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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 30 - Julho - 2008
Titulo: Especialistas defendem a mineração em terras indígenas
Fonte: Folha de Boa Vista

Pro Yanomami

Especialistas defendem a mineração em terras indígenas
Acyane do Valle


MANAUS (AM) – A mineração em terras indígenas seria uma oportunidade importante para a melhoria de vida nas aldeias, tornando-as auto-suficientes e livres da dependência de liberação de recursos do governo federal, além de evitar que o meio ambiente dessas áreas fosse devastado, uma vez que a extração industrial de minérios recebe acompanhamento de equipes especializadas tanto na questão ambiental, quanto em mineração.

Esta idéia foi defendida na semana passada por vários especialistas no assunto, durante a realização da Conferência Internacional sobre Empreendedorismo Indígena nas Américas, promovida no Centro Cultural Povos da Amazônia, em Manaus.

Com mais de 300 participantes de todo o Brasil e de países como Nova Zelândia, Equador, Canadá, México, Estados Unidos, Gana, Colômbia, Peru, Venezuela e França, o evento debateu o empreendedorismo, os negócios sustentáveis para as aldeias, o aproveitamento do conhecimento tradicional dos índios, desenvolvimento econômico e as tendências para as áreas indígenas no Brasil e no mundo, além dos desafios e oportunidades para as comunidades indígenas brasileiras.

Pesquisadores, ambientalistas, acadêmicos, lideranças indígenas, especialistas e representantes da Polícia Federal e do Exército também acompanharam as apresentações sobre as experiências voltadas para o empreendedorismo nas aldeias realizadas no Brasil e em outros países.

A exploração mineral em áreas indígenas foi um dos assuntos mais debatidos na conferência. Na opinião dos especialistas, um dos grandes entraves para o assunto é o desconhecimento.

A professora, pesquisadora e mestre em Exploração Mineral pela Universidade Internacional da Espanha, Hariessa Cristina Villas Boas, explicou que ainda há muita desinformação sobre a questão e que tanto os índios quanto a própria comunidade confundem o processo de mineração industrial com a atividade do garimpo, que é proibida em terras indígenas. Já a mineração industrial é permitida desde que autorizada pelo Congresso Nacional, segundo a pesquisadora.

A Amazônia possui um grande potencial mineral, principalmente quando se fala em ouro, diamante e pedras semi-preciosas, segundo o diretor-presidente da Fundação dos Povos Indígenas do Amazonas, Bonifácio José Baniwa, um dos palestrantes da conferência.

O diretor explicou que alguns índios têm medo da mineração e outros vêem como uma oportunidade de desenvolvimento, de melhoria de vida nas aldeias e de auto-sustentabilidade. “Existem aqueles que não querem a exploração nas suas terras, mas tem aldeias que querem trabalhar com isso e poderiam ser ajudadas pelo governo. Mas o grande problema mesmo é que o assunto ainda não está claro para os índios e a desinformação atrapalha porque não se chega a nenhuma solução”, assinalou.

Baniwa citou o exemplo do Canadá, onde os índios fecharam um contrato com uma empresa de mineração. Por meio do documento, ficou estabelecido que os não-índios só entrariam na terra indígena para trabalhar depois que fossem treinados e entendessem os costumes dos índios. “Foi uma maneira encontrada para que houvesse respeito às tradições, à cultura e costumes dos índios. A empresa mineradora também pode treinar os indígenas que querem trabalhar na extração de minérios dentro de sua terra.

Esse é o modelo que queremos adotar aqui”, frisou Baniwa, lembrando que já existe um projeto de Lei tramitando no Congresso Nacional onde condiciona a exploração mineral em terras indígenas realizada pelos próprios índios.

Opinião contrária

Em fevereiro deste ano, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) elaborou uma carta aberta à sociedade alertando para os riscos da atividade de mineração nas aldeias indígenas. No documento, a entidade ressaltou que a “mineração não é como o garimpo, não são pessoas que entram na floresta e degradam apenas algumas regiões, ela precisa de estradas para transportar os minérios, precisa de grandes áreas para guardar a produção, de locais para alojar os funcionários e fará grandes buracos na terra que não deixarão a nossa floresta voltar a se recuperar”.

A HAY afirmou ainda que sabia muito bem a diferença entre atividade garimpeira e a mineração industrial. “Entendemos como as mineradoras atuam, não pensem que confundimos seu trabalho com o dos garimpos. Morremos muito na época do garimpo ilegal em nossa terra. Sabemos que as mineradoras vão precisar de energia para funcionar. De onde virá essa energia para fazer as máquinas funcionarem? Como transportarão os minérios? Quando os minérios mais valiosos terminarem e as mineradoras forem embora, o que acontecerá com os trabalhadores que foram até a terra indígena? Quando transformarem e produzirem minério, quais são os resíduos que podem contaminar nossa terra por muito tempo?”, questionamentos contidos na carta.

A associação disse ainda que tinha conhecimento de que havia “muitos interesses” trabalhando para liberar a mineração em terras indígenas. “São interesses de quem tem muito dinheiro. Nós sabemos que não querem nos ajudar. Eles dizem apenas que querem nos ajudar, que farão escola, darão assistência à saúde, darão luz, mas sabemos que por trás dessas palavras está o desejo de fazerem crescer seu dinheiro. Eles podem enganar outras pessoas, mas não nos enganam. Nós, Yanomami, não queremos mineração, não queremos que ela seja feita em nossa terra”, conforme trecho da carta.

A entidade concluiu dizendo que se os brancos mostrassem um lugar onde os povos indígenas vivem realmente bem com a mineração, “um lugar onde vivem com saúde, respeito à cultura, onde os brancos os ajudem de forma correta e não os enganem ao darem dinheiro, onde não passem fome e onde não passem sede, se virmos esse lugar, do mesmo tamanho que nossa terra-floresta, podemos voltar a discutir esse assunto”.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)

 

 

 


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