A CCPY
concluiu em dezembro o "Diagnóstico socioambiental da região
de Auaris" e o documento "Situación de los Yanomami e
Yekuana en Venezuela", feito em parceria com a Wataniba – Asociación
para el Desarrollo Humano Multiétnico de la Amazonia , trabalhos
fundamentais para o planejamento e articulação de ações
de gestão sustentável a longo prazo. O diagnóstico
foi elaborado por Marcos Wesley, presidente da CCPY, François Michel
Le Tourneau, geógrafo e sócio-colaborador da CCPY, e Clarisse
Jabur, assessora do Programa de Educação Intercultural (PEI)
da CCPY, enquanto que o documento sobre a situação dos Yanomami
venezuelanos foi elaborado pelo antropólogo José Antonio
Kelly, da Wataniba. Ambos levantamentos fazem parte do "Projeto Gestão
Territorial Yanomami" da CCPY, cujas atividades tiveram início
em junho de 2007 ( ver Boletim 87
) e que contempla diálogo e esforço conjunto entre comunidades
indígenas e organizações de apoio nos lados brasileiro
e venezuelano da fronteira.
A elaboração
dos diagnósticos permitiu a visualização das principais
demandas das comunidades de Auaris e a participação de representantes
das mesmas em discussões para a elaboração de possibilidades
de trabalho que fujam de um caráter assistencialista ou imediatista.
A região de Auaris apresenta diversos problemas ligados à
alta densidade demográfica e à sedentarização
de comunidades em determinados locais, especialmente aqueles próximos
à pista de pouso e às instalações do 5o Pelotão
de Fronteira, implicando no escasseamento de recursos. Nesse sentido,
as principais restrições apontadas pelo diagnóstico
foram a falta de terras para o plantio, a escassez de caças e a
dificuldade de mudanças das comunidades. Basicamente, a CCPY propôs-se
a apoiar os Sanöma e os Ye´kuana de três maneiras: apoio
à relocação de comunidades, incentivo à produção
de proteínas alimentares através de iniciativas de criação
de peixes, e adensamento das roças pela introdução
de novas espécies frutíferas somada à recuperação
de capoeiras. Tais soluções procuram evitar as habituais
intervenções externas, desvinculadas da realidade local
e que não contemplem a participação das comunidades,
como outros projetos implantados anteriormente nestas regiões (criação
de bois, carneiros e cabras, piscicultura sem capacitação
e apoio técnico).
Já
entre os Yanomami da Venezuela o principal desafio apontado diz respeito
à situação legal das terras indígenas. Desde
dezembro de 2007 o governo venezuelano está empenhado em aprovar
reformas constitucionais, entre as quais está a proposta dos Territórios
Federais, num cenário que inclui a multiplicação
de Conselhos Comunais que se tornam cada vez mais interlocutores legítimos
com os poderes públicos. O estudo aponta que apesar do momento
político ser extremamente desfavorável para a demarcação
de terras, a participação de setores sociais na execução
de políticas públicas está cada vez maior. Na Venezuela,
a proposta de apoio da CCPY passa pela promoção de intercâmbios
para promover a difusão de noções de gestões
territoriais e das experiências em curso na terra yanomami brasileira,
bem como o fomento à participação e controle social
de ações de saúde e maior articulação
com outras organizações indígenas.
O Projeto
Gestão Territorial Yanomami é executado pela CCPY em parceira
com a Wataniba e Hutukara Associação Yanomami (HAY) com
financiamento da Rainforest Foundation Norway (RFN).
Clique
aqui para ler a íntegra do diagnóstico socioambiental da
região de Auaris:
( http://www.proyanomami.org.br/v0904/index.asp?pag=noticia&id=4675
)
Clique
aqui para ler a íntegra do documento sobre a situação
dos Yanomami e Ye´kuana da Venezuela:
(
http://www.proyanomami.org.br/v0904/index.asp?pag=noticia&id=4674
)