Saúde em Roraima (Funasa), Helder Gonçalves Almeida, explicou ontem que o repasse dos recursos foi prejudicado, principalmente, pela demora da aprovação do Orçamento da União.

Os repasses de todos os convênios serão normalizados já nas primeiras semanas de abril, segundo Almeida. “A aprovação tardia do orçamento se refletiu no Brasil inteiro, pois todas as áreas do Governo Federal trabalharam em regime de contenção. Sem o financeiro aprovado, não tivemos condições de trabalhar normalmente, o que afetou os convênios mantidos pela Funasa”, ressaltou Almeida.

De acordo com o coordenador, a Diocese de Roraima ainda está com uma parcela de sua prestação de contas sendo analisada pela fundação, em Brasília. “Trata-se apenas de uma questão burocrática. Como o valor do convênio é alto, são solicitadas muitas informações. E isso também coincidiu com a demora da aprovação do Orçamento da União”, complementou.