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Yanomami na Imprensa
Data: 12 - Maio - 2008
Titulo: CPI das ONGs quer quebrar sigilos de ex-diretor da UnB
Fonte:
Correio Braziliense
CPI das ONGs quer quebrar sigilos de ex-diretor da UnB
Negócio em família
CPI das ONGs quer quebrar sigilos de ex-diretor da UnB, acusado de favorecer parentes num esquema de tráfico de influência
O ex-diretor-executivo
da Editora Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Lima não convenceu os
integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais
(ONGs). Ele deixou a sessão de ontem, após quase quatro horas de depoimento,
sob novas denúncias de desvio de recursos públicos. As mais fortes são supostos
direcionamentos de contratos com empresas privadas e ONGs montadas por parentes
dele e de funcionários da editora.
No interrogatório, Lima, que já responde a ações por enriquecimento ilícito
e improbidade administrativa, admitiu que a mulher, o filho e amigos recebem
dinheiro por convênios que ele coordenava (veja quadro). Até então, os casos
mais conhecidos de irregularidades envolvendo seu nome eram compras de nove
canetas de luxo por R$ 9 mil e jantares caros com dinheiro que deveria ser
destinado à assistência de povos indígenas, por meio de convênio entre a UnB
e a Funasa, órgão do Ministério da Saúde.
Lima foi pego de surpresa por perguntas feitas pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR),
integrante da CPI. Com base em investigação do Ministério Público do Distrito
Federal (MPDF) sobre a UnB, Dias trouxe à tona o tráfico de influência para
a montagem do que ele classificou como “verdadeiro esquema familiar” envolvendo
contratos de convênios da universidade pública. O senador citou, entre outras
denúncias, os repasses da Editora UnB de R$ 1,2 milhão à ONG dirigida por
Maria Delzeni Ribeiro, que também atuava na editora como prestadora de serviços.
Álvaro Dias não poupou crítica à essas relações familiares. “Delzeni trabalha
numa editora, tem ONG que recebe dinheiro da editora, tem uma filha que é
sócia do filho de quem coordena a editora e que comanda processo de pagamentos
da dona Delzeni, e que autoriza repasses a uma ONG laranja e outras ONGs”,
ressaltou o tucano. Em seguida, ele afirmou que se trata de uma “conexão complexa,
perigosa e promíscua”. “Tráfico de influência é muito pouco. É uma relação
de promiscuidade, complexa, ampla, que envolve interesses familiares”, finalizou.
Quebra de sigilos
Outra revelação foi feita pelo senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), também
integrante da CPI. Ele afirmou que a Editora UnB pagou R$ 2 milhões, por “notório
saber”, sem licitação, à empresa MI Management. Tal firma, segundo o parlamentar,
tem três funcionários — dois auxiliares administrativos e um motorista. Alexandre
Lima afirmou que a empresa trabalha com consultores associados. O senador
considerou as respostas de Lima “evasivas”.
Também insatisfeito com as explicações, o senador José Agripino (DEM-RN) pediu
a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-dirigente da Editora UnB. O pedido
foi reforçado por Álvaro Dias. Por falta de quórum, os requerimentos de quebra
de sigilo e convocações não puderam ser votados. Elas estarão na pauta da
próxima reunião da CPI, sem data marcada. Os parlamentares aprovaram ao fim
da reunião requerimento pedindo cópias das auditorias feitas pelo Tribunal
de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público sobre a atuação da Editora
UnB.
ENTENDA O CASO
DINHEIRO PARA DECORAÇÃO
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O Ministério Público do DF começou a investigar os gastos da Fundação de
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finatec) em agosto de
2007. A Finatec liberou R$ 470 mil para decoração do imóvel funcional ocupado
pelo então reitor da UnB, Timothy Mulholland.
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Em janeiro, o MPDF entrou com ação na Justiça denunciando desvios dos objetivos
da fundação, criada para promover o desenvolvimento científico, e pediu
o afastamento dos cinco diretores. Em 15 de fevereiro, a Justiça afastou
os diretores até sentença judicial definitiva.
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As denúncias de má gestão dos recursos públicos atingiram também a Fundação
de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico na Área de Saúde (Funsaúde).
Há três semanas, o MPDF iniciou auditoria na Funsaúde para apurar gastos
que podem ultrapassar R$ 65 mil em festas, canetas importadas Mont Blanc,
televisores de LCD e passagens aéreas até para familiares do então diretor-executivo
da Editora UnB, Alexandre Lima, responsável pelo convênio.
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Timothy
e o decano de Administração, Érico Paulo Weidle, foram denunciados à Justiça
Federal por improbidade administrativa. O reitor renunciou-se do cargo há
10 dias, um dia após o vice-reitor, Edgar Mamiya, tomar a mesma decisão.
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Coordenação Editorial: Bruce
Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista
CCPY)
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