Reitoria da UnB pediu compra de canetas Mont Blanc
O total gasto por Timothy Mulholland seria de R$ 9 mil
Murilo Ramos e Matheus Leitã
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Mulholland ordenou a compra de canetas ao custo de R$ 9 mil
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Partiu do gabinete do reitor da Universidade de Brasília, Timothy Mulholland, um pedido informal para que a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico na Área de Saúde (Funsaúde) comprasse nove canetas Mont Blanc ao custo de R$ 9 mil em dezembro do ano passado. Os recursos, segundo o Ministério Público do Distrito Federal, saíram da conta de um convênio entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Funsaúde, abastecida com dinheiro público para cuidar da saúde de índios Xavante e Ianomâmi.
A coordenadora de projetos da Editora da Universidade, Elenilde Duarte, disse em depoimento ao MP que se ouve falar na UnB que as canetas teriam sido oferecidas a decanos da instituição, espécie de ministros que assessoram o reitor. Elenilde é importante peça nas investigações do MP, pois foi ela quem atestou, como representante da Funsaúde, que a aquisição dos regalos foi finalizada.
ÉPOCA apurou que o ex-decano de Pós-Graduação, Márcio Pimentel, teria recebido o presente e depois devolvido à reitoria. Ele teria ainda se afastado do cargo em virtude do constrangimento, após notícias da aquisição das canetas pela Funsaúde. A revista tentou entrevistá-lo, mas Pimentel não retornou as ligações até a conclusão da reportagem. A UnB informa que ele pediu afastamento por motivos de saúde e que está em viagem.
Segundo a assessoria de imprensa da UnB, as canetas ainda não foram distribuídas. Serão doadas a visitantes de honra ou a autoridades que prestaram grandes serviços à universidade. As canetas, ainda de acordo com a assessoria, estão no prédio da reitoria. ÉPOCA pediu para fotografá-las, mas a UnB negou a autorização.
Na avaliação do promotor que investiga o caso, Ricardo Souza, não é finalidade da Funsaúde comprar canetas para a UnB. “Sem falar que esse dinheiro era para cuidar da saúde de índios. São recursos públicos. Essas canetas servirão para agradar privilegiados, se é que já não foram passadas adiante”, afirma.
Na terça-feira passada, o ex-diretor da Editora da UnB e coordenador dos projetos Xavante e Ianomâmi na Funsaúde, Alexandre Lima, tinha de comparecer à CPI das ONGs para explicar o aumento meteórico de seu patrimônio à frente da editora e para fornecer detalhes sobre despesas pagas fora da finalidade da fundação, entre elas passagem aérea para Lécia Mulholland, mulher do reitor da universidade. Faltou a sessão. Alegou problemas de saúde. A CPI deverá votar na próxima semana requerimento para quebra de sigilo bancário e fiscal Lima.